Os portugueses são avessos a avaliações. Sejam elas quais forem. Não faz parte da nossa cultura de exigência. Chega-nos a mediania. Sermos escrutinados não está nunca dentro do nosso espírito, por isso mesmo é muito raro as nossas organizações, sejam públicas ou privadas, terem mecanismos de avaliação.
Qualquer processo de avaliação, em Portugal, para ter sucesso precisa de percorrer um longo caminho: superar as resistências habituais e, quando não, ser imposto por lei, regulamento ou estatuto. Somos sempre “voluntários à força”!
Estamos longe de perceber que mais avaliação conduz necessariamente a melhores resultados, sobretudo quando inicialmente os resultados são maus estes servem de base de partida para melhorias ou rectificações estruturais. Se é comprovadamente assim nos agregados familiares e nas empresas, por que não há-de resultar no Estado?...
A minha experiência profissional na Microsoft tem-me demonstrado à saciedade os méritos da avaliação. Toda a gente é regularmente avaliador e avaliado. Há 360º de escrutínio. O modelo é universal e não está isento de reparos, porém o interessante é observar que, apesar de tudo, em Portugal, se atingem os melhores resultados do Mundo e, simultaneamente, os colaboradores elegem-na como a “melhor empresa para trabalhar” há 3 anos consecutivos. Conclusão: importa mudar o paradigma e as mentalidades. A seguir é só dar azo à natural genialidade lusitana.
Cem mil professores na rua é um número digno de registo. Com certeza existe algo que os mobiliza. Não duvido. Todavia, confesso, não compreendi as respectivas razões para afastarem a avaliação. Ou temo compreender!...
Mas como pode o mesmo Ministério definir – e bem – modelos de avaliação e de exigência para professores e preparar-se – a reboque de um surrealista parecer do Conselho Nacional de Educação – para abolir as reprovações dos alunos no ensino básico?...
Aqui existem dois pesos e duas medidas, pois é exactamente nos primeiros anos escolares que se devem explicar às crianças as vantagens de uma sociedade que se avalia permanentemente e que, só assim, pode reconhecer o mérito e premiar o esforço.
De outro modo promove-se o facilitismo, o laxismo e a ausência de brio, correndo o risco de, anos depois, serem estas crianças os manifestantes do futuro…contra as avaliações!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar