terça-feira, 26 de maio de 2009

DESAFIO À SAÚDE DE COIMBRA

Durante o governo de António Guterres foi produzido, com dinheiros públicos, um relatório estratégico sobre Coimbra – o primeiro e último que me recorde! Deste estudo resultava, clara e inequivocamente, que o sector da Saúde era a aposta pela qual se deveria fazer o futuro de Coimbra. Passada uma década pouco (ou nada) foi feito e do estudo nem sombra…Enfim, o habitual!


A Coimbra, hoje, pouco resta de excelência. Se há sector onde vale a pena investir para tornar esta cidade competitiva é a saúde e tudo o que em torno dela pode criar-se. Não falamos apenas dos cuidados médicos, mas também das novas tecnologias e dos sistemas de informação que aqui podem gerar-se; do investimento científico e de inovação, assim como demais emprego qualificado que gira à volta deste sector.


Fazer de Coimbra uma “cidade-player” competitiva na investigação, desenvolvimento, fabrico e comercialização de produtos e serviços ligados à Saúde voltaria a colocá-la no mapa (sobretudo internacional) gerando riqueza local e novas dinâmicas sociais e académicas.

Coimbra tem que criar as condições para atrair conhecimento e inovação, trazendo até si os melhores pensadores e investigadores para criar uma nova escola, desta feita com os pés bem assentes no contexto mundial de saber em que vivemos.

Coimbra – sobretudo a respectiva universidade – tem agora uma oportunidade interessante: a Microsoft em articulação com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, entidade do Ministério da Ciência, anunciou, ontem, a abertura de um Concurso Público para a atribuição da Cátedra Microsoft de Investigação em Saúde que visa o desenvolvimento de conhecimento no domínio das tecnologias de informação e comunicação aplicadas ao sector da saúde.

Esta Cátedra Microsoft prevê a criação de uma bolsa de investigação para promover a dinamização de novos projectos na área da saúde, designadamente, mas não exclusivamente: sistemas de informação da Saúde e interoperabilidade; interacção cidadão – sistemas de Informação da Saúde (C2H - Citizen to health); produção e difusão de conteúdos médicos.

Ora, a universidade de Coimbra deveria tirar mais partido das competências mútuas decorrentes de projectos com empresas-bandeira. Tem aqui uma oportunidade soberana, apresentando uma candidatura para acolher a Cátedra Microsoft. Esperemos que este investimento possa aterrar então em Coimbra contribuindo para o tão propalado destino-estratégico.

Perfil no Jornal "Campeão das Províncias"


Em Abril passado muito gentilmente o Jornal "Campeão das Províncias", de Coimbra, traçou o meu Perfil.


Aqui fica o resultado:


domingo, 24 de maio de 2009

FUTEBOL DE CAUSAS

Este é o sinal distintivo e intemporal da Académica de Coimbra!

Brioooosssaaaaaa!

sábado, 23 de maio de 2009

ABOUT DIGITAL DEMOCRACY - VIDEO

Us Now from Banyak Films on Vimeo.

Awasome!

"FORAM CARDOS FORAM PROSAS"

Momento único na televisão portuguesa, esta noite!

Fica o registo. Para memória futura.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XVI

Nos Estados Unidos foi feita, recentemente, uma experiência interessantíssima: avaliar o quanto um professor pode ser dispensável por via da utilização de “podcast” (produção de ficheiros multimédia para serem ouvidos/vistos num reprodutor tipo “ipod”). Ou seja, na mesma turma a matéria foi estudada por uns quantos alunos via “podcast”, enquanto outros seguiram a forma clássica da lição dada pelo professor. Os resultados são tão curiosos quanto as melhores avaliações foram obtidas pelos alunos que utilizaram apenas o “podcast”.

Parêntesis humorístico: ora aqui está uma ideia para os governos que se queiram livrar de professores incómodos… Fechar parêntesis.

Desta experiência poderemos extrair umas quantas conclusões: os métodos de ensino estão a mudar radicalmente; as novas tecnologias podem (e devem) ser ferramentas essenciais de capacitação e aprendizagem; os professores têm que se adaptar à mudança, entre outras.

Aplicado, “mutatis mutandis”, ao domínio da política e da cidadania, dir-se-á que o “podcast” tem infinitas potencialidades. Imagine-se, desde logo, que se, ao invés dos fastidiosos comícios, os cidadãos (e em particular os militantes de determinado partido) pudessem receber, via mail ou telemóvel, mensagens áudio ou vídeo com as principais linhas estratégicas dos candidatos.

Qual não seria a reacção de um eleitor que recebe via mail o relatório de actividades mensal do deputado eleito pelo respectivo círculo eleitoral? Imagine-se, mais ainda, se os munícipes pudessem, por exemplo, por esta via do “podcast” receber a cada ano esclarecimento sobre as principais obras e a aplicação dos recursos orçamentais? E no enriquecimento cultural de um povo se o património histórico, arquitectónico e museológico nacional pudesse ser convertido em simples e curtas explicações via “podcast”, que facilmente seriam obtidas na net, nas entradas dos museus ou pontos de interesse.

Enfim, existe uma panóplia de fins cívicos ao alcance de um simples “podcast”, que hoje é cada vez mais usados pelas novas gerações como fonte de informação e de formação.

Não esquecendo as evidentes vantagens financeiras - poupar-se-iam milhões ao erário público gastos em campanhas eleitorais inócuas – e ambientais.

Publicado no Jornal OJE

terça-feira, 19 de maio de 2009

PACIÊNCIA!...

1.Domingos sai em breve da Briosa numa separação há muito adivinhada. Paciência, dirão alguns. Penso que o facto merece mais que a mera resignação colectiva.

Senão vejamos: Domingos é um treinador jovem, mas com um interessante percurso; tem um perfil muito adequado aos valores da Académica, pois é educado e polido e tem ambição quanto baste. Além de que conseguiu dos melhores resultados de sempre na Liga principal. Ora, estas características fazem dele uma aposta muito interessante.

É pena que Domingos tenha invocado como motivo para sair o desejo de voar mais alto. Quer chegar como treinador ao nível do então jogador, disse. Ora, isto significa que, em Coimbra, Domingos sente não ter condições para ir além do meio da tabela. Isto se por um lado, sendo verdade, é uma injustiça – a actual Direcção tem feito tudo para equilibrar este barco – por outra é uma evidência: a cidade (designadamente a autarquia) continua de costas voltadas para a sua mais importante instituição. Até Domingos o percebeu!

É sina desta cidade perder tudo o que brilha ou ameaça brilhar. Tem sido assim ao longo dos tempos: da pujança académica às empresas. Paciência, dirão alguns. Basta, digo eu!

2. Enquanto o actual presidente da Câmara de Coimbra já entrou oficialmente em campanha eleitoral – desde o famoso lombo de porco com mulheres sociais-democratas à sucessão de inaugurações de campanário – o Partido Socialista continua submerso numa estranha novela.
À informação sucede-se a contra-informação, potenciais candidatos a candidatos dão conferências de imprensa, os órgãos parecem passar ao lado, etc etc.

O PS está assim a desperdiçar uma oportunidade soberba para recuperar os destinos da cidade, porquanto o balanço da gestão-Encarnação é manifestamente negativo – basta atentar no que dele vai dizendo e denunciando o ex-vice-presidente Pina Prata - e uma lufada de ar fresco seria mais do que desejada.

Nesta altura do campeonato já deveriam, pelo menos, estar cumpridas três premissas: ser conhecido o rosto do protagonista; terem sido apresentadas as 3 (três) ideias-força da candidatura e feito o balanço detalhado deste mandato na perspectiva e qualidade de oposição. Nenhuma está realizada!...

Paciência, dirão alguns. Que pena, digo eu!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XV

Na mesma semana em que ficámos a saber que o Partido Socialista contratou a empresa que definiu a estratégia multimédia para Barack Obama, designadamente a presença do mesmo na internet e nas redes sociais, fazendo dele um fenómeno; a Microsoft apresentou publicamente um estudo sobre os hábitos dos internautas em que vale a pena atentar.

Desta análise comportamental convirá destacar alguns números impressionantes relativamente aos internautas portugueses : três em cada quatro (76%) estão sempre ligados à internet e um quinto (19%) passa mais de 5 horas diárias online, quando – para se ter ideia da diferença - 1 em cada 4 utilizadores da Internet na Europa passa entre 7 e 15 horas online por semana. Acresce, que 14% dos internautas portugueses se liga à Web mais do que duas vezes por dia e 22% passa 1 a 2 horas durante uma sessão normal na net; 37% dos utilizadores visita mais de 10 sites durante uma sessão normal e um quarto dos inquiridos acede entre 5 a 6 sites.

Este estudo confirma apenas aquilo que para muitos de nós é uma evidência: a internet revolucionou hábitos sociais, modelos económicos e comportamentos políticos.

Se acrescentarmos, ainda, o facto dos portugueses serem, por entre os europeus, os que mais se comunicam por mensagens instantâneas (23%), assim como se prevê que em Junho de 2010 o tempo dispendido na internet suplante o de TV, implicando uma radical mudança nos hábitos de consumo, com a particularidade de que o tempo passado na Internet através de um PC será reduzido de 95% (actualmente) para 50% nos próximos 5 anos, graças à proliferação do acesso à rede através de dispositivos alternativos ao computador, designadamente os telemóveis e consolas. Impressionante!

Portugal, que durante muitos anos viveu isolado, é hoje um dos países do mundo com maior taxa de penetração das novas tecnologias, seja quotidiano individual, empresarial ou na organização do Estado (e-gov).

Por esse planeta fora o Magalhães (com todos os seus defeitos) é considerado um caso de estudo e são muitos os governantes que desejam replicar esta boa prática, cujos efeitos na educação e nas competências digitais das futuras gerações serão visíveis apenas a médio prazo.

O futuro, pelo menos nesta área, apresenta-se animador, assim saibamos aproveitar as oportunidades!

Publicado no Jornal OJE

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O PARTIDO PIRATA

Desde há muito que reflectimos sobre a decadência dos partidos políticos enquanto entes mobilizadores de vontades nas novas democracias. Por isso mesmo é inelutável que: sucedam diversos exemplos de entidades informais em torno das quais os cidadãos se organizam; os níveis de abstenção disparem para números nunca vistos (projecções de quase 70% nas próximas europeias) e esteja em curso uma mudança da agenda política e do “modo de fazer política”.

Em Portugal, pouco atentos a estas mudanças, os mesmos de sempre teimam em não ver o óbvio e, pior, cometem erros crassos como a recente aprovação de uma lei de financiamento partidário que provoca mais suspeição e maior alheamento popular.

Por estes dias na Suécia, onde tantas vezes surgem novos fenómenos políticos e sociais, foi criado o “Partido Pirata”. Assim mesmo. Conta, em poucas semanas, com cerca de 45.000 filiados – sobretudo jovens - e é já a terceira maior organização política nacional, muito próxima dos conservadores que já governaram a Suécia durante anos!

O “Partido Pirata” surgiu na sequência do caso “Pirate Bay”, por via do qual uns jovens suecos foram condenados por pirataria informática ao usarem o sistema “peer-to-peer”. No fundo, o denominador comum entre os associados é o desejo da “livre” partilha de conteúdos na internet sem que sejam reconhecidos os direitos de propriedade intelectual.

Sem analisar a questão de fundo – que do meu ponto de vista é complexa porquanto desprezar os direitos autorais e a propriedade intelectual é destruir valor e entravar a inovação – o que daqui resulta como digno de registo é que os cidadãos se mobilizam por causas concretas, muitas das vezes sem cunho político evidente; desprezam os partidos clássicos para o efeito e usam crescentemente as novas tecnologias para esse desiderato.

O que daqui pode resultar ninguém sabe, mas garantidamente sairá algo. Senão vejamos: vão introduzir na agenda política sueca novos temas; desejam eleger já eurodeputados e, com certeza, defendem posições totalmente radicais. Os efeitos não se resumirão a Estocolmo, mas chegarão a Bruxelas com o impacto que tal tem no espaço europeu. Os cidadãos, sobretudo mais jovens, fartos do mesmo estão disponíveis para qualquer aventura.

Pois bem, e salvaguardadas algumas condicionantes constitucionais, não andaremos muito longe da verdade se um destes dias, um pouco por todo lado, começarem a surgir movimentos partidários e com força política real mobilizados por temas totalmente imprevistos. Foi assim que há 30 anos surgiram os partidos ecologistas. Hoje, sinais dos tempos, a pirataria começa a ter a mesma força. Dá que pensar!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XIV


Diz-se que temos duas orelhas e uma boca, porque é mais relevante ouvir que falar. A verdade é que a tentação é, a mais das vezes, a inversa.

Nos dias que correm, o exercício de recolha de “feedback” é absolutamente determinante para o sucesso de qualquer estratégia corporativa, social ou política. É isso que apre(e)ndemos com a modernas técnicas de gestão da comunicação.

De tal modo, que, inicialmente, a internet surge como um repositório de informação na qual o utilizador apenas acede a conteúdos. O movimento é unidireccional. Tendencialmente, a Web foi evoluindo para a versão 2.0 em que a comunicação passa a ser bidireccional. O utilizador surge, também, como produtor de conteúdos e emissor de mensagens. Aumentou assim o poder dos internautas na razão directa do risco de quem não sabe ouvir.

Perante este cenário de comunicação global as tecnologias da informação e da comunicação passaram a desempenhar um papel relevantíssimo na nossa organização social e política, assim como na vida das empresas.

Definir e prosseguir uma estratégia de execução – nos Estados como nas empresas – com total alheamento dos destinatários das mesmas é um erro grave. Saber ouvir e reflectir nas reacções é tão importante quanto saber agir.

Não por acaso os políticos estão a aderir massivamente às redes sociais e a usar as mesmas ferramentas de comunicação que os cidadãos, porque sabem que é essencial estar próximo, compreender o “mood” e avaliar reacções.

Mas, note-se, a imersão tem de ser contínua e nunca oportunista em função de objectivos de curto prazo; a monitorização de “feedback” deve ser ampla integrando oportunidades, ameaças, fraquezas e potencialidades e a comunicação tem de ser genuína com base em respostas efectivas às reacções colhidas.

Dito isto, para ter sucesso não basta abrir conta no “facebook”, “twitter” ou “hi5”; despejar uns quantos vídeos no “you tube” e criar um fórum no respectivo site. É preciso muito mais do que isso: é essencial monitorizar em permanência, colher reacções e responder com seriedade.
No passado dia 25 de Abril, Santana Lopes apresentou-se aos lisboetas via net; Sócrates respondeu ao vivo aos internautas e Cavaco fez o elogio de D. Nuno Alvares Pereira na Web. Interessante e elucidativo.

Veremos, agora, quem saberá comunicar – que implica ouvir - com eficácia e sucesso.
Publicado no JORNAL OJE

quarta-feira, 6 de maio de 2009

INDEPENDÊNCIA OU MORTE!


A Internet poderá estar na iminência do seu “grito do Ipiranga”, qual D. Pedro, no Brasil, em 1822.

À parte uns quantos interessados, o nosso país tem estado pouco atento a um importante debate no Parlamento Europeu, que culmina hoje com a votação final. Falo do “pacote das telecomunicações” por via do qual a Web poderá sofrer uma mutação considerável face ao que dela conhecemos actualmente.

A “World Wide Web” foi concebida como uma imensa “auto-estrada” de comunicação, cuja inegável força transformadora é de tal modo evidente – nas economias, nas sociedades e agora até na política – que foi reconhecida como a maior invenção dos últimos 30 anos pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia. Em 1º lugar surge a internet, em 2º o PC, em 3º o telemóvel e em 4º o email. Imagine-se que os anti-retrovirais para tratamento da SIDA em 30º lugar apenas, as caixas ATM em 27º ou a energia solar fotovoltaica em 18º.

Enfim, a net tem sido até aqui amplo sinónimo de liberdade criativa. Com o que isso tem de bom e de mau. Estamos de acordo que devem ser criados mecanismos que controlem a prática de crimes no ciberespaço, mas, contas feitas, o impulso criativo tem trazido enormes avanços. Mudaram-se hábitos de vida, transformaram-se modelos comerciais, surgiram novos métodos de aprendizagem e de saber. Estamos, globalmente, mais ricos.

Pois bem, o Parlamento Europeu, hoje, prepara-se para aprovar um conjunto de medidas que, num excessivo assomo securitário, podem condicionar a natureza da própria internet.
Em síntese, as empresas de telecomunicações poderão passar a controlar a navegação dos internautas, facultando ou recusando o acesso a determinados sítios; fornecerão condições preferenciais a determinados sítios em detrimento de outros. Na verdade, as “telcos” passarão a ser uma espécie de “polícias da net”que gerem, como se de uma concessão se tratasse, a grelha de serviços e produtos oferecidos pelos diversos sitos, assim como os passos dos internautas.
Liberdade é sinónimo de responsabilidade, é certo. Na rede como fora dela. Não pode nunca é aceitar-se o seu estrangulamento em nome da suposta preservação da mesma. Há já inúmeras más experiências neste sentido!..
Não posso, pois, acreditar na suspeição levantada por alguns de que haverá orientações e motivações políticas fortes por detrás deste pacote legislativo, de modo a instituir um controlo indirecto dos conteúdos e dos utilizadores da internet como se um novo “Big Brother” se tratasse!..