sexta-feira, 16 de abril de 2010

DEMOCRACIA DIGITAL XLV




“Publico, logo existo!” - este bem poderia ser o lema da comunidade científica portuguesa...
O número de publicações científicas por milhão de habitantes em Portugal cresceu nos últimos anos 68%. O número de doutoramentos também aumentou 50%. Muito importante, sem dúvida. Mas mais relevante é aferir o impacto na economia real dessa produção intelectual. Os dados bibliométricos são interessantes, mas quantas empresas de base tecnológica dali emergiram? E quantas exportam? E qual o respectivo peso no PIB?...Estas são as questões que devemos colocar a todo tempo.

Por outro lado a disponibilização na internet da informação resultante dessas investigações – em condições de poder ser entendida e aproveitada – é uma lacuna evidente.
Precisamos de mais exemplos pioneiros como o do “Vital Jacket” - uma camisola que tem incorporado um dispositivo electrónico e vários sensores que captam os sinais vitais da pessoa que a veste e pode monitorizar o ritmo cardíaco. Este projecto resultou de uma parceria perfeita entre a Universidade, o sector empresarial e os profissionais de saúde. Esta multidisciplinaridade deu vida a um “paper” gerando um produto único no Mundo.
Em valores relativos o número de empresas com actividades de I&D duplicou nos últimos anos, assim como o número de investigadores nelas presentes. Esforço privado digno de registo.

Há ainda, e apesar de tudo, um afastamento entre o universo científico e as empresas portuguesas. As universidades continuam muito viradas para dentro e para a elaboração de saber, que não significa necessariamente conhecimento nem riqueza nacional. A conversão dos “papers” em projectos concretos, em “start ups” e em riqueza material é uma prioridade estratégica para o país, sob pena de se perderem demasiadas oportunidades e...muitos recursos públicos.

Publicado no Jornal OJE

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