sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL (V)


Esta semana, a Anacom anunciou que, em Portugal, a banda larga móvel se tornou líder nos acessos à Internet com 2,4 milhões de utilizadores no final de 2008, contra 1,68 milhões nos acessos fixos. Significativo.

Ora quer isto dizer que a mobilidade veio para ficar. Não pode, pois, desprezar-se mais o conceito de “M-Democracia”, ou seja, a adaptação de serviços e conteúdos, designadamente pelos poderes públicos, destinados a computadores portáteis, pda´s e telemóveis.

Poderemos começar a falar numa espécie de “m-gov”, versão avançada do “e-gov”, por via do qual os governos disponibilizam informação e serviços de interesse público por via de tecnologia destinada a aparelhos de elevada mobilidade. Acresce, que a relevância do acesso “a qualquer hora e local”, através de pontos “wireless” ou “hot spots” – espaços de acesso inalâmbrico (wifi) – também passa a ser vital e estratégico nesta caminhada.

Considerando que este ano o número de “notebooks” – pequenos portáteis tipo-“Magalhães” – cresceu exponencialmente e que a esmagadora maioria dos cidadãos tem telemóvel (até mais do que um!) fica demonstrado que tudo quanto seja conteúdo definido pelos governos e administrações públicas (mas não apenas) direccionado para aqueles veículos tecnológicos terá uma taxa de adesão e utilização muito significativas.

Bastará atentarmos no número de “horas-mortas” que passamos semanalmente – seja nos transportes públicos ou nas intermináveis filas de trânsito – para compreender o efeito-útil que a acessibilidade móvel à informação passa a ter, seja para quem a recebe ou emite. Imagine-se a comodidade de uma “loja do cidadão” disponibilizada no telemóvel!..

Parece-me, aliás, e não estará muito longe de suceder, que o único caminho para atalhar o aumento de abstenção e de desinteresse pela coisa pública é levar a discussão aonde os cidadãos estão. Se eles estão no outro lado da rede, acedendo via telemóvel ou por portátil, então é aí que a democracia se deve passar a construir também. Por que não a votação de referendos ou outros actos eleitorais via telemóvel? Há mil formas de garantir a segurança e de superar a questão da presencialidade do voto (mms por exemplo).

Finalmente, há ainda fossos no processo de info-inclusão das TIC. Estão identificados os que continuam de fora: os mais idosos, mais rurais, mais pobres. Porém, curiosamente, este modelo de exclusão não se repete quando falamos de telefonia móvel, por que não aproveitar essa vantagem para reforçar a democracia?
PUBLICADO NO JORNAL OJE

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