quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL


A tomada de posse, ontem, do 44º Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, ficará na história pelos mais diversos motivos. Gostaria de sublinhar apenas um: a incontornável afirmação da democracia digital.


Os dias que antecederam a transmissão formal de poderes inundaram Washington de eventos e de manifestações populares. Os americanos descobriram neste momento (e sobretudo na quase-mitificação de Obama) a solução para espantar os maus espíritos de uma economia em recessão.

O uso massificado das novas tecnologias transformou cada cidadão num jornalista e mais do que destinatário num fazedor de opinião pública. De tal modo, que as operadores de redes móveis tiveram vários problemas com a sobrecarga de dados. Ontem, navegar na net permitia confirmar o poder do utilizador: não havia site ou portal de meio de comunicação social, instituto político ou universidade que não se alimentasse das fotos, dos vídeos e dos comentários espontâneos dos cidadãos.


O poder estava na rua, no sentido literal, pois quem comandava o essencial da informação eram os milhões que presenciavam ao vivo o “acto inaugural”.


Se durante toda a campanha eleitoral, que durou praticamente dois anos, Obama foi genial na descoberta da internet como ferramenta política, desta feita os americanos empenharam-se num novo modelo de cidadania, a digital. A democracia saiu reforçada, porquanto os eleitores passaram a usar meios directos e eficazes de opinião e, de igual modo, os políticos a ter de atender e responder, quase ao minuto, às exigências de quem os elege.


Obama conseguiu com este novo modelo de participação política, assente na Web 2.0, cativar o eleitorado mais jovem – lá como cá crescentemente indiferente - que foi, aliás, decisivo para tamanha vitória; mais, a internet foi relevante não apenas na angariação de votos mas também na de fundos de financiamento.


Mas, desengane-se quem acha que basta criar um “avatar” no “Second Life”, lançar um site ou um blog e de quando em vez fazer uma conferência “on line”para obter idênticos proveitos a Obama. A tendência para imitar estará em cada esquina – sobretudo em Portugal com três actos eleitorais este ano – todavia a democracia clássica tem exigências diversas. A nova democracia digital também.


Veremos, doravante, que uso das novas tecnologias fará Obama para “mudar o Mundo”. Haja esperança!

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