terça-feira, 28 de julho de 2009

GRIPE A - NADA COMO DANTES

Na internet, mais especificamente na rede social “Twitter”, foi criado um jogo chamado “twinfluenza” que permite ao utilizador enviar um espirro virtual para uma pessoa à escolha. Mau gosto, dirão uns. Criatividade, responderão outros. Pouco importa para o caso. Aliás, a criatividade mexicana conduziu a que a figura do herói revolucionário Benito Juárez apareça na nota de vinte pesos com uma máscara de protecção. Estes são apenas alguns dos muitos episódios burlescos relativos à “Gripe A”.

Como em tudo na vida há diferentes formas de encarar um problema: com desilusão, com ânimo, com humor ou com tristeza. A pandemia do H1N1 tem sido terreno fértil para a diversidade de reacções.

Há aliás, como sempre também, quem veja na desgraça alheia uma oportunidade e, por isso mesmo, farmacêuticas, produtores de máscaras e outros encontraram aqui relevante fonte de receitas.

Tenho tido a oportunidade – e o risco elevado que lhe está associado – de viajar imenso nos últimos meses: na Europa, em África e nas Américas. Em cada continente observei distintas reacções à “Gripe A”. Maior ou menor alarmismo. Maior ou menor prevenção. Maior ou menor mediatização.

Saí quase sempre de Portugal alarmado. Os noticiários pintavam o Mundo gripado de Norte a Sul. É o nosso habitual pessimismo. Chegado ao destino – e apesar dos números de infectados – raramente se sentia a presença da famigerada pandemia. “Life must go on”.

Mas a “Gripe A” não é apenas um vírus. Esta estirpe será causa de muitas transformações e a verdade é que por cá nada será como dantes. Alteraram-se hábitos de higiene. Planificação passou a ser palavra de ordem. Comunicação continuada uma estratégia política de sucesso. Veja-se o exemplo da Ministra da Saúde…

O país percebeu a sua fragilidade. Não havia planos de contingência em parte alguma. Do Estado às empresas, passando pelas famílias. Ironia das ironias: não estamos preparados para catástrofes, apesar da visão algo calamitosa que temos da vida. Depois disto passamos a estar um pouco melhores. Pelo menos para gripes e afins estaremos preparados, para tsunamis ou tremores de terra já duvido.

Enfim, seria, de facto, interessante aproveitarmos o caso da Gripe A e dos planos de contingência associados para replicarmos este modelo a outros sectores da nossa vida colectiva.

Um Estado e uma sociedade planificados são mais fortes, porque mais preparados. Jogam na antecipação. Aqui não existe conotação ideológica, mas profundo pragmatismo.

Mas atenção: “ainda a procissão vai no adro”. Veremos, pois, como evoluirá a situação à medida que os números aumentarem. Vem aí o início do ano escolar, assim como o Outono e o Inverno…o ambiente propício para o caldo entornar.

1 comentário:

  1. Com defeitos ou sem eles, com a n/ capacidade de improvisação até nem estamos a sairmo-nos mal de todo. A diferença está em que os outros assobiam p/ o ar como se nada fosse, mas o número de mortes não para de subir, veja-se o que se passa no EUA.

    Adoro este país, o que é que quer...

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