terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O ABSURDO SILÊNCIO DOS PARTIDOS

As estruturas distritais de Coimbra do PS e do PSD estão, neste momento, em pleno processo interno de escolha de lideranças. Para a maioria dos mortais estas ocasiões não têm qualquer importância. Para alguns (nem todos) dos filiados nos respectivos partidos estes momentos têm atracção reduzida, basta atentar aos níveis de participação.

A verdade é que estes processos são relevantes! E não o são apenas para os militantes. É que os respectivos efeitos produzem-se inexoravelmente sempre sobre mais destinatários do que os votantes internos.

Senão vejamos: a escolha dos protagonistas em organismos regionais; a escolha dos deputados à Assembleia da República; a escolha dos candidatos às autarquias; a capacidade reivindicativa local e, entre outros, o tipo de mensagem política são, regra geral, influenciados e/ou determinados pelo vencedor destas contendas internas.

Não é por isso indiferente que no PS ou no PSD ganhe o senhor A ou o senhor B!

A nossa democracia é representativa e os partidos são instrumentos incontornáveis deste jogo, pelo que a influência dos dirigentes partidários não se confina, as mais das vezes, à respectiva sede partidária.

Ora, com a crise de militância partidária, associada a uma certa anemia cívica global, os partidos começaram a querer abrir-se à (dita) sociedade civil, recolhendo contributos de não filiados em fóruns como as “Novas Fronteiras”, no caso do PS por exemplo. Decisão inteligente e oportuna, porém deve necessariamente ter continuidade no tempo, pelo que aproveitar os próprios momentos eleitorais internos para ouvir e dar a conhecer o pensamento político a cidadãos não militantes parecer-me-ia ter vantagens evidentes. Tal não sucede, todavia!

Aliás, se observarmos o caso norte-americano, as primárias de republicanos e democratas serviram para os americanos em geral – e não apenas os filiados nos colégios eleitorais internos – tomarem contacto com o que pensavam, John Mcain e demais, assim como Hillary Clinton e Barack Obama. Os candidatos falando para dentro pensavam essencialmente em quem estava fora. Os muitos não filiados (a esmagadora maioria) começava assim a formar a respectiva opção final de voto.

Cá no burgo, dos processos internos, resulta muito pouco para o militante e praticamente nada para o cidadão em geral. Tirando alguns ataques pessoais a que a imprensa vai dando eco, pouco ou nada se sabe sobre o pensam os candidatos às lideranças distritais.E tanto que haveria para saber!...

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