Barack Obama utilizou, até hoje como ninguém, as novas tecnologias e, em particular, a internet para alcançar a vitória nas últimas eleições presidenciais. Cedo compreendeu que existe um número muito significativo de cidadãos que não participa nos modelos eleitorais tradicionais, designadamente os mais jovens.O alheamento de muitos não significa, todavia, desinteresse cívico, mas antes desconforto com uma forma cínica de fazer política que apresenta soluções “chave na mão” e que não suscita a participação genuína.
Muitos dos que votaram pela primeira vez nos Estados Unidos – e foram determinantes na vitória de Obama – discutem política, debatem os grandes temas da actualidade e criticam as principais opções dos actores partidários. Sim! Mas fazem-no em fóruns até aqui desconhecidos dos políticos tradicionais. Fazem-no na internet, sobretudo nas redes sociais em que se agrupam por interesses comuns.
Os políticos tradicionais vão agora tentar, sempre em vésperas eleitorais, aderir a estes novos areópagos tecnológicos, mas vão ficar à porta, porque é essencial “ser um entre iguais” para ouvir e ser ouvido. Há quem vá chegar muito tarde. Outros, como em tudo na vida, vão receber os louros do pioneirismo. Os que já lá estão. Como Obama.
A este propósito, vale a pena ler uma entrevista ao “El País” de Chris DeWolfe, cofundador do “My Space”, uma das mais poderosas redes sociais da Web, em que explica o poder político da “Geração do Milénio”: a que lê poucos jornais e quase não vê televisão, mas que “respira” a informação da net e que sente poder contribuir para a mudança.~
E Chris DeWolfe apresenta dados surpreendentes: 45% dos utilizadores do “My Space” têm mais de 35 anos. Não falamos de adolescentes, mas de gente madura e, em muitos casos, com poder real de influência, capacidade económica e níveis elevados de educação. Se levarmos ainda em consideração que nas Presidenciais Americanas 1 (um) milhão de utilizadores seguiam Obama pelo “My Space” percebemos facilmente o poder político deste admirável mundo novo.
E, eis que surge mais um dado novo: as plataformas móveis são o futuro. Isto é, o telemóvel será muito em breve o acesso privilegiado às redes sociais. O mesmo é dizer que o número de utilizadores aumentará exponencialmente, assim como a possibilidade de “estar ligado”. Tudo somado equivale a dizer que o controlo democrático pelos cidadãos será mais estreito, os governos devem estar preparados para interagir por meios destes novos ambientes tecnológicos e os políticos têm que participar activa e genuinamente nestes espaços.
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