quarta-feira, 23 de setembro de 2009

CIDADÃOS DO MUNDO


Coimbra guarda até hoje a classificação de “Lusa-Atenas” por ser associada ao conhecimento e ao saber, mas também pelo seu cosmopolitismo. Aqui, desde sempre, foi chegando gente de todas as paragens. As diferentes origens, vivências e experiências ajudaram a construir a multi-culturalidade muito própria de Coimbra. Deram-lhe singularidade e enriqueceram-na.


Basta recordar que nomes como Antero de Quental, Eça de Queirós, Almeida Garrett, José Afonso, Miguel Torga ou Manuel Alegre - todos indissociáveis do imaginário coimbrão – nenhum nasceu em Coimbra, mas adoptaram-na como sua. E Coimbra quer tê-los como seus, sempre!

Dizer-se com desdém, nos dias que correm, que alguém é “paraquedista” – ou seja de fora de Coimbra - querendo com isso diminuí-la nas respectivas capacidade e legitimidade, é próprio de quem tem as vistas curtas e para quem o Mundo começa e acaba no respectivo umbigo.

Afinal de contas, o mal de Coimbra – sim, desta Coimbra de hoje – é devido á inércia e a incapacidade dos que aí estão há tempo demais e nunca por nunca dos que querem agarrar o facho da modernidade, ainda que de Coimbra não sejam oriundos.

Mas, do meu ponto de vista, que me comunico diariamente com pessoas de todos os continentes; que leio jornais de diversos países; que tenho uma filha com dupla nacionalidade; que navego na internet como se o Mundo estivesse ao alcance dos dedos (e está!); que tenho nas redes sociais amigos nas mais diversas geografias; que habito num mundo global…ouvir dizer que alguém só por ser da Lourinhã não conhece Coimbra e – pasme-se! – não tem qualidades para a representar no parlamento ou no governo é, no mínimo, risível e só aparece à míngua de melhores argumentos.

Acresce, que há até a obrigação do conhecimento da nossa lei fundamental – a Constituição da República – que prescreve que os deputados são da Nação e não do distrito, representando por isso o todo nacional e não o somatório das partes.

Mais importante do que a nossa naturalidade é a nossa obra, a nossa herança cívica. No fundo, as marcas que se deixam - sobretudo os que têm responsabilidades públicas - são os factores distintivos que devem, em tempos de escolha e de selecção, por isso mesmo ser avaliados.

Ser de Coimbra, só por si, não é garantia de coisa alguma. Já os vi muito competentes e tremendamente desastrosos, como em todo o lado. Já os vi num provincianismo assumido deslumbrados com Lisboa, esquecendo rapidamente de onde vieram… Aliás, já me habituei a vê-los no estádio a puxar pelo Benfica, pelo Sporting e Porto contra a minha Briosa!..

Por isso mesmo ser Coimbra já não é garantia de nada! Neste caso prefiro os de fora com obra feita!

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