sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

EU VOTO



A cada acto eleitoral existe sempre um ou outro episódio isolado de boicote. Pelas mais diversas razões – saneamento, maternidade, transportes,... – com certeza atendíveis, todavia nunca compreendi o alcance efectivo da coisa. Sim, quais as vantagens ou ganhos decorrentes do acto?

Tirando alguma mediatização no próprio dia, imediatamente a causa da coisa é esquecida e a democracia ali interrompida por instantes segue o seu curso.

Ora, no “caso Metro Mondego” a regra confirmar-se-á. O boicote a verificar-se não trará às populações os carris nem tão pouco, neste caso, penalizará os que são de facto responsáveis pela lamentável situação.

Não consigo compreender como gente (supostamente) esclarecida e responsável, muitos deles eleitos e outros tantos já beneficiários da democracia noutras ocasiões, podem demagogicamente apelar a instintos tão primários quanto boicotar eleições.

Boicotar não significa apenas que os descontentes não irão votar – isso seria compreensível e respeitável, pois cada um faz o que lhe apetece com o SEU voto – tal acto implicará a impossibilidade imposta a muitos de não poderem exercer um direito cívico. Ora é isso que incomoda e revolta.

A conquista do direito fundamental a votar – eleger e ser eleito – é expressão da liberdade. Portugal conviveu demasiado tempo sem isso e nao passou assim tanto tempo para o esquecermos. Não há motivo algum que justifique a impossibilidade de nos podermos expressar e os votos servem precisamente para premiarmos e penalizarmos quem bem entendermos.

Eu não prescindirei de expressar o que penso através do voto. Essa é a linguagem democrática. Tudo o mais é expressão de uma ignorância que serve apenas a agenda de alguns...