quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL II

Em Dezembro passado, o “Pew Research Center”, um “fact thank” americano, publicou um relatório sobre o “Futuro da Internet III”, fruto da visão de diversos especialistas sobre o impacto económico, social e político das novas tecnologias, em particular da internet, nas nossas vidas por volta de 2020.

Interessantes conclusões foram alcançadas, designadamente: o telemóvel será a nível global o equipamento preferencial para ligação à net; haverá um aumento da transparência das organizações e das pessoas; o reconhecimento de voz e mecanismos de “touch” prevalecerão no uso da internet; as relações sociais sofrerão grandes mudanças em virtude da indiferenciação crescente entre “tempo pessoal” e “tempo profissional” e entre “realidade física” e “realidade virtual”, entre outras.

Os resultados alcançados por esta pesquisa são suficientes para compreendermos o quanto, no domínio político e da organização democrática, os dirigentes dos Estados, das Administrações e dos partidos políticos terão de evoluir.

Tudo “trocado por miúdos” significa, por exemplo, que os esforços assinaláveis para introduzir medidas de “e-gov” na administração pública portuguesa, através da desmaterialização de processos e da visibilidade na internet por via de sites será insuficiente se não for dado o passo para a mobilidade. Isto é, hoje não estar na net é não existir, amanhã não poder aceder-se via telemóvel é pior um pouco.

Mas ao mesmo tempo que tecnologicamente as arquitecturas dos sistemas se preparam para a mobilidade, os cidadãos ficam com o poder de via-telemóvel escrutinarem os seus eleitos e as administrações públicas. É uma espécie de controlo democrático 24/7, que exige maior transparência, maior informação e maior exigência.

Por outro lado, hoje mesmo, fruto da confusão já existente entre o que é real e o que é virtual, é inevitável os protagonistas políticos estarem presentes nos dois domínios. Deputado ou Ministro que não tenha blogue, não esteja registado no “Facebook” ou no “Twitter” e não faça “up load” no “You Tube” perderá na capacidade de comunicar e na relação de proximidade. Vejam-se, a este propósito, as opções recentes do Presidente da República, com certeza fortemente inspirado em Obama!

(Publicado no Jornal OJE)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MICROSOFT A MELHOR EMPRESA PARA TRABALHAR EM PORTUGAL

A Microsoft vence novamente, e pela terceira vez consecutiva, o desafio lançado pela EXAME/Heidrick & Struggles para apurar a melhor empresa para se trabalhar em Portugal.

Em tempo de crise este prémio tem um sabor e um significado ainda mais especial!

Restam algumas considerações:

1. Por que não se transpõem para a administração pública algumas das boas práticas que justificam estes prémios?
2. Por que não analisa o Estado os modelos vencedores e cria condições, designadamente legais, para serem replicados em todo o tecido empresarial porttuguês?
3. Por que não estão todos os empresários portugueses disponíveis para seguir estas boas práticas?
Respondendo afirmativamente às questões antes suscitadas, garantidamente, teríamos um país mais moderno, mais justo e muito mais preparado para os tempos difíceis que se vivem!


Como se escolhem as melhores?
Do método de apuramento das Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal constam as seguintes fases cruciais: é enviado um inquérito, em papel ou on-line, a todos os colaboradores de cada empresa participante.
As questões contidas no inquérito pedem a opinião dos trabalhadores relativamente a diversos temas, desde a transmissão de informação e relação com a chefia até à aposta na formação e investimento em acções de responsabilidade social.
Os inquéritos são preenchidos de forma anónima, para garantir a confidencialidade e assegurar a sinceridade e transparência das respostas, também a administração preenche um inquérito sobre as práticas da organização.
Segue-se a recepção e tratamento de dados pela Heidrick & Struggles e, depois, a auditoria dos dados junto da própria empresa e da sua equipa, que é realizada pelos jornalistas da EXAME. Só após percorridas estas etapas se chega ao ranking final, e à edição da revista que está nas bancas esta quinta-feira, dia 29 de Janeiro.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

INSTITUTO EMPRESA - 3º EUROPEU E 6º MUNDIAL


IE Business School, 3ª de Europa y 6ª del mundo en Programas MBA, según Financial Times

Madrid, 26 de Enero 2009- IE Business School, ha logrado conseguir mejorar dos puestos y situarse en sexto lugar, empatado con Stanford y a las puertas del top five mundial, según la clasificación del último ranking de Financial Times sobre MBA a tiempo completo.

IE Business School ranked 3rd in Europe and 6th worldwide in the Financial Times MBA ranking
Madrid, 26 January 2009 - IE Business School, marks a rise of two places and reaches sixth position, tied with Stanford and just around the corner of the top five world-wide, according to the anual Financial Times ranking of full-time MBA Programs.

NOVOS DESAFIOS PARA A ACADÉMICA


Hoje, é empossado o novo presidente da maior associação académica do país. Parece-me oportuno e justo reconhecer o trabalho desenvolvido por quem cessa funções: André Oliveira.

André Oliveira teve a arte de reconciliar a “casa-mãe” com o Organismo Autónomo de Futebol, cuja presença permanente no apoio à equipa foi disso a prova evidente.

Aliás essa aproximação consistiu muitas vezes na recuperação da memória histórica. A homenagem recente a Jorge Humberto é apenas um exemplo.

Mais, André Oliveira não se reduziu ao papel de “contestatário-mor” do governo – que tanta e fácil mediatização lhe poderia proporcionar – é certo que ficará na história a foto em que conduz uma vaca pela Avenida Sá da Bandeira, mas deve igualmente registar-se as inúmeras preocupações sociais demonstradas, quer com estudantes quer com a comunidade, assim como no aprofundamento da relação entre a academia e o mercado de trabalho.

A Académica já retribuiu a André Oliveira o tempo lhe dedicou, fazendo dele um jovem mais maduro, mais experiente e, com certeza, mais preparado para a vida...inclusive política.

Ao presidente que, hoje, assume tão digna tarefa – Jorge Serrote – deixo-lhe algumas sugestões para uma academia moderna e de futuro:

a) aprofundar a relação da academia com o tecido produtivo e com o mercado da região, com base em programas de estágios não remunerados e de trabalho sazonal ao longo do ano lectivo;

b) investir na internacionalização da Academia de Coimbra, por via de projectos – além do Erasmus - que tragam para esta cidade estudantes das mais diversas geografias mundiais, fomentando uma rede de conhecimento global;

c) incentivar o voluntariado por entre a comunidade estudantil a favor de causas ambientais e sociais, aproximando mais os estudantes da cidade e da região;

d) estimular crescentemente a actividade das secções desportivas e culturais contribuindo decisivamente para a formação cívica e humana dos estudantes, marcando mais o calendário desportivo e cultural de Coimbra;

e) usar estrategicamente as novas tecnologias para comunicar com a comunidade estudantil e aproveitar a internet e as múltiplas redes sociais para reforçar o papel da academia de Coimbra no Mundo.

Enfim, Coimbra precisa de uma Académica forte, interventiva e inovadora para compensar o marasmo e a inoperância de quem dirige a Cidade.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PARA MEMÓRIA FUTURA (parte 2)





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PARA MEMÓRIA FUTURA (parte 1)





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PRESENTE NA TOMADA DE POSSE DE OBAMA...


Explore também esta ideia genial. Aqui.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL


A tomada de posse, ontem, do 44º Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, ficará na história pelos mais diversos motivos. Gostaria de sublinhar apenas um: a incontornável afirmação da democracia digital.


Os dias que antecederam a transmissão formal de poderes inundaram Washington de eventos e de manifestações populares. Os americanos descobriram neste momento (e sobretudo na quase-mitificação de Obama) a solução para espantar os maus espíritos de uma economia em recessão.

O uso massificado das novas tecnologias transformou cada cidadão num jornalista e mais do que destinatário num fazedor de opinião pública. De tal modo, que as operadores de redes móveis tiveram vários problemas com a sobrecarga de dados. Ontem, navegar na net permitia confirmar o poder do utilizador: não havia site ou portal de meio de comunicação social, instituto político ou universidade que não se alimentasse das fotos, dos vídeos e dos comentários espontâneos dos cidadãos.


O poder estava na rua, no sentido literal, pois quem comandava o essencial da informação eram os milhões que presenciavam ao vivo o “acto inaugural”.


Se durante toda a campanha eleitoral, que durou praticamente dois anos, Obama foi genial na descoberta da internet como ferramenta política, desta feita os americanos empenharam-se num novo modelo de cidadania, a digital. A democracia saiu reforçada, porquanto os eleitores passaram a usar meios directos e eficazes de opinião e, de igual modo, os políticos a ter de atender e responder, quase ao minuto, às exigências de quem os elege.


Obama conseguiu com este novo modelo de participação política, assente na Web 2.0, cativar o eleitorado mais jovem – lá como cá crescentemente indiferente - que foi, aliás, decisivo para tamanha vitória; mais, a internet foi relevante não apenas na angariação de votos mas também na de fundos de financiamento.


Mas, desengane-se quem acha que basta criar um “avatar” no “Second Life”, lançar um site ou um blog e de quando em vez fazer uma conferência “on line”para obter idênticos proveitos a Obama. A tendência para imitar estará em cada esquina – sobretudo em Portugal com três actos eleitorais este ano – todavia a democracia clássica tem exigências diversas. A nova democracia digital também.


Veremos, doravante, que uso das novas tecnologias fará Obama para “mudar o Mundo”. Haja esperança!

domingo, 18 de janeiro de 2009

SEM COMENTÁRIOS...


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

SE CÁ NEVASSE...

1.O resto do refrão toda a gente sabe…Numa época em que neva inusitadamente em Portugal – de Portalegre a Bragança – e enquanto nos perdemos no sempre-eterno processo de “caça-às-bruxas”, importaria antes analisar com atenção o que dizem os especialistas sobre as causas destas alterações climáticas.

Os responsáveis nacionais, regionais e locais deveriam atentar nos alertas que o indiano e Prémio Nobel da Paz (2007), Rajendra Pachauri, Presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas, acaba de fazer.

É aceite que o crescimento industrial descontrolado e o modelo económico assente no consumo elevado têm conduzido a diferenças substantivas de desenvolvimento entre os países. Pois bem, este fosso não é apenas económico mas também climático, pelo que as diferenças conduzirão a prazo “ao terrorismo, à ira, ao ressentimento dos países mais pobres pelas dramáticas consequências que sofrerão pelas alterações climáticas que não provocaram”. E, acrescenta, o Nobel da Paz: “as secas e as inundações causarão milhões de refugiados”.

Preocupante e assustador! Mas lança-nos um desafio: “usar os preços e as tecnologias para mudarmos o nosso estilo de vida”, como alternativa única.

Ora, é precisamente quando mais precisávamos de requalificar, de modo universal, o modelo de sociedade de consumo para protecção ambiental que, os governos lançam, cada um por si, medidas de estímulo para dinamizar as economias locais que passam por motivar o… consumo e evitar a deflação, precisamente!

2.Mas, também, há boas notícias! A eleição no final da passada semana do novo Conselho Geral da Universidade de Coimbra é uma. Afinal de contas, trata-se do órgão que agrega personalidades externas ao mundo universitário conimbricense, por isso mesmo propício para acolher a partilha de experiências e de saberes; assim como, o fórum adequado para aprofundar a ligação do meio académico ao universo empresarial e fazer da inovação a opção inequívoca de desenvolvimento.

Haveria, com certeza, outras escolhas possíveis, mas a verdade é que os nomes eleitos são todos, sem excepção, relevantes na sociedade portuguesa: das empresas à política, passando pela cultura. Artur Santos Silva (BPI), Gonçalo Quadros (Critical Software), Luis Filipe Reis (Sonae), Rodrigo Costa (ZON), Almeida Santos e Simoneta Luz Afonso, entre outros, são nomes que enriquecem a nossa Universidade.

Resta-nos, agora, esperar que o empenhamento e contributo de todos e de cada um resultem em projectos e ideias concretas que valorizem aquela vetusta casa do saber, colocando-a nos mais elevados padrões científico mundiais. Coimbra, cidade e região, ganhará com certeza, assim haja, de igual modo, interlocutores ao nível!..

sábado, 10 de janeiro de 2009

LAS VEGAS CES 2009 - STEVE BALLMER ANUNCIA WINDOWS 7


Veja o VÍDEO de Steve Ballmer na abertura da CES 2009, onde anunciou o novo Windows 7. Hoje em dia existe "apenas" um bilião de utilizadores, mas 5 biliões de pessoas ainda não têm PCs. Este é o desafio!...


O Windows 7 é mais rápido, gasta menos bateria e tem menos alertas para o utilizador. A versão BETA já está disponível.


Veja no vídeo o uso do multitouch em telas sensíveis ao toque, que "está no DNA do Windows 7", ou seja, a sua implementação faz parte do próprio sistema operacional. Veja uma demonstração utilizando um mapa 3D. A nova versão do Windows melhora a integração com do Windows Live com as redes sociais como o Twitter, Flickr e Facebook.


O Windows Live Essentials é um pacote de aplicações que inclui Messenger, leitor de e-mail, Photo Gallery, Movie Maker, entre outros, e está disponível para download.

"AS NOVAS TECNOLOGIAS E O FUTURO" - CONFERÊNCIA


A Câmara Municipal da Lousã irá promover, no próximo dia 13 de Janeiro (3ª Feira), pelas 15:30h no Cine -Teatro da Lousã a Conferência " As Novas Tecnologias e o Futuro".
Esta conferência contará com a participação de Ricardo Castanheira - Director de Assuntos Legais e Corporativos da Microsoft Portugal e de Paulo Barreto - Director da Google Portugal.

Segundo o Vereador da Juventude, Luís Antunes, “As Novas Tecnologias assumem um papel primordial nos nossos dias e na construção do futuro. Atenta a esta questão, a autarquia convidou dois prelectores de renome e ligados a empresa de enorme responsabilidade na área das novas tecnologias que irão abordar temáticas bastante apelativas e de interesse geral.”

Organizada pela Câmara Municipal, em parceria com o Conselho Consultivo Municipal da Juventude e Desporto (CCMJD) e com a Escola Secundária da Lousã (12º A - Área de Projecto e Associação de Estudantes), esta iniciativa está englobada no Plano de Acção para a Juventude.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Audiência com a Primeira-Dama, Drª Maria Cavaco Silva


Hoje, audiência com a Primeira-Dama para apresentar o Imagine Cup 2009 e solicitar o respectivo Alto Patrocínio, considerando o relevante âmbito social desta edição.

A Microsoft Corporation criou, há 5 anos, um concurso à escala global denominado IMAGINE CUP, que se dirige a jovens universitários das áreas das novas tecnologias. Trata-se da maior competição tecnológica, que mobiliza mais de 200,000 jovens em mais de 100 países. Cada ano a iniciativa é subordinada a um tema altruísta, encoranjo-se assim os estudantes a reflectir sobre formas onde a tecnologia pode ajudar a resolver os mais prementes desafios da humanidade.

O Imagine Cup é um concurso pretende aliar a criatividade, competência tecnológica, espírito empreendedor e capacidade de competição com os melhores do mundo, a propósitos de natureza social. Está situado pois, não na esfera da actividade tecnológica ou comercial da Microsoft, como à partida se pode pensar, mas no que denominamos Cidadania, área que abrange a nossa Responsabilidade Social Corporativa.

O Imagine Cup possui 9 categorias a concurso, que abrangem da concepção de aplicações a artes digitais. A categoria principal, Software Design, é disputada localmente pelas subsidiárias da Microsoft, em mais de 60 países e todas as restantes categorias são disputadas online. Os finalistas apurados competem numa única final mundial, que tem lugar num país distinto cada ano.

O concurso já adquiriu uma relevante notoriedade internacional , sendo apoiado por governos em todo o mundo e pela UNESCO, pode resumir-se numa espécie de “olimpíadas de software”, onde os vencedores nacionais de cada país competem depois numa única final mundial, por prémios e uma carreira garantida no mundo profissional ou empresarial. Actualmente é o mais reputado concurso internacional na área de tecnologia. Em Portugal, a edição de 2008 contou com 670 candidaturas.

A edição de 2009 do Imagine Cup, cuja final irá decorrer em Julho de 2009, no Egipto e as duas edições subsequentes, têm justamente como suporte temático os Desafios do Milénio das Nações Unidas, pretendendo a Microsoft colocar os jovens a desenvolver aplicações e tecnologias de elevada sofisticação com o propósito de endereçar os grandes problemas sociais do planeta. Nesse sentido, o tema 2009-2011 é: “Imagine how to apply technology to solve the planet’s toughest social problems.”


Ver site da Presidência da República

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Foto do Autor

AMOR SEM LIMITES (Fernando Pessoa)

Enquanto não superarmos

a ânsia do amor sem limites,

não podemos crescer

emocionalmente.
Enquanto não atravessarmos

a dor de nossa própria solidão,

continuaremos

a nos buscar em outras metades.

Para viver a dois, antes, é

necessário ser um.

Foto do Autor


LIBERDADE (Miguel Torga)

– Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre nosso que sabia
A pedir-te, humildemente,
O pão de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

– Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
– Liberdade, que estais em mim,Santificado seja o vosso nome.

Albufeira, 28 de Agosto de 1975in Diário XII

Foto do Autor

O mais-que-perfeito (Vinicius de Moraes)

Ah, quem me dera ir-me
Contigo agor
aPara um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!

Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!

Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...

AINDA ANTÓNIO ARNAUT...

António Arnaut dispensaria, estou certo, os elogios. Seja o advogado, o político ou o escritor. Mas, a verdade é que qualquer uma das facetas dessa singular figura toca o brilhantismo. Sobretudo para quem, como eu, também é advogado e se interessa por política e gostaria de um dia saber escrever bem.

É sabido que a convivência próxima com os ilustres cidadãos Adolfo Rocha e Fernando Valle lhe deixou marcas. E que marcas!

Mas a verdade é que quero sublinhar a relevância e a oportunidade das considerações que o DC deu à estampa. Quero homenagear António Arnaut, sobretudo, pela fidelidade aos valores essenciais da liberdade, da igualdade e da fraternidade. E desejo fazê-lo agora, ao contrário do que é comum em Portugal: no habitual “está morto, podemos elogiá-lo à vontade”, tão bem retratado pelo “Bruxo do Cosme Velho” (Machado de Assis).

A entrevista a António Arnaut, ontem aqui publicada, é uma peça essencial para compreender o actual “estado da arte” de Coimbra e os desafios que se lhe colocam. A clarividência e a pureza da análise são esmagadoras.

Arnaut começa pelo desabafo: “temos de pensar Coimbra!”, para logo depois insistir que “em primeiro lugar, temos de saber o que queremos para Coimbra”. Mas, digo eu agora, será que quem tem a responsabilidade da condução desta cidade ainda não percebeu isto?.. Face à realidade só podemos, pois, concluir que há quem já saiba o que quer para Coimbra e para onde deseja que ela caminhe. Que o explique então pois este definhar constante é aterrador.

Arnaut toca na ferida ao referir que “houve um desinvestimento sobretudo emotivo; as pessoas deixaram de se interessar pela cidade”. Isto é tão mais evidente quando alguém se preocupa ou faz algo para quebrar a modorra logo irrompe a síndroma da pequena inveja coimbrinha. Ele há pequeninos poderes e capelinhas instaladas a quem interessa este “status quo”. A mediania agradece e o país ri.

Mas, Arnaut, ainda tem a esperança viva e por isso acredita que “também há condições para recuperar; porque atrás de ciclos maus vêm sempre ciclos bons”. Assim seja, meu caro António Arnaut. Coimbra precisa do seu fraternal contributo.

Deixo-lhe, ainda, um desafio sentido: na Maçonaria, no Partido Socialista, na Ordem dos Advogados ou em qualquer outro areópago provoque e conduza o debate necessário sobre o futuro de Coimbra. Esta é uma responsabilidade que está ao alcance de poucos. E aqui se possível, tal como no SNS, torne a fazer poesia!

POR COIMBRA CIDADE DO CONHECIMENTO 2009


Coimbra é uma cidade adiada, cujo brilho assente num passado glorioso é cada vez mais ténue.

Coimbra perdeu nas últimas duas décadas influência académica, política, social e económica no todo nacional. Restando-lhe, uma cada vez menor, primazia regional que nada sendo feito rapidamente se diluirá de forma irremediável.

A autarquia de Coimbra – primeiro motor de dinamização – há muito que deixou de ter energia e capacidade para olhar o futuro. Convive bem (demasiado bem!) com o atavismo cívico e a anestesia criativa que parecem ter-se apoderado daquela que é apenas (e ainda) em tese a “cidade do conhecimento”.

O diagnóstico há muito que está feito. Há que reagir.

O Ano 2009 representa uma oportunidade única para Coimbra se assumir como potencial centro de saber e fórum de criatividade cultural no espaço europeu e ibero-americano.

Em 2009, Portugal acolherá a XIX Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo dedicada à “Inovação e Conhecimento”. Ao longo do ano, diversas reuniões preparatórias trarão a Portugal especialistas e decisores políticos do espaço ibero-americano, que culminará com a reunião magna no início de Dezembro.

Em 2009, celebrar-se-á, também, o “Ano Europeu da Inovação e da Criatividade”, uma iniciativa da Comissão Europeia, que se pretende “venha a lançar pontes entre o mundo da criatividade e o da inovação, entre as artes e as tecnologias e o mundo empresarial, mostrando com exemplos concretos o interesse em associar estes dois conceitos num certo número de domínios, como as escolas, as universidades e os organismos públicos e privados”.

Ora aqui estão, pois, bons motivos para por Coimbra a mexer. Para lançar debates, fomentar a criatividade, apoiar ideias e fazer desta cidade um marco na geografia europeia e ibero-americana.

Estas são, assim, duas motivações singulares para Coimbra poder definitivamente afirmar o respectivo modelo de desenvolvimento económico assente numa rede de empresas ligadas ao conhecimento e à inovação.

Considerando os desafios ibero-americano e europeu acima identificados, ao longo de 2009, Portugal terá a responsabilidade de organizar e promover debates, conferências, workshops, feiras e iniciativas que resultem num conjunto de ganhos estratégicos. Coimbra, deveria, desde já, candidatar-se a receber esses eventos e, deste modo, beneficiar com as conclusões alcançadas e com a notoriedade adquirida.

Em suma, Coimbra – num consórcio composto pelo Município, Universidade, Agência Regional da Promoção do Turismo e demais forças associativas – deveria, desde já, colocar-se na linha da frente para dinamizar tudo quanto pudesse trazer à “Lusa-Atenas” massa crítica para potenciar indubitavelmente assim a sua vocação para o conhecimento e para a inovação.

Assine em: http://www.petitiononline.com/00005/petition.html

ALGUMAS PRENDAS DE NATAL...

Os livros continuam a ser dos melhores presentes nesta época natalícia, apesar da crise instalada. Todavia, os preços absurdos, numa sociedade que tem dos mais baixos índices de leitura, não ajudam à divulgação. Talvez fosse interessante rever a taxa de IVA aplicável. Enfim…

A Manuel Alegre ofereceria, com certeza, “Ao contrário das Ondas” uma obra do seu amigo Urbano Tavares Rodrigues. O poeta-político continua igual a si mesmo, contra-a-corrente. Refém, mais dos que das respectivas convicções, da sua personalidade. Como escreveu Miguel Sousa Tavares – com a propriedade de quem o conhece bem! – Alegre com as recentes ameaças de criação de novo partido criou um problema a si próprio mais do que ao PS. Alegre terá agora de escolher entre a coerência com a sua história política (e o PS é parte dela) ou com a sua idiossincrasia. Veremos…

A Carlos Encarnação daria o “best-seller” de Saramago: “Ensaio sobre a Cegueira”. Afinal de contas, o Presidente da Câmara não consegue vislumbrar o caminho para fazer a afirmação de Coimbra. O edil tem sido absolutamente incapaz de compreender a perda de espaço e de tempo da “Lusa-Atenas” numa geografia cada vez mais competitiva. O preço a pagar será elevadíssimo e nessa altura – como sempre! – Encarnação sorrirá!..

Manuela Ferreira Leite seria contemplada com o último sucesso de António Lobo Antunes: “Arquipélago da Insónia”. A vida da senhora não está fácil. O jeito, é certo, também não abunda. Mas a gestão dos estranhos silêncios, as apostas incoerentes (veja-se o caso Santana Lopes) para as autarquias e o oportunismo político (Estatuto dos Açores) a par da guerra quotidiana que Menezes, Passos Coelho e afins lhe movem justificam o mais que previsto desastre eleitoral da “dama de ferro” lusitana.

“O vencedor está só” de Paulo Coelho caberia como uma luva a Paulo Portas. É certo que ganhou com valores próprios da Albânia que tanto criticou, mas não consegue capitalizar externamente esse sucesso. As dúvidas sobre os métodos e a sangria de tantos quadros (alguns dos quais seus eternos “compagnons de route”) ofuscam. A direita - dizem alguns reaccionários - não existe em Portugal. Portas, porventura, já percebeu que não há espaço para ela e prefere por isso protagonizar um projecto que não é carne nem é peixe, mas sempre pronto a viabilizar a estabilidade governativa…desde que a troco de algumas benesses.

“O Segredo” de Ronda Byrne assenta especialmente a Pedro Santana Lopes. Dizem que não há mortes em política. A ser verdade Santana é disso a prova evidente. Não consigo perceber o racional para tanta “energia”…menos ainda para tanta simpatia popular, apesar dos manifestos maus-tratos causados à Figueira da Foz, a Lisboa e ao país!

A José Sócrates ofereceria “Um Mundo sem Fim” de Ken Follet. O futuro exige, hoje, soluções políticas inovadoras: ideologicamente desempoeiradas, socialmente comprometidas, economicamente coerentes e competentes equipas multidisciplinares. Sócrates tem tudo para o conseguir…veremos dentro de momentos.

A todos um Feliz Natal!

OBAMA E SÓCRATES

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, tem em Abraham Lincoln (ex-presidente americano) uma das suas mais importantes referências pessoais e políticas.
"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder" – disse um dia Lincoln. Obama decidiu levar à letra este pensamento e, por isso mesmo, para a constituição da sua futura equipa governativa convidou adversários políticos directos: quer Democratas (caso da Senadora Clinton), quer Republicanos (actual responsável da Defesa na administração Bush).

Obama interpreta o actual contexto de forma singular: em momento de crise profunda importa unir os americanos e para o efeito conta com todos. Mesmo com aqueles que não o apoiaram inicialmente. Mesmo com aqueles que pertencem a famílias politicas diferentes. Mesmo com os que até à pouco o criticavam.

Obama quer, como sugeria Lincoln, aferir do carácter de alguns influentes políticos norte-americanos, para tanto deu-lhes poder, contrariando assim o paradigma habitual que conduz à exclusão dos que pensam de modo diferente.

É cedo para aferirmos da eficácia desta generosa (e muito estratégica) opção de Obama. Mas duas conclusões podem ser de imediato retiradas: há um evidente esvaziamento dos opositores e gera-se a convicção popular de tudo está a ser feito para defender a unidade nacional. Este é, pelo menos, o sentimento traduzido pela esmagadora opinião publicada e estudos recentes.

Em Portugal, assistiremos, no próximo ano, a três actos eleitorais (europeias, autárquicas e legislativas) a que deve acrescentar-se, no caso socialista, o Congresso Nacional. José Sócrates tem assim a oportunidade de experimentar como estratégia o “Modelo-Obama”.

José Sócrates tem - quer pelo contexto actual e pelo capital pessoal que apurou, quer pelo seu perfil disruptivo – todas as condições para chamar ao poder algumas das vozes mais críticas e figuras com pensamento diferente que possam complementá-lo. Pode ir além de…!

José Sócrates tem a seguinte alternativa: no seio do PS – onde não terá opositores formais - poderá isolar os críticos e contribuir assim para o respectivo protagonismo alimentando especulações sobre possíveis dissidências ou, pelo contrário, promover um movimento de agregação em que todos possam participar. Não apenas os críticos mas os muitos que nestes últimos anos ficaram de fora pelas razões mais esdrúxulas… O PS ganharia com este somatório e desta diversidade nasceria uma força para demonstrar ao país que o contexto obriga a esforços de unidade.

Observando, assim, os desafios nacionais, José Sócrates, faria como Obama – o que, aliás, não seria novidade, porquanto recordemos Freitas do Amaral como Ministro dos Negócios
Estrangeiros em 2005 – uma equipa que de modo pragmático teria na competência e no mérito os principais denominadores comuns.

Afinal de contas, o poder une muito mais do que separa!

COIMBRA, CAPITAL DE COISA NENHUMA

Nunca compreendi bem a histeria colectiva em torno da ideia de ser “capital” de qualquer coisa (da Chanfana, do Conhecimento…) e de determos mundialmente o maior número de recordes do “Guinness”. Desconfio bem que seja uma opção formal para encobrir a nossa pequenez estrutural.

Desperta-me alguma aversão o provincianismo luso para estes títulos do faz-de-conta.

Estou, por isso, saturado da ironia de alguns conhecidos, de Norte e do Sul, a propósito da placa que na A1 qualifica Coimbra como a “Cidade do Conhecimento”. “Onde e em quê?” – perguntam amiúde.

Haverá, suponho, matéria para contra-argumentar. Mas…primeiro problema: usamos há anos os mesmos exemplos de dinamismo; segundo problema desconhecemos novos exemplos.

A convicção nacional é que Coimbra é, hoje, uma cidade adiada, cujo brilho assente num passado glorioso e distante é cada vez mais ténue.

Coimbra perdeu nas últimas duas décadas influência académica, política, social e económica no todo nacional. Restando-lhe, uma cada vez menor, primazia regional que nada sendo feito rapidamente se diluirá de forma irremediável. A sugestão recente de José Miguel Júdice é pois interessante de analisar…

A autarquia de Coimbra – primeiro motor de dinamização – há muito que deixou de ter energia e capacidade para olhar o futuro. Convive bem (demasiado bem!) com o atavismo cívico e a anestesia criativa que parecem ter-se apoderado desta cidade. Perde-se na mercearia dos números deixando à deriva o que realmente interessa.

Para onde queremos caminhar? Esta é a questão-chave.

Fico, apesar de tudo, impressionado com os exemplos que profusamente vão surgindo em sentido contrário. Deixo apenas dois: Óbidos apostou no turismo como opção estratégica de desenvolvimento. É, actualmente, um incontornável cartão-de-visita ao longo do ano: no natal, na feira do chocolate, no verão medieval,… De igual modo, Portimão deixou de ser apenas sol e sardinha assada para ser centro desportivo nacional onde, ao longo do ano, ocorrem dos mais importantes eventos nacionais e internacionais.

A Coimbra falta-lhe redescobrir a sua vocação. O ano 2009 vai trazer oportunidades únicas para uma reflexão colectiva sobre que ideias queremos e…que protagonistas desejamos para as mesmas.

Para já, e com mágoa, tenho de dar a mão à palmatória e reconhecer que somos apenas a “Capital de Coisa Nenhuma”!

A HORA É DE MUDANÇA

A edição deste último domingo do semanário espanhol “El País” dedicava um suplemento aos “100 protagonistas de 2008 no espaço Ibero-Americano”.

José Saramago, nos “criadores”, e Cristiano Ronaldo, nos “desportistas”, foram os únicos portugueses distinguidos. Sem desprimor, o primeiro é um repetente e o segundo está na moda. Pena que nas demais categorias de “investigadores e inovadores”, “líderes”, “estrelas” e “cidadania” nem um só português mencionado…

O presidente brasileiro, Lula da Silva, foi convidado para redigir a introdução. Sintomático da importância crescente que a Espanha vem dando ao Brasil…

Lula defende, então, que “as respostas aos desafios actuais não podem provir dos especialistas, que durante as últimas três décadas aplicaram as receitas que nos levaram ao actual colapso da economia mundial. O que necessitamos são outros conselhos, provenientes de homens e mulheres com apurada sensibilidade social, preocupados pela produção, pelo emprego e por uma ordem global mais equilibrada e democrática.”

Lula tem razão. Os modelos económicos, financeiros ou políticos não existem “per si”, independentemente de quem os cria ou protagoniza. Em suma, se falharam as receitas das últimas décadas – e não há dúvidas sobre isso! – então há que mudar imediatamente os actores. Por coincidência temporal, a eleição de Barack Obama é o grande sinal de mutação proveniente dos Estados Unidos. Falta agora o resto do Mundo.

A tentação de achar que os actuais protagonistas podem ser novamente os condutores da mudança é uma falácia e pura perda de tempo! Pensar que os mesmos podem gerar novos paradigmas é um profundo cinismo.

Vem, também, a propósito o lançamento de um livro “Mudar Portugal – Revolução Inteligente” de Eduardo Correia, líder do mais recente partido político português, o “Movimento Mérito e Sociedade”.

Eduardo Correia é professor universitário especialista em marketing e nunca teve qualquer intervenção partidária. Não acredita nas distinções simplistas de esquerda-direita. É um pragmático. Acredita num país mais inovador, mais rigoroso, mais solidário e, sobretudo, numa geração de portugueses que fora da política - e fora do país tantos deles – têm tido sucesso em estruturas onde se valoriza apenas o mérito e se reconhece a competência.

Mensagem simples, relevante e oportuna. Cabe aos partidos tradicionais – sobretudo os do arco da governação – apreenderem estes sinais, sob pena de perderem a capacidade para mudar!

"COIMBRA VISTA DE FORA"

O Conselho da Cidade irá lançar esta semana uma iniciativa que apelidou de “Coimbra vista de fora”, convidando para o efeito José Miguel Júdice a opinar sobre Coimbra. Será o primeiro de diversos oradores, supõe-se.

Ideia oportuna. Aplaude-se, portanto.

Anunciou esta entidade que, através de um ciclo de debates, “pretende dar a conhecer a opinião de diversas personalidades, de sectores de actividade variados e de reconhecido prestígio nacional, sobre as razões que estarão na origem de alguma perda de importância e de protagonismo de Coimbra.”

É, desde logo, digno de registo a forma usada: reflectir sobre “a perda de importância”. Ou seja, o Conselho de Cidade assume claramente que o ponto de partida é negativo. Coimbra regrediu nestes últimos anos.

O Conselho da Cidade vai convidar personalidades de prestígio nacional para recolher contributos. Parece-me interessante, todavia não serão essas mesmas figuras a executar as boas ideias que daí possam resultar. Significa pois que se impõe escolher novos protagonistas para a cidade e para a região. Os que temos tido não servem manifestamente.

De outro modo o mesmo é dizer que temos os melhores diagnósticos e os piores remédios. A doença mantém-se.

Deve, apesar de tudo, ser sublinhado que, ao fim de tantos anos de algum adormecimento, o Conselho da Cidade tenha voltado a querer marcar a agenda convocando para o efeito os cidadãos mais ilustres a reflectir sobre Coimbra.

Recordo-me que este mesmo Conselho teve papel pró-activo no final do mandato de Manuel Machado, tecendo duríssimas críticas à gestão do então presidente. O tempo passou e Coimbra foi ficando manifestamente pior: perdeu importância, perdeu riqueza, perdeu influência nacional. Estranho, pois, que tenha demorado tanto tempo a retomar um caminho de escrutínio público. Mas, mais vale tarde que nunca. Espera-se que recomece da melhor forma.

Por fim, deixo uma sugestão aos promotores desta (louvável) iniciativa: como forma de dar continuidade e substância ao debate para o qual nos interpelam e, sobretudo, para permitir a participação activa de muitos dos que estão fora de Coimbra mas por ela se interessam deveriam equacionar o uso das novas tecnologias, criando um Fórum Virtual na net que recolha assim os contributos de muitos que estão dispersos no Mundo.

QUEM TEM MEDO DE SER AVALIADO?

Os portugueses são avessos a avaliações. Sejam elas quais forem. Não faz parte da nossa cultura de exigência. Chega-nos a mediania. Sermos escrutinados não está nunca dentro do nosso espírito, por isso mesmo é muito raro as nossas organizações, sejam públicas ou privadas, terem mecanismos de avaliação.

Qualquer processo de avaliação, em Portugal, para ter sucesso precisa de percorrer um longo caminho: superar as resistências habituais e, quando não, ser imposto por lei, regulamento ou estatuto. Somos sempre “voluntários à força”!

Estamos longe de perceber que mais avaliação conduz necessariamente a melhores resultados, sobretudo quando inicialmente os resultados são maus estes servem de base de partida para melhorias ou rectificações estruturais. Se é comprovadamente assim nos agregados familiares e nas empresas, por que não há-de resultar no Estado?...

A minha experiência profissional na Microsoft tem-me demonstrado à saciedade os méritos da avaliação. Toda a gente é regularmente avaliador e avaliado. Há 360º de escrutínio. O modelo é universal e não está isento de reparos, porém o interessante é observar que, apesar de tudo, em Portugal, se atingem os melhores resultados do Mundo e, simultaneamente, os colaboradores elegem-na como a “melhor empresa para trabalhar” há 3 anos consecutivos. Conclusão: importa mudar o paradigma e as mentalidades. A seguir é só dar azo à natural genialidade lusitana.

Cem mil professores na rua é um número digno de registo. Com certeza existe algo que os mobiliza. Não duvido. Todavia, confesso, não compreendi as respectivas razões para afastarem a avaliação. Ou temo compreender!...

Mas como pode o mesmo Ministério definir – e bem – modelos de avaliação e de exigência para professores e preparar-se – a reboque de um surrealista parecer do Conselho Nacional de Educação – para abolir as reprovações dos alunos no ensino básico?...

Aqui existem dois pesos e duas medidas, pois é exactamente nos primeiros anos escolares que se devem explicar às crianças as vantagens de uma sociedade que se avalia permanentemente e que, só assim, pode reconhecer o mérito e premiar o esforço.

De outro modo promove-se o facilitismo, o laxismo e a ausência de brio, correndo o risco de, anos depois, serem estas crianças os manifestantes do futuro…contra as avaliações!

O ABSURDO SILÊNCIO DOS PARTIDOS

As estruturas distritais de Coimbra do PS e do PSD estão, neste momento, em pleno processo interno de escolha de lideranças. Para a maioria dos mortais estas ocasiões não têm qualquer importância. Para alguns (nem todos) dos filiados nos respectivos partidos estes momentos têm atracção reduzida, basta atentar aos níveis de participação.

A verdade é que estes processos são relevantes! E não o são apenas para os militantes. É que os respectivos efeitos produzem-se inexoravelmente sempre sobre mais destinatários do que os votantes internos.

Senão vejamos: a escolha dos protagonistas em organismos regionais; a escolha dos deputados à Assembleia da República; a escolha dos candidatos às autarquias; a capacidade reivindicativa local e, entre outros, o tipo de mensagem política são, regra geral, influenciados e/ou determinados pelo vencedor destas contendas internas.

Não é por isso indiferente que no PS ou no PSD ganhe o senhor A ou o senhor B!

A nossa democracia é representativa e os partidos são instrumentos incontornáveis deste jogo, pelo que a influência dos dirigentes partidários não se confina, as mais das vezes, à respectiva sede partidária.

Ora, com a crise de militância partidária, associada a uma certa anemia cívica global, os partidos começaram a querer abrir-se à (dita) sociedade civil, recolhendo contributos de não filiados em fóruns como as “Novas Fronteiras”, no caso do PS por exemplo. Decisão inteligente e oportuna, porém deve necessariamente ter continuidade no tempo, pelo que aproveitar os próprios momentos eleitorais internos para ouvir e dar a conhecer o pensamento político a cidadãos não militantes parecer-me-ia ter vantagens evidentes. Tal não sucede, todavia!

Aliás, se observarmos o caso norte-americano, as primárias de republicanos e democratas serviram para os americanos em geral – e não apenas os filiados nos colégios eleitorais internos – tomarem contacto com o que pensavam, John Mcain e demais, assim como Hillary Clinton e Barack Obama. Os candidatos falando para dentro pensavam essencialmente em quem estava fora. Os muitos não filiados (a esmagadora maioria) começava assim a formar a respectiva opção final de voto.

Cá no burgo, dos processos internos, resulta muito pouco para o militante e praticamente nada para o cidadão em geral. Tirando alguns ataques pessoais a que a imprensa vai dando eco, pouco ou nada se sabe sobre o pensam os candidatos às lideranças distritais.E tanto que haveria para saber!...

POR QUE OBAMA JÁ GANHOU?

É impressionante o grau de notoriedade de Barack Obama. Ultrapassou, totalmente, a esfera política para se afirmar como um fenómeno social e, de igual modo, global, pois, há muito, saiu das fronteiras americanas.

O fenómeno Obama é, em certa medida, apenas comparável com a curiosidade e simpatia que Lula da Silva despertara na sua primeira eleição para presidente brasileiro. Apesar das evidentes diferenças de personalidade e de contexto.

Em certa medida ambos rompem com estereótipos e preconceitos: um negro e um operário metalúrgico podem ser presidentes dos Estados Unidos e do Brasil respectivamente. A mudança não é pequena. É enorme.

A relevância destas mudanças é tanto maior quanto em cada canto do mundo se deseja que o mesmo aí ocorresse. Hoje em dia, os cidadãos estão fartos dos políticos de sempre e das mesmas políticas cujos resultados estão à vista.

De Madrid a Joanesburgo ou de Berlim a Buenos Aires há espaço para mensagens novas e protagonistas desempoeirados. É isto que resulta claro das sondagens que universalmente dão Obama como vencedor. Os berlinenses ou os madrilenos revêem-se em Obama a partir dos respectivos contextos e não do que se passa no quotidiano de Ohio, Illinois ou da Virgínia.

Obama está por todo o lado: nas capas das revistas – das femininas, às desportivas, passando pelas mais diversas especialidades – impresso em “t-shirts” e canecas, adquiriu forma em bonecos e qualquer biografia (autorizada ou não) é sucesso de vendas garantido. É um produto de consumo massificado.

Dentro de poucos dias os norte-americanos serão chamados a dizer o que querem do futuro. Ficaremos então a saber se a respectiva vontade coincide com a nossa. Com a do resto do mundo. O passado recente mostra-nos que os americanos não se deixam comover e escolhem à sua maneira. O problema é que os efeitos, depois, são sentidos por todos.

Enfim, ao contrário de outros – aqui mesmo! - que nunca chegamos a entender porque, como e para que ganham actos eleitorais, Obama já ganhou politicamente antes do veredicto final.

Haja esperança!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O BRASIL CONTINUA BELO

O título é uma adaptação de um verso de Gilberto Gil referindo-se ao Rio de Janeiro, porém, no essencial, pretendemos confirmar que por Terras de Vera Cruz as oportunidades multiplicam-se. Mas há que saber aproveitá-las…

O Presidente brasileiro Lula da Silva recebeu, a semana passada, em Madrid, o “Prémio Dom Quixote de La Mancha” como reconhecimento pela divulgação do espanhol no Brasil. O governo de Lula aprovou uma lei que tornou o castelhano língua obrigatória no ensino médio privado e público.

Lula observa a língua como veículo estratégico de aproximação entre povos, mas – mais do que isso – também como ferramenta económica e social. Não esquecer que o Brasil, apesar de grande, está encravado num continente de influência totalmente hispânica.

Com esta medida, dentro de poucos anos, muitos brasileiros, particulares ou empresas, não terão dificuldade em cruzar as fronteiras aumentando as oportunidades de trabalho e de negócios.
A prazo será uma aposta ganha para Brasília.

Até há pouco tempo as empresas espanholas tinham dificuldade em entrar no mercado brasileiro, aliás muito apetecível, usando para o efeito de parcerias com companhias portuguesas (ex: a operadora VIVO tem por accionistas a PT e a Telefónica). Em breve a língua e a idiossincrasia brasileira deixarão de ser obstáculos para “nuestros hermanos”. Encontrarão no lado de lá do Atlântico não apenas mercado mas também mão-de-obra qualificada e mais barata.

A prazo será um efeito positivo para Madrid. Não se estranha pois o prémio e o reconhecimento a Lula.

Mas tudo isto não acontece por acaso. É, antes, o resultado de uma forte componente diplomática, que observa a língua – não apenas na visão patriótica de Pessoa – como elemento estratégico de afirmação económica de um país.

Tenho pena que, em Portugal, os anos se tenham sucedido sem que nunca os governos tenham tido da língua este entendimento. Por isso mesmo nunca sentimos a presença do Instituto Camões. Ao contrário do Instituto Cervantes… Por isso mesmo não percebemos que no ICEP (ou actual AICEP) se tenha feito tão pouco com o português…

Resta-nos a esperança no actual Ministro da Cultura. José António Pinto Ribeiro tem vistas largas e já encomendou um estudo sobre o valor económico da língua. Em Espanha conclui-se que traduzia 15% do PIB! Espantoso!

Imaginemos a oportunidade económica e social para Portugal representada nos países que compõem a CPLP: Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Timor, entre outros.

O QUE É A CRISE DO SUBPRIME?

Andamos há meses a ouvir falar na crise do tal “subprime”. As reportagens sucedem-se. As televisões anunciam em directo as falências dos bancos nos Estados Unidos e na Europa. Os comentadores-especialistas debatem à exaustão o tema. Os governantes reagem.

Não apenas pela expressão ser em inglês, mas tenho a nítida sensação de que a maioria dos portugueses ainda não compreende o conceito, embora sinta - e de que maneira – os seus efeitos: as taxas de juro nos empréstimos à habitação mais elevadas e maiores dificuldades na obtenção de crédito junto dos bancos são basicamente consequências presentes no nosso dia-a-dia.

O “economês” serve muita vezes para dar a aparência de informação e esclarecimento, escondendo a incerteza dos decisores face a imprevistos do mercado. Os avanços e recuos sucessivos dos especialistas, a par da confiança/desconfiança dos decisores políticos causa-nos um desconforto evidente.

Não resisto, pois, a deixar aqui o essencial de um “email” que me foi enviado, exactamente com uma divertida e simples (ou simplista) explicação da crise actual do “subprime”. Dirigido a todos quantos não frequentaram MBA´s ou formação económica para executivos:

“Suponhamos que o Ti Joaquim tem uma tasca na Vila do Carrapato e que decide passar a vender uns copos "a fiado" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar ligeiramente o preço da dose do “tintol” e da “branquinha” (a diferença entre o preço antigo e o da nova tabela são os juros que os “pinguços” pagam pelo crédito).

O gerente do banco do Ti Joaquim, um ousado administrador formado em curso muito reconhecido, decide que o “livrinho do fiado” com as dívidas à tasca constitui, afinal, um activo recebível pelo banco e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o "fiado" dos “pinguços” como garantia…

Uns seis “zécutivos” de bancos, mais adiante, inventariam os tais recebíveis do banco e transformam-nos em coisas do tipo CDB, CDO, CCD, UTI, OFNI, PAS ou qualquer outro acrónimo financeiro que ninguém sabe exactamente o que quer dizer.

Estes instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos na “Bolsa e Mercado de Futuros”, mas cujo lastro inicial (o tal livrinho das dívidas do Ti Joaquim) ninguém conhece.

Estes derivativos (agora chamados de Produtos Tóxicos) acabam a ser negociados, como se fossem títulos sérios e com fortes garantias reais, nos mercados de capitais de 73 países!!!

Até que alguém (por acaso) descobre que os bêbados da Vila do Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas e a tasca do Ti Joaquim vai à falência.

E assim toda a cadeia de operações financeiras acaba ruindo.”

Mais esclarecido?...

MAS HÁ BONS PIRATAS?

A SIC e o Expresso durante o fim-de-semana promoveram a imagem de alguns (supostamente) especialistas em informática, que há uns anos, um pouco mais jovens, teriam sido “hackers” ou piratas informáticos. Agora, são apresentados como uma espécie de heróis nacionais!..

Estranha mensagem esta veiculada por respeitáveis órgãos de comunicação social, cujo papel pedagógico deveria ser o inverso: condenar actos que violem a lei.

Para termos ideia do que representa, no nosso país, a pirataria de software em computadores pessoais basta dizer que as perdas para a indústria representam 109 milhões de euros.

De acordo com um estudo da BSA- Business Software Alliance, uma associação internacional, feito com base em 108 países, Portugal tem 43% de taxa de pirataria de software para PC´s. No espaço europeu os valores mais elevados de pirataria são na Grécia com 58%, Chipre com 50%, e a Itália com 49%.

Curiosamente, ou talvez não, todos países do sul da Europa onde os níveis de educação são também mais baixos. Há pois aqui um nexo causal entre o grau de modernidade civilizacional e este tipo de práticas abusivas.

Eis, porque o papel da comunicação social é relevante na condenação e na pedagogia!

A mesma BSA já publicou estudos onde demonstra que reduzindo a pirataria se poderiam gerar muitos milhares de postos de trabalho, milhões de euros em crescimento económico e enormes encaixes fiscais para os Estados.

Imagine-se que só em Portugal os dados actuais de pirataria afastam receitas de acerca de 450 milhões de dólares na indústria, a não criação de 400 novos postos de trabalho altamente qualificado e a perda de receitas fiscais na ordem dos 50 milhões de dólares.

Há poucas alternativas para mudarmos esta realidade. Para além da educação pública e da consciência do valor de propriedade intelectual, apenas melhores processos de fiscalização da pirataria e colocar o Estado como primeiro cumpridor no uso de software legítimo.

Nestas medidas o papel do Expresso e da SIC é também relevante. A ver vamos se fazem algo por.

O CIRCO

O PSD é um circo. Há muito que se transformou nesse espectáculo. Para gáudio de muitos, mas para mal da democracia.

Marcelo Rebelo de Sousa é uma espécie de animador de serviço. Sempre presente. Expõe – com maior ou menor ênfase - os artistas, mas deixa o ar de frustração de quem gostaria de ser
anunciado e não anunciante. Pode ser que Deus desça de novo à terra!...

Passos Coelho é a jovem revelação no trapézio. Começou de pequenino e por isso tem experiência nos equilíbrios. Porém pouco habituado às grandes plateias está ainda refém dos mentores de sempre. O público gosta…mas não se sabe ainda o quanto.

Marques Mendes é o palhaço rico. Não há espectáculo sem ele. Há muito que mandou avisar. Eloquente quer passar o pensamento a livro. Aparência das ideias cuidadas, mas incapaz de seduzir as plateias. Faz rir q.b. e isso não chega.

Luis Filipe Meneses é o verdadeiro artista por isso tem direito a papel duplo: o palhaço pobre e o contorcionista. Faz rir as bancadas. Uns porque acreditam, outros pelo absurdo. Senhor de um perigoso populismo é o demagogo em palco. Consegue ainda fazer das ideias plasticina: dizer de manhã uma coisa e à tarde o seu contrário.

Manuela Ferreira Leite está transformada numa domadora de leões. Ainda que de chicote na mão – na tentativa formal de impor respeito – há sempre uns selvagens que andam mais ou menos à solta de forma indisciplinada.

Como qualquer domador de leões Ferreira Leite faz do silêncio uma arma, não vá o diabo tecê-las, sobretudo quando mete a cabeça nas circunstâncias mais arriscadas.

Mas como no circo, também aqui, a domadora de leões impressiona pela coragem, mas não cativa nem apaixona. Se perguntarem à plateia nunca deixa um registo indelével. Falta arte e paixão.
Se assim não fosse, o melhor circo do Mundo – o “Cirque du Soleil” – teria domadoras. Mas não têm!

O QUE DIZ O DR. ENCARNAÇÃO?

Como “perguntar não ofende” – e nunca é meu timbre ser ofensivo, que não assertivo – gostaria de, objectivamente e a bem do público esclarecimento, obter do Dr. Encarnação alguns esclarecimentos.

Se decidir prestá-los – facto que antecipadamente agradeço – ficamos todos mais ricos em informação e mais conscientes de avaliação a fazer. Caso nada diga, saberemos também que ilações retirar.

Que medidas tem o Dr. Encarnação para que Coimbra possa aproveitar, no âmbito do governo electrónico local, o facto de 100 % das escolas públicas, 87 % das instituições públicas, 76 % das empresas e 30 % das famílias estarem, actualmente, ligadas pela banda larga fixa?...

Que estratégia de parceria tem o Dr. Encarnação com a Universidade de Coimbra e com os entes representativos dos empresários locais para aproveitar taxas elevadas de penetração na banda larga fixa e móvel?..

Quando, é sabido que, no âmbito da iniciativa “e-escola”, milhares de alunos e professores de Coimbra tiveram acesso a um computador portátil com ligação à internet, que iniciativas tomou – ou pensa tomar – o Dr. Encarnação para aproveitar toda esta massa crítica que agora se forma com novas tecnologias para promover a dita “cidade do conhecimento”?...

O governo lançou, também, o programa “Magalhães”, a partir do qual 500.000 pequenos estudantes do ensino básico terão acesso a computador e internet. Considerando que este nível de ensino tem estreita ligação com as autarquias como observa o Dr. Encarnação este novo mundo de oportunidades para os cidadãos da Coimbra-Futura?...

Portugal atingiu dos mais elevados valores mundiais nos “rankings” relativos à disponibilização e sofisticação de serviços públicos “on line” para cidadãos e empresas, usualmente designado por “e-gov”. Que contributo deu a Câmara de Coimbra para este efeito?...

Do orçamento municipal – refiro-me, claro, ao valor médio dos últimos seis anos – qual a dotação fixada pelo Dr. Encarnação para investimento em projectos relativos a inovação, ciência e tecnologia?...Afinal de contas, estes são os elementos-chave de uma (suposta) “Cidade do Conhecimento”…

Desde que tomou posse o Dr. Encarnação qual o número de empresas de base tecnológica instaladas em Coimbra?...Quantos postos de trabalho geraram e qual o saldo tecnológico?...

Numa cidade com uma população activa e uma rede de emprego muito particulares – recordemos o peso considerável do funcionalismo público – de que modo pode a iniciativa “Novas Oportunidades”, que certificou as competências de milhares de adultos no último ano, ter impacto local mais positivo?...

COIMBRA PRISIONEIRA DE SI

Há quatro anos (sim, quatro!!), a propósito do futuro a dar às instalações da Penitenciária registei, publicamente, um apelo ao Dr. Encarnação: “não ceda a interesses imobiliários e não hipoteque o que pode ser o grande Centro Sócio-Cultural e de Diversão de Coimbra!”, sugeri então.

Volvidos os ditos quatros anos, o Diário de Coimbra deu-nos, agora, detalhes da operação. Resultam algumas (tristes) conclusões.

Quatro anos é muito tempo! Falamos apenas da aprovação do modelo para a solução e não da execução da obra, que porventura levará outro tanto. O ritmo do investimento em Coimbra – designadamente público – é mais lento que o desejável com implicações inelutáveis no afastamento de projectos e ideias inovadoras, nomeadamente privadas!

Não é, assim, de estranhar que muitos grupos empresariais saiam desta cidade ou não se arrisquem aqui a lançar obra. O risco é de facto elevado!

A saída da Penitenciária do miolo urbano de Coimbra resultará de um acordo entre a autarquia e o governo. Cada parte tentará o melhor para si. O que parece paradoxal, pois em bom rigor o interesse público é o denominador comum, porém constrangimentos orçamentais obrigam o governo a tentar obter uma solução que permita o financiamento integral da nova prisão.

Conhecemos, pois, o “jogo” do governo. Desconhecemos todos a “cartada” da autarquia de Coimbra. Enquanto isso o tempo passa…

Ao Dr. Encarnação nunca lhe ouvimos uma ideia sobre o destino a dar àquele espaço nevrálgico no coração da cidade. Quer repetir o aglomerado de betão em que transformou a Sólum? Quer mais um centro comercial enterrando de vez as aspirações comerciais da baixa (e segundo dizem de outros centros comerciais recentes…)? Quer deixar tudo na mesma? O que quer? Que solução tem?...

Uns quantos conimbricenses já lhe ofereceram sugestões: de grande espaço cultural e associativo; passando pelo Centro de Ciência e do Conhecimento até a um Espaço Erasmus fazendo de Coimbra a cidade universitária europeia de referência, acrescento agora eu!

Ao presidente da câmara de Coimbra cabe-lhe ter a visão estratégica do que deseja para aquele espaço, fazendo disso a condição única para o licenciamento, depois arquitectos e engenheiros terão a arte e o engenho de desenhar a solução ideal e legal.

Fica uma considerável preocupação com o que pudemos ler neste jornal, na passada sexta-feira, sobre a última versão do projecto: um hotel, zonas comerciais e habitacionais e um (ridículo!!) museu da vida penitenciária. É mau demais o que está previsto!

Coimbra continua prisioneira de si mesma!