Pois bem, um estudo muito recente veio contrariar essa tendência. O “Stanford Study of Writing”, daquela famosa universidade e cuja leitura se recomenda vivamente, resultou de uma análise cuidada a catorze mil documentos escritos por crianças e adolescentes entre 2001 e 2006, que incluíam trabalhos de casa, posts em blogues, sms, conversações em chats, etc etc.
As conclusões são impressionantes: há como nunca, e por via do uso das novas tecnologias, um recrudescimento das habilidades para a escrita. Ora, sucede que hoje em dia os jovens escrevem mais, praticam muito na internet (chats, blogues, redes sociais) e adaptam-se aos meios e contextos. Por isso mesmo, entre si na troca de sms não é suposto produzirem tratados literários, mas ser sintético e objectivo; de igual modo, nos chats. Curiosamente, nas redes sociais, dada a heterogeneidade de contactos percebe-se uma evolução na qualidade do que é escrito em função do nível do destinatário.
Parece-me uma evidência indubitável afirmar que hoje se escreve muito mais que no passado – por isso mesmo é provável encontrar também mais pessoas que escrevem mal, pois a base aumentou! – e tal é feito num tempo que foi retirado à televisão e a brincadeiras de rua.
As novas tecnologias fizeram surgir uma “nova literacia”, evidentemente digital, que traz consigo o aumento de produção cultural e literária, sendo que os jovens têm a capacidade de distinguir os contextos e o inerente grau de exigência.
Publicado no Jornal OJE
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