terça-feira, 27 de abril de 2010

NÃO BASTA PEDIR PERDÃO!


A Igreja católica vive porventura uma das suas crises mais profundas. À crise das vocações juntam-se os sucessivos escândalos em torno da pedofilia e dos abusos sexuais nas mais diversas geografias. Raro o dia em que não surge uma triste notícia associada ao clero.

O actual Papa tem a sua imagem pessoal inelutavelmente ligada a um conservadorismo retrógrado, ao puritanismo farisaico e ao encerramento da Igreja sobre si própria. Era assim antes de haver fumo branco, confirmou-se, pelas piores razões, depois.
Em tempo de crise económica e social era importante a existência de uma Igreja diferente. Forte e inatacável. Um baluarte de princípios éticos, morais e humanos inquestionavelmente dignos. Lamentavelmente assim não é. E nao basta pedir perdão!..

Afinal a Igreja, por muito que custe a alguns, é feita de homens e por isso mesmo passível de erros. Normal, não fora o facto de os tentar historicamente encobrir, tipo “vícios privados, públicas virtudes”.

Acresce, que o pior erro da Igreja Católica – que assim permite o crescimento desmesurado de todo o tipo de seitas – é o desafasamento face aos desafios dos nossos dias. Falta-lhe respostas para muitos dos nossos problemas. Está cada vez mais distante das pessoas.

Longe vão os tempos de um João Paulo II que atria multidões, ajudava a derrubar muros e ia mais além na Solidariedade.

É nesta circunstância que a visita do Papa Bento XVI a Portugal ocorre. Não podemos mascarar a realidade e ir para a rua apenas cantar ossanas. Razão ao alto e reflexão profunda.

Já que no plano do intangível estamos entendidos, pelo menos que esta visita sirva para dinamizar a nossa economia local. Fala-se em “cluster religioso” – curiosa associação da economia à crença – em torno de Fátima, pois então que a incompreensível tolerância de ponto permita ao menos aos crentes consumirem até à exaustão.

Pena é que este país seja o mesmo que não recebeu oficialmente o Dalai Lama, cuja postura está associada à Paz e à Harmonia!

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