Os comunistas costumam dizer a propósito de remodelações que as mesmas são irrelevantes, pois em grande medida o que interessa são as políticas e não as pessoas ou os protagonistas. Ora, seguirei à risca este comentário, que se transformou num jargão, para qualificar o actual governo, que acaba de tomar posse.
Falarei, então, das políticas e não das pessoas.
O maior desafio de Sócrates & Companhia é, obviamente, gerar emprego, que permita, por um lado, diminuir drasticamente os números do desemprego e, mais, criar uma massa de trabalhadores crescentemente qualificados. Só assim a economia nacional poderá desenvolver-se e o país ser mais competitivo.
A questão essencial é perceber em que sectores de actividade se poderão gerar oportunidades de emprego. Isto, no fundo, implica que se compreenda qual o rumo que se pretende para o país, quais as áreas estratégicas: turismo, energia, saúde, cultura,…? Quais? Todas ou apenas algumas?..
Posto isto, a segunda prioridade é criar definitivamente mecanismos para a internacionalização das nossas empresas. Para o efeito o governo deve internamente colocar esta prioridade na agenda não apenas do Ministério da Economia, mas sobretudo dos Negócios Estrangeiros. Uma diplomacia económica a sério, feita por diplomatas mas também por quem não abusa dos “punhos de renda”e sabe como colocar no radar internacional os nossos produtos e serviços.
Neste domínio está tudo por fazer, não obstante o esforço efectivo (sobretudo voluntarista e pessoal) do Primeiro-Ministro na anterior legislatura, mas que depois não era acompanhado…
Este desiderato implica, forçosamente, a revisão de sistemas de incentivos públicos e de fiscalidade, sobretudo em áreas onde manifestamente já somos competitivos e inovadores ou teremos de passar a ser. Tratar tudo por igual é meio caminho andado para perdermos foco, tempo e oportunidades.
Finalmente, creio, que a questão do “aging” (envelhecimento da população) e, reciprocamente, da baixa natalidade deveriam ser claras apostas políticas.
Senão vejamos: há muitos milhares de portugueses reformados, que poderiam dar o seu contributo cívico e social, desde que criados programas públicos para o efeito. Gente que vai envelhecendo por ociosidade… e que estaria disponível para ajudar o país e os outros. Criar, em suma, riqueza social!
Importa, por outro lado, sublinhar que existem, neste domínio, inúmeras oportunidades de negócio, essencialmente, se levarmos em linha de conta os potenciais consumidores que representam milhões de reformados do norte da Europa que sonham com o nosso sol e praia!..
Quanto à baixa de natalidade, apesar dos esforços feitos com a nova prestação de apoio à gravidez e com o aumento do abono de família, a verdade é que as famílias elegíveis deveriam ser muitas mais. A classe média em Portugal é uma banda muito larga e, infelizmente, por vezes são considerados ricos sem o serem.
Assim, deveria haver um forte impulso e apoio financeiro para o 3º filho, que, tal como na Austrália, garante a manutenção/reprodução ou reposição da população e, obviamente, um sistema de incentivos fortes às empresas para a criação de creches e actividades extra-curriculares, que complemente o sistema público, sobretudo dirigido às camadas mais desprotegidas.
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