Acaso fosse (e ainda bem que não sou!) o Primeiro-Ministro do nosso país apresentaria imediatamente a minha demissão do cargo. Pela separação das águas e pelo esclarecimento político.
Cada um deve assumir as suas responsabilidades perante o que se está a passar em Portugal. O próprio governante, desde logo, os jornalistas, o Presidente da República e, enfim, todos os portugueses.
Já não faltava a crise global mais grave das últimas décadas! É desumano pedir-se a um Primeiro-Ministro que continue a encontrar energia para governar o país, quando a “conta-gotas” se alimenta um clima de suspeição que assassina o respectivo carácter e probidade.
Como – e muito bem – tem sido assumido pelo próprio José Sócrates se há um tema que está a ser apreciado pela Justiça, pois que aí se encontrem as respostas, sem que se confunda tudo com as responsabilidades políticas. Afinal de contas, existe uma maioria democraticamente eleita, que, até ver, não pode ser penalizada por uma mera suspeita.
Claro, que José Sócrates deveria apresentar-se, imediatamente após a sua reeleição como Secretário-Geral do PS, perante os portugueses como recandidato a PM. Só deste modo, novamente na esfera da política, se poderá atestar a sua credibilidade e o grau de confiança. José Sócrates merece que os portugueses se pronunciem sob a sua performance política.
Por outro lado, se os jornalistas têm elementos que comprovam a eventual culpa do Primeiro-Ministro, por que os não apresentam? Por que razão nos últimos dias se apresenta sempre a mesma informação sob ângulos diferentes? Há algum contributo mais para o apuramento da verdade material que vá além do sensacionalismo que ajuda a vender primeiras páginas?..
A tudo isto já respondeu por duas vezes a Procuradoria-Geral da República – que tem o exclusivo da competência! - esclarecendo que sobre José Sócrates não existe qualquer indício de envolvimento. Então, por que não termina o espectáculo mediático?
O jornalismo independente é uma condição necessária da democracia. O jornalismo espectáculo e comprometido é próprio do sub-mundo.
Ao Presidente da República, enquanto garante de estabilidade, cabe o papel de perceber que perpetuar esta situação de dúvida conduzirá ao aniquilamento da já débil ambição nacional, pelo que melhor será antecipar eleições, aceitando a demissão do PM. De outro modo, o Presidente será conivente com este pântano informativo que consome a credibilidade de todos.
Finalmente, aos portugueses caberá a última palavra. E essa será dada nas eleições. Como sempre com grande sabedoria. Separando “o trigo do joio”. À política o que é da política aos tribunais o que é da Justiça.
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