segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O BRASIL CONTINUA BELO

O título é uma adaptação de um verso de Gilberto Gil referindo-se ao Rio de Janeiro, porém, no essencial, pretendemos confirmar que por Terras de Vera Cruz as oportunidades multiplicam-se. Mas há que saber aproveitá-las…

O Presidente brasileiro Lula da Silva recebeu, a semana passada, em Madrid, o “Prémio Dom Quixote de La Mancha” como reconhecimento pela divulgação do espanhol no Brasil. O governo de Lula aprovou uma lei que tornou o castelhano língua obrigatória no ensino médio privado e público.

Lula observa a língua como veículo estratégico de aproximação entre povos, mas – mais do que isso – também como ferramenta económica e social. Não esquecer que o Brasil, apesar de grande, está encravado num continente de influência totalmente hispânica.

Com esta medida, dentro de poucos anos, muitos brasileiros, particulares ou empresas, não terão dificuldade em cruzar as fronteiras aumentando as oportunidades de trabalho e de negócios.
A prazo será uma aposta ganha para Brasília.

Até há pouco tempo as empresas espanholas tinham dificuldade em entrar no mercado brasileiro, aliás muito apetecível, usando para o efeito de parcerias com companhias portuguesas (ex: a operadora VIVO tem por accionistas a PT e a Telefónica). Em breve a língua e a idiossincrasia brasileira deixarão de ser obstáculos para “nuestros hermanos”. Encontrarão no lado de lá do Atlântico não apenas mercado mas também mão-de-obra qualificada e mais barata.

A prazo será um efeito positivo para Madrid. Não se estranha pois o prémio e o reconhecimento a Lula.

Mas tudo isto não acontece por acaso. É, antes, o resultado de uma forte componente diplomática, que observa a língua – não apenas na visão patriótica de Pessoa – como elemento estratégico de afirmação económica de um país.

Tenho pena que, em Portugal, os anos se tenham sucedido sem que nunca os governos tenham tido da língua este entendimento. Por isso mesmo nunca sentimos a presença do Instituto Camões. Ao contrário do Instituto Cervantes… Por isso mesmo não percebemos que no ICEP (ou actual AICEP) se tenha feito tão pouco com o português…

Resta-nos a esperança no actual Ministro da Cultura. José António Pinto Ribeiro tem vistas largas e já encomendou um estudo sobre o valor económico da língua. Em Espanha conclui-se que traduzia 15% do PIB! Espantoso!

Imaginemos a oportunidade económica e social para Portugal representada nos países que compõem a CPLP: Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Timor, entre outros.

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