Há quatro anos (sim, quatro!!), a propósito do futuro a dar às instalações da Penitenciária registei, publicamente, um apelo ao Dr. Encarnação: “não ceda a interesses imobiliários e não hipoteque o que pode ser o grande Centro Sócio-Cultural e de Diversão de Coimbra!”, sugeri então.
Volvidos os ditos quatros anos, o Diário de Coimbra deu-nos, agora, detalhes da operação. Resultam algumas (tristes) conclusões.
Quatro anos é muito tempo! Falamos apenas da aprovação do modelo para a solução e não da execução da obra, que porventura levará outro tanto. O ritmo do investimento em Coimbra – designadamente público – é mais lento que o desejável com implicações inelutáveis no afastamento de projectos e ideias inovadoras, nomeadamente privadas!
Não é, assim, de estranhar que muitos grupos empresariais saiam desta cidade ou não se arrisquem aqui a lançar obra. O risco é de facto elevado!
A saída da Penitenciária do miolo urbano de Coimbra resultará de um acordo entre a autarquia e o governo. Cada parte tentará o melhor para si. O que parece paradoxal, pois em bom rigor o interesse público é o denominador comum, porém constrangimentos orçamentais obrigam o governo a tentar obter uma solução que permita o financiamento integral da nova prisão.
Conhecemos, pois, o “jogo” do governo. Desconhecemos todos a “cartada” da autarquia de Coimbra. Enquanto isso o tempo passa…
Ao Dr. Encarnação nunca lhe ouvimos uma ideia sobre o destino a dar àquele espaço nevrálgico no coração da cidade. Quer repetir o aglomerado de betão em que transformou a Sólum? Quer mais um centro comercial enterrando de vez as aspirações comerciais da baixa (e segundo dizem de outros centros comerciais recentes…)? Quer deixar tudo na mesma? O que quer? Que solução tem?...
Uns quantos conimbricenses já lhe ofereceram sugestões: de grande espaço cultural e associativo; passando pelo Centro de Ciência e do Conhecimento até a um Espaço Erasmus fazendo de Coimbra a cidade universitária europeia de referência, acrescento agora eu!
Ao presidente da câmara de Coimbra cabe-lhe ter a visão estratégica do que deseja para aquele espaço, fazendo disso a condição única para o licenciamento, depois arquitectos e engenheiros terão a arte e o engenho de desenhar a solução ideal e legal.
Fica uma considerável preocupação com o que pudemos ler neste jornal, na passada sexta-feira, sobre a última versão do projecto: um hotel, zonas comerciais e habitacionais e um (ridículo!!) museu da vida penitenciária. É mau demais o que está previsto!
Coimbra continua prisioneira de si mesma!
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