Nunca compreendi bem a histeria colectiva em torno da ideia de ser “capital” de qualquer coisa (da Chanfana, do Conhecimento…) e de determos mundialmente o maior número de recordes do “Guinness”. Desconfio bem que seja uma opção formal para encobrir a nossa pequenez estrutural.
Desperta-me alguma aversão o provincianismo luso para estes títulos do faz-de-conta.
Estou, por isso, saturado da ironia de alguns conhecidos, de Norte e do Sul, a propósito da placa que na A1 qualifica Coimbra como a “Cidade do Conhecimento”. “Onde e em quê?” – perguntam amiúde.
Haverá, suponho, matéria para contra-argumentar. Mas…primeiro problema: usamos há anos os mesmos exemplos de dinamismo; segundo problema desconhecemos novos exemplos.
A convicção nacional é que Coimbra é, hoje, uma cidade adiada, cujo brilho assente num passado glorioso e distante é cada vez mais ténue.
Coimbra perdeu nas últimas duas décadas influência académica, política, social e económica no todo nacional. Restando-lhe, uma cada vez menor, primazia regional que nada sendo feito rapidamente se diluirá de forma irremediável. A sugestão recente de José Miguel Júdice é pois interessante de analisar…
A autarquia de Coimbra – primeiro motor de dinamização – há muito que deixou de ter energia e capacidade para olhar o futuro. Convive bem (demasiado bem!) com o atavismo cívico e a anestesia criativa que parecem ter-se apoderado desta cidade. Perde-se na mercearia dos números deixando à deriva o que realmente interessa.
Para onde queremos caminhar? Esta é a questão-chave.
Fico, apesar de tudo, impressionado com os exemplos que profusamente vão surgindo em sentido contrário. Deixo apenas dois: Óbidos apostou no turismo como opção estratégica de desenvolvimento. É, actualmente, um incontornável cartão-de-visita ao longo do ano: no natal, na feira do chocolate, no verão medieval,… De igual modo, Portimão deixou de ser apenas sol e sardinha assada para ser centro desportivo nacional onde, ao longo do ano, ocorrem dos mais importantes eventos nacionais e internacionais.
A Coimbra falta-lhe redescobrir a sua vocação. O ano 2009 vai trazer oportunidades únicas para uma reflexão colectiva sobre que ideias queremos e…que protagonistas desejamos para as mesmas.
Para já, e com mágoa, tenho de dar a mão à palmatória e reconhecer que somos apenas a “Capital de Coisa Nenhuma”!
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