terça-feira, 29 de setembro de 2009

A CAMINHO DO ABISMO


Diversas edições do Inquérito Social Europeu, levado a cabo por entre os vários países que compõem a UE e a Europa central, confirmam que os cidadãos portugueses estão descontentes com a qualidade da respectiva democracia. Só os russos, húngaros, ucranianos e búlgaros estão mais descontentes e politicamente mais desinteressados.


Esta tendência tem vindo a acentuar-se desde 2001, sendo que o nível elevadíssimo de abstenção nas recentes eleições legislativas e europeias são disso a prova irrefutável. Porém, ninguém pára para pensar!

O rescaldo nacional do acto de domingo passado já foi sobejamente feito, por isso mesmo vou atentar no aspecto distrital.

Foi, obviamente, uma surpresa (e quem disser o contrário, mente!) a eleição de um deputado do CDS/PP por Coimbra. Não está em causa o mérito pessoal do candidato, mas antes um conjunto de circunstâncias que permitiram a sua eleição. São essas que interessam agora.

Serpa Oliva beneficiou em grande medida da capacidade e da eficácia política de Paulo Portas. É um caso sério em campanha. Tão assertivo quanto populista e perigoso; todavia o que diz parece soar bem, fazendo o povo esquecer que em 3 anos no governo nunca praticou nada do que agora advoga e exige.

Mas, acima de tudo, o CDS/PP no distrito de Coimbra usufruiu do facto do PSD estar desacreditado e, evidentemente, da fraca prestação de Manuela Ferreira Leite. O eleitorado de Serpa Oliva não é dele nem do CDS. É, sobretudo, do PSD e de uma direita conservadora que não havendo alternativa preferiu fazer um voto duplamente de protesto: contra Ferreira Leite e contra a maioria de Sócrates. Curiosamente são aqueles que, hoje, mais torcem para que Sócrates se entenda com Portas…

O PSD em Coimbra – apesar do esforço regenerativo de alguns – viveu muitos anos longe da qualidade mínima exigível e está agora a pagar esse preço. Não é, em suma, alternativa a coisa nenhuma!

Observemos agora o caso Bloco de Esquerda: ao contrário do CDS/PP, José Manuel Pureza tinha praticamente o lugar assegurado, fruto de um crescimento local continuado, do “hype” nacional e da qualidade intrínseca do próprio candidato.

Mas, mais importante, o BE cresce sempre à custa do PS. No distrito de Coimbra é fácil de compreender porquê:

O PS local há muito que não tem ideias nem propostas credíveis e mobilizadoras; há muito que falta quem comunique de forma diferenciada; há algum tempo que não existe no PS quem seja considerado no meio social, académico e empresarial. Dizer o contrário (por muito que possa parecer simpático) é farisaico e distorce a realidade.

Dizer – como alguns (os suspeitos do costume) – que a culpa é da cabeça de lista é tapar o sol com a peneira. Ana Jorge era a 2ª dos ministros mais populares e, conforme se viu, fez uma campanha sóbria e igual a si própria: séria e credível. O que se pede a um médico emprestado à política. Conseguiu, aliás, na defesa do SNS fixar gente de esquerda que de outro modo engrossaria o voto no BE.

Aliás, a verdade é que nem quando Sócrates, o Ministro do Ambiente, impôs a co-incineração a Coimbra o PS aqui perdeu. Não! Ganhou e elegeu seis deputados. Significa que o problema não é Sócrates, mas antes os que há vários anos (os do costume) gerem o PS virado sobre si próprio, alheio ao que se passa na cidade e no país. Sem imaginação e, mais grave, sem reconhecimento.

Veremos agora quais os resultados autárquicos e se, então sim, têm o decoro de se afastar. Não se pode exigir a Ferreira Leite consequências que os próprios em casa não assumem!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CIDADÃOS DO MUNDO


Coimbra guarda até hoje a classificação de “Lusa-Atenas” por ser associada ao conhecimento e ao saber, mas também pelo seu cosmopolitismo. Aqui, desde sempre, foi chegando gente de todas as paragens. As diferentes origens, vivências e experiências ajudaram a construir a multi-culturalidade muito própria de Coimbra. Deram-lhe singularidade e enriqueceram-na.


Basta recordar que nomes como Antero de Quental, Eça de Queirós, Almeida Garrett, José Afonso, Miguel Torga ou Manuel Alegre - todos indissociáveis do imaginário coimbrão – nenhum nasceu em Coimbra, mas adoptaram-na como sua. E Coimbra quer tê-los como seus, sempre!

Dizer-se com desdém, nos dias que correm, que alguém é “paraquedista” – ou seja de fora de Coimbra - querendo com isso diminuí-la nas respectivas capacidade e legitimidade, é próprio de quem tem as vistas curtas e para quem o Mundo começa e acaba no respectivo umbigo.

Afinal de contas, o mal de Coimbra – sim, desta Coimbra de hoje – é devido á inércia e a incapacidade dos que aí estão há tempo demais e nunca por nunca dos que querem agarrar o facho da modernidade, ainda que de Coimbra não sejam oriundos.

Mas, do meu ponto de vista, que me comunico diariamente com pessoas de todos os continentes; que leio jornais de diversos países; que tenho uma filha com dupla nacionalidade; que navego na internet como se o Mundo estivesse ao alcance dos dedos (e está!); que tenho nas redes sociais amigos nas mais diversas geografias; que habito num mundo global…ouvir dizer que alguém só por ser da Lourinhã não conhece Coimbra e – pasme-se! – não tem qualidades para a representar no parlamento ou no governo é, no mínimo, risível e só aparece à míngua de melhores argumentos.

Acresce, que há até a obrigação do conhecimento da nossa lei fundamental – a Constituição da República – que prescreve que os deputados são da Nação e não do distrito, representando por isso o todo nacional e não o somatório das partes.

Mais importante do que a nossa naturalidade é a nossa obra, a nossa herança cívica. No fundo, as marcas que se deixam - sobretudo os que têm responsabilidades públicas - são os factores distintivos que devem, em tempos de escolha e de selecção, por isso mesmo ser avaliados.

Ser de Coimbra, só por si, não é garantia de coisa alguma. Já os vi muito competentes e tremendamente desastrosos, como em todo o lado. Já os vi num provincianismo assumido deslumbrados com Lisboa, esquecendo rapidamente de onde vieram… Aliás, já me habituei a vê-los no estádio a puxar pelo Benfica, pelo Sporting e Porto contra a minha Briosa!..

Por isso mesmo ser Coimbra já não é garantia de nada! Neste caso prefiro os de fora com obra feita!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XXVII


Algumas vozes defendem que a democracia digital se reforçaria na razão directa do aumento das soluções de “open source” (doravante software livre) adoptadas pelos governos e administrações públicas.


Por definição o software livre permite o acesso ao código do produto, dando direito a utilizá-lo bem como a modificá-lo. Tudo isto por oposição com as soluções proprietárias (ex. Microsoft), que implicam o pagamento de licenças de utilização.

Anda muita confusão no ar! Importa, pois, analisar cuidadosamente esta questão.
Independentemente da categoria de software (livre ou comercial), os governos - tal como qualquer empresa privada - devem optar pelo software que melhor garantias ofereça no preço/qualidade, na facilidade de uso e no serviço pós-venda.

Impor o SW Livre como solução exclusiva (assim desejam os seus defensores) na administração pública viola o princípio da neutralidade tecnológica que se impõe a um Estado, além da livre concorrência essencial ao mercado. E, tal não é coisa pouca!

Finalmente, muito do SW livre que existe em alguns entes públicos é pago a empresas com escopo lucrativo que o comercializam; além de que os custos encobertos (falhas de segurança e de suporte técnico, obsolescência,…) comprovam que aquela solução é tudo menos gratuita ou barata!

Foram, nos últimos anos e em diversos países, efectuados múltiplos estudos sobre este tema: Report KBSt (Alemanha), Report QinetiQ (Reino Unido) e o Report Mitre (Estados Unidos). Todos eles coincidiram ao considerar que o software livre não constitui uma alternativa superior ao software comercial, nem em termos do seu custo total, nem em segurança, nem em inovação.

O preconceito é, pois, mau conselheiro!


Publicado no Jornal OJE

terça-feira, 15 de setembro de 2009

APOLOGIA DO VOTO ÚTIL


O dicionário Priberam da língua portuguesa define “útil” como: “o que é necessário; que tem préstimo ou utilidade; proveitoso; vantajoso.” Pois bem, aproveitemos então esta definição para melhor compreender o que pode ser um voto útil nas próximas eleições.

Primeira premissa: apenas dois partidos têm possibilidade de vencer as eleições. Ganhar em política significa poder governar e, assim, influenciar o nosso destino colectivo; pelo que não ganhar é igualmente digno e faz parte das regras democráticas, mas tem muito menos impacto e influência nas nossas vidas.
Assim sendo, e ainda que em tese os votos sejam todos iguais, a verdade é que o peso eleitoral das nossas opções são diferentes. Votar no PS ou no PSD não é o mesmo que votar nos demais partidos. É a diferença entre definir quem ganha e não influenciar coisa nenhuma.

No actual contexto – é sabida a crise económica em que ainda nos encontramos e a instabilidade social inerente – o voto de cada português assume como nunca uma importância capital. Cada voto poderá fazer a diferença, não apenas entre quem ganha mas o que pode significar essa vitória.

Repare-se que o pior cenário para o nosso país seria juntar à crise económica uma crise política fruto de instabilidade e de ingovernabilidade. Ora, é exactamente isso que estará em causa nestas eleições: criar as condições para um partido ganhar com vantagem suficiente para prosseguir reformas e assim minimizar os efeitos da crise.

Voltemos, pois, à definição inicial: votar num dos dois partidos potencialmente ganhadores é, face ao contexto actual, necessário, por isso mesmo útil; votar num dos partidos que não têm matematicamente qualquer hipótese de governar não tem préstimo, por isso mesmo é inútil.

Posto isto, resta fazer a segunda opção: perceber qual dos votos úteis é mais vantajoso e proveitoso. O mesmo será dizer: votar no PS não é o mesmo que votar no PSD.

Não parece tarefa difícil já que ao longo destes últimos dias se perceberam – como nunca - as diferenças tamanhas entre os dois maiores partidos e, sobretudo, entre os dois protagonistas.
Ora, para que um voto útil seja verdadeiramente proveitoso não basta contribuir para quem ganha, importa olhar para o futuro e prosseguir o movimento reformista dos últimos anos. É que agora é a sério, mesmo!

domingo, 13 de setembro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XXVI

É comum ouvirmos que as gerações mais jovens escrevem cada vez pior. Os pais queixam-se e os professores até editam livros com compilações de erros. Eis que muitos vociferam contra as novas tecnologias como causadoras desta suposta perda de qualidade e habilidade literária. Aliás, quantos de nós não demonstrámos já estupefacção com os sms que crianças e adolescentes trocam entre si, estropiando a língua de Camões?

Pois bem, um estudo muito recente veio contrariar essa tendência. O “Stanford Study of Writing”, daquela famosa universidade e cuja leitura se recomenda vivamente, resultou de uma análise cuidada a catorze mil documentos escritos por crianças e adolescentes entre 2001 e 2006, que incluíam trabalhos de casa, posts em blogues, sms, conversações em chats, etc etc.

As conclusões são impressionantes: há como nunca, e por via do uso das novas tecnologias, um recrudescimento das habilidades para a escrita. Ora, sucede que hoje em dia os jovens escrevem mais, praticam muito na internet (chats, blogues, redes sociais) e adaptam-se aos meios e contextos. Por isso mesmo, entre si na troca de sms não é suposto produzirem tratados literários, mas ser sintético e objectivo; de igual modo, nos chats. Curiosamente, nas redes sociais, dada a heterogeneidade de contactos percebe-se uma evolução na qualidade do que é escrito em função do nível do destinatário.

Parece-me uma evidência indubitável afirmar que hoje se escreve muito mais que no passado – por isso mesmo é provável encontrar também mais pessoas que escrevem mal, pois a base aumentou! – e tal é feito num tempo que foi retirado à televisão e a brincadeiras de rua.

As novas tecnologias fizeram surgir uma “nova literacia”, evidentemente digital, que traz consigo o aumento de produção cultural e literária, sendo que os jovens têm a capacidade de distinguir os contextos e o inerente grau de exigência.
Publicado no Jornal OJE

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

MALDITA MATEMÁTICA!...

A invenção da matemática deve-se a outros povos que não os portugueses, porém, com certeza, por acaso da História, visto que ninguém melhor que nós para depender tanto dessa ciência exacta. Futebolisticamente falando, claro!

O acesso à fase final do Mundial na África do Sul é ainda possível. Esta é a resposta politicamente correcta, que sempre nos habituamos a ouvir da parte dos suspeitos do costume.

É, de facto, possível se nos enredarmos em contas e mais contas para alcançar a fórmula matemática do sucesso que, em síntese, depende mais dos outros que de nós próprios. Ora, este é sempre, na bola como na vida, um mau princípio: ficarmos dependentes de terceiros.

Eu diria que se formos apurados, por uma qualquer conjugação astral, é bom para a auto-estima nacional, bom para os jogadores que assim “abafam” mais uns milhares em prémios e bom para a seita de dirigentes que tem já raízes na FPF. Adia-se a solução de um problema.

Por seu turno, se a selecção nacional não for apurada o sentimento de crise agudizar-se-á, uns dirão que a culpa é do Sócrates, outros que é do Queirós e os suspeitos do costume arranjarão razões para sacudir a água do capote e ficar assim mais uns anos na FPF. Um clássico, portanto!

Enfim, o que, no meu modesto entender, precisaríamos era de compreender as razões fundas deste insucesso, visto que temos um conjunto de jogadores do melhor que há no Mundo, individualmente falando. Muitas das causas estarão no balneário, é certo, porém outras tantas na estrutura organizativa da FPF. Nos mesmos de sempre que há muito deixaram de compreender que saber sair é mais importante que conseguir entrar.

O mal do nosso país – no dirigismo desportivo como em muitos outros sectores – é que mantém nos cargos de maior responsabilidade uma geração sem energia e sem criatividade que não sente o pulsar das mudanças e que é incapaz de fazer o que é preciso.

Apesar de tudo, quero muito acreditar nos números e, com isso, na possibilidade matemática de nos apurarmos, todavia preferiria que tudo dependesse apenas da vontade e da força dos homens.

sábado, 5 de setembro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XXV

A classe política portuguesa despertou inequivocamente para a internet. Os próximos actos eleitorais - aliás na senda do que está a verificar-se um pouco por todo o mundo nesta “Era Obama” – vão já decorrer sob o signo de uma sindicância digital. Ou seja, na actualidade, os cidadãos escrutinam e comentam como nunca as prestações e as ideias dos principais protagonistas políticos.

Por seu turno, os actores (candidatos ao parlamento e às autarquias) multiplicam-se em aparições virtuais e comunicações digitais: de debates com bloggers a programas construídos na net, passando pela divulgação “on time” da agenda de campanha, tudo vai acontecendo sem que seja preciso sairmos de casa para acompanhar. Basta “navegar”.

Resta saber se este frenesim termina no rescaldo da noite eleitoral ou prossegue para além dele. Político que queira ter futuro não pode desprezar a comunicação com as redes que já criou e alimentou. A relação com o eleitor digital tem de ser genuína e continuada, sob pena de ser contraproducente por perversa. A net tem riscos diversos: para os políticos o maior de todos eles é que fica um registo. Uma memória que não se apaga!..

A Netsonda, em Portugal, apresentou recentemente um estudo sobre as “Eleições & Internet” do qual resultam dados interessantes. Desde logo, um crescimento considerável dos que usam a net para analisar os candidatos (de 31% em 2005 passou agora para 60%); o acesso a sites noticiosos para obtenção de informação sobre as eleições legislativas é confirmado por 86% dos inquiridos e 50% dos inquiridos manifestam intenção de recorrer às redes sociais.

Veremos de que modo esta euforia digital servirá para promover o esclarecimento público e reduzir a abstenção. Esperemos, pois, pelos estudos seguintes…
Publicado no Jornal OJE

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PROGRAMAS ELEITORAIS P´RA INGLÊS VER!..

Séneca escreveu que “não estudamos para a vida, mas para a escola”. É, pois, bem verdade. A aprendizagem real começa sempre com os primeiros passos profissionais e com as inerentes vicissitudes…

Mutatis mutandis, a comparação pode ser feita com os programas eleitorais, que os partidos se esmeram em apresentar, com resmas de folhas e um sem número de ideias. Correndo o risco de ofender a memória de Séneca, poder-se-ia dizer que “os programas não são para o país, mas para as eleições”.

Quantas vezes ao longo da nossa história democrática encontrámos propostas programáticas que nunca chegaram a sair do papel?.. Muitas delas nem tão pouco mereceram registo no programa debatido e aprovado em sede parlamentar. De igual modo, quantas vezes observámos medidas que quando propostas “enchem o olho” – sendo esse o objectivo! – e depois nunca se executam?.. Quantas vezes as ideias apresentadas em período eleitoral se demonstram inexequíveis quando se conhece o verdadeiro “estado da arte”?..

Enfim, os programas eleitorais fazem parte do ritual democrático. Impõe-se a sua existência, mas a pertinência e concretização efectiva são cada vez mais duvidosas.

Talvez por isso valha a pena repensar o modo como são construídas essas propostas, tantas vezes em círculo fechado outras tantas com recurso a descartáveis contribuintes que no “day-after” ninguém mais contacta…

As novas tecnologias oferecem mecanismos simples, mas efectivos para discussões em larga-escala, que permitam gerar ideias participadas e por isso mesmo mobilizadoras o mais possível.
Por outro lado, repare-se: existe um profundo aproveitamento político nos programas eleitorais.
São armas de arremesso! O programa do PSD é um bom exemplo disso, porquanto aproveita os sectores onde existe maior descontentamento com o PS (professores, agentes judiciários,…) para propor apenas a desconstrução do que foi feito. Em suma, rasgar, apagar, suspender para assim satisfazer sem mais interesses corporativos. Ora, o sentido da responsabilidade implicaria que após a negação viesse a afirmação do que pretendem propor como alternativo. Tal não é feito!

Sem prejuízo dos programas eleitorais, que vistos à lupa permitem, apesar de tudo, distinguir os partidos, o que estará em causa é sobretudo a capacidade realizadora. Para isso importa atentar nas experiências vividas e, nesse particular, a tarefa não é difícil: basta comparar os perfis de Sócrates e Manuela Ferreira Leite.