segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

MAS HÁ BONS PIRATAS?

A SIC e o Expresso durante o fim-de-semana promoveram a imagem de alguns (supostamente) especialistas em informática, que há uns anos, um pouco mais jovens, teriam sido “hackers” ou piratas informáticos. Agora, são apresentados como uma espécie de heróis nacionais!..

Estranha mensagem esta veiculada por respeitáveis órgãos de comunicação social, cujo papel pedagógico deveria ser o inverso: condenar actos que violem a lei.

Para termos ideia do que representa, no nosso país, a pirataria de software em computadores pessoais basta dizer que as perdas para a indústria representam 109 milhões de euros.

De acordo com um estudo da BSA- Business Software Alliance, uma associação internacional, feito com base em 108 países, Portugal tem 43% de taxa de pirataria de software para PC´s. No espaço europeu os valores mais elevados de pirataria são na Grécia com 58%, Chipre com 50%, e a Itália com 49%.

Curiosamente, ou talvez não, todos países do sul da Europa onde os níveis de educação são também mais baixos. Há pois aqui um nexo causal entre o grau de modernidade civilizacional e este tipo de práticas abusivas.

Eis, porque o papel da comunicação social é relevante na condenação e na pedagogia!

A mesma BSA já publicou estudos onde demonstra que reduzindo a pirataria se poderiam gerar muitos milhares de postos de trabalho, milhões de euros em crescimento económico e enormes encaixes fiscais para os Estados.

Imagine-se que só em Portugal os dados actuais de pirataria afastam receitas de acerca de 450 milhões de dólares na indústria, a não criação de 400 novos postos de trabalho altamente qualificado e a perda de receitas fiscais na ordem dos 50 milhões de dólares.

Há poucas alternativas para mudarmos esta realidade. Para além da educação pública e da consciência do valor de propriedade intelectual, apenas melhores processos de fiscalização da pirataria e colocar o Estado como primeiro cumpridor no uso de software legítimo.

Nestas medidas o papel do Expresso e da SIC é também relevante. A ver vamos se fazem algo por.

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