Mais impactante, ainda, é o facto de se verificarem os maiores crescimentos nas comunidades latinas e afro-americanas. Sintomático de que o telemóvel tem nas (supostamente) classes mais desfavorecidas uma elevada penetração, porquanto o acesso via banda larga é bastante mais reduzido por entre estas minorias.
Aquele documento confirma esta tendência com o facto dos países BRIC, com o Brasil e a Índia à cabeça, se apresentarem como mercados atraentes e de elevada expansão para os fabricantes e operadores de telemóveis.
Acredito, com base no método da observação, que em Portugal a tendência não será distinta.
Daqui pode concluir-se que o acesso à informação, a conteúdos da mais diversa natureza e a interacção entre utilizadores tem na mobilidade um espaço fértil e privilegiado de crescimento.
Daqui pode concluir-se que o acesso à informação, a conteúdos da mais diversa natureza e a interacção entre utilizadores tem na mobilidade um espaço fértil e privilegiado de crescimento.
Significa que o “gap” entre poderes de compras fica esbatido quando se trata de ter no telemóvel um ponto de acesso.
Posto isto, resta tentar compreender como irão reagir os poderes públicos a este facto. O mesmo é dizer: como se adequarão as medidas de “e-gov” ou governo digital à mobilidade? O que farão os políticos para adaptar os respectivos modelos de comunicação a este periférico? Para quando a possibilidade de votação e participação em medidas públicas via telemóvel?.. Há ainda muito por fazer.
Enfim, a cidadania digital, doravante, não se construirá apenas no e a partir do computador, mas sobretudo tendo por base telemóveis cada vez mais preparados tecnologicamente para o efeito.
Recordo o episódio da professora, da aluna e do telemóvel na sala de aula, que tanto brado deu.
Recordo o episódio da professora, da aluna e do telemóvel na sala de aula, que tanto brado deu.
Ora, estes utilitários são, hoje, extensões de nós próprios segundo a tese do “anywhere, anytime with anyone”; pelo que melhor será conceber novos modelos pedagógicos de ensino que contemplem o telemóvel como nova ferramenta de trabalho e não apenas de lazer.
Duvidam?.. Quem acreditava há 2 ou 3 anos que seria possível dar um sinal ao mundo com o Projecto Magalhães numa singular parceria pública-privada entre o governo português, a Intel e a Microsoft. Portugal pode afinal transformar-se num cluster de conteúdos educativos, sobretudo móveis!
Publicado no Jornal OJE
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