terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DON TAPSCOTT - CONFERÊNCIA #CRIAR2009


Assisti via webcast à Conferência de Don Tapscott no CCB, esta manhã, por ocasião da abertura do Ano Europeu da Criatividade e Inovação. Ideias muito interessantes ficaram no ar.


De registar que Don Tapscott sublinhou a evolução recente de Portugal no uso das TIC e sublinhou a importância de revitalização da Estratégia da Lisboa de modo a colocar a Europa no centro do Mundo. Bom de ouvir nos dias que correm...


Sem prejuízo de reflexão mais aprofundada, aqui ficam alguns dos "soundbytes" da Conferência(adaptados com cunho pessoal), que estão reflectidos em grande medida no seu recente livro "Grown Up Digital":


- Hoje as novas tecnologias trazem uma nova cultura de pedagogia, de ensino, de acesso aos bens culturais e ao conhecimento, assim como vivência democrática;


- A Internet é como um gigante computador global, porém é interessante compreender que na plataforma global se criam exponencialmente comunidades. A vida digital faz-se sobretudo em torno de partilha e de colaboração comunitárias;


- Porém, há (supostos) riscos de "estupidificação" das novas gerações ("the dummiest generation"). Há quem se dedique a investigar "internet the negative view of the new generation". Exageros...embora se deva estar atento;

- Actualmente as novas gerações são "Digital Natives" – estão a roubar tempo à tv e não às brincadeiras na rua, às aulas de piano ou jogos de amigos,.. As crianças e jovens adolescentes são pela primeira vez autoridades na revolução digital que influencia a inovação e a mudança de paradigmas, asssim como instituições;

- Não mais "generation gap", típico da década de 60. Hoje, pais e filhos partilham ipod, computador... e até as redes globais, que permitem o contacto com milhões de pessoas, realidades, colaboração, diversão. Diversão com aprendizagem;


- Há uma clara mudança da estrutura familiar clássica ("a mãe reportava ao pai e o filho reportava à mãe. O cão reportava à criança"). Agora os filhos estão mais independentes e os laços extra-familiares são mais fortes, assentes nas comunidades que se vão gerando;


- A actividade cívica passou a ter um significado político. George W Bush foi um dos principais impulsionadores da nova democracia digital...pelos erros políticos cometidos e pela necessidade de agregação que os americanos sentiram, talvez por isso a recente campanha de Obama tenha resultado de modo tão eficiente. Muito mais eficiente que noutros países que ainda não tiveram "o seu W Bush"


- "work, learning, colaborate and have fun is the same thing" - esta é a nova definição de trabalho, por isso as empresas que vedam o acesso às novas redes sociais na net e/ou a utilização de ferramentas de colaboração durante o horário de trabalho estão a cometer um erro.


- Mudança radical nas regras de marketing. A publicidade tradicional da TV já não resulta. Necessária uma nova abordagem aos clientes. 4 "P" do marketing estão em mudança. A experiência do consumidor mudou radicalmente com a Internet. Os processos de venda têm de se adaptar a consumidores muito mais exigentes que têm o poder de escolher e estão muito menos vulneráveis à publicidade tradicional.


- Conhecimento e aprendizagem interactivos. Novo modelo de aprendizagem bidireccional em que há colaboração recíproca. O modelo meramente expositivo - clássico - falhou e está a sucumbir perante estudantes cada vez mais exigentes e emancipados, que exigem colaborar activamente no processo de aprendizagem, sendo que as novas tecnologias estão a facilitar e a promover este novo paradigma/novo modelo pedagógico.


- "Longlife learning" está no centro das nossas experiências individuais e colectivas. O conhecimento é efémero. Antes ao sair da Universidade estava-se preparado para a vida e mundo do trabalho. Hoje está-se preparado para apenas 15 minutos. A mudança é radical. Necessidade de reinventar o nosso próprio conhecimento e saber. Necessidade de estar permanentemente aberto a nova informação que se traduza em conhecimento. As novas tecnologias são ferramentas vitais.


Enfim, excelente momento promovido pelo Plano Tecnológico. Parabéns!

1 comentário:

  1. Muito interessante este resumo.
    Quando no texto se afirma "Actualmente as novas gerações são "Digital Natives"...As crianças e jovens adolescentes são pela primeira vez autoridades na revolução digital", eu pergunto-me, como vai isto ser realizado em Portugal, quando o programa Eescola só permite 1GB de tráfego por mês.
    Qualquer pessoa experiente na net, sabe que 1GB não dá para aceder a conteúdos multimédia.
    Como se explica o contrato com operadores móveis, quando os operadores fixos ADSL por um preço bastante inferior, permitem tráfego ilimitado, maior velocidade (4x), acesso wireless e banda larga móvel até 100MB grátis. Com o wireless, e sem custos acrescidos, o programa Eescola permitiria o acesso a todo o agregado familiar.
    Como pode o país gastar os seus limitados recursos num serviço de luxo e com tantas limitações técnicas? Será que a mobilidade justifica a opção? Suspeito que aqui os interesses que prevaleceram não foram os de serviço público.

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