1.A internet é, de facto, um admirável mundo novo. O conhecimento e o saber são variáveis absolutamente determinantes do desenvolvimento humano. A questão mais pertinente, nos dias que correm, é compreender de que modo as novas tecnologias podem ser agregadoras e factores de promoção de conhecimento, ao invés de aprofundarem as desigualdades e “gaps” de desenvolvimento.
Pensando neste desafio a ONU lançou, no passado mês de Maio, uma iniciativa digna de registo: a primeira universidade global “online” e de matrícula gratuita, por via da qual promoverá o acesso ao ensino superior para estudantes das regiões menos desenvolvidas do mundo.
A “UoPeople” é parte da “UN Global Alliance for Information and Communication Technology and Development (GAID)”e resultou da colaboração de diversas universidades conceituadas que decidiram criar um sistema de ensino comum assente em comunidades virtuais de saber, cujo acesso gratuito depende apenas da ligação à internet.
Com este projecto universitário as Nações Unidas têm por objectivo facultar o acesso a educação de elevada qualidade, por via do uso das novas tecnologias, a todos quantos se encontram nos mais remotos locais do globo.
A “UoPeople” está neste momento a recrutar alunos e professores. Porém, nesta fase, o inglês é a língua de aprendizagem, o que significa que muitos ficarão ainda de fora. É pena!
2.O mundo “online” está a afirmar-se como uma séria oportunidade para os governos. Podem, assim, expor medidas políticas, promover discussões, reduzir a burocracia e maximizar os recursos colectivos a custos inferiores. Disso são exemplo os plúrimos projectos de “e-gov” que proliferam pelo Mundo.
Mas é, igualmente, certo que a internet deu aos cidadãos um poder de controlo, de escrutínio e de avaliação permanente, que não obedece sequer aos calendários eleitorais.
No Brasil, foi recentemente lançado na internet um projecto inovador e peculiar: o Museu da Corrupção. Sim, leu bem, um acervo “online” dos casos mais conhecidos de corrupção e de práticas abusivas levadas a cabo no nosso país-irmão.
Em www.dcomercio.com.br/especiais/2009/museu/home.htm podem então observar-se casos que ficaram famosos e proceder a actualizações.
Todavia, no site, pode constatar-se que estas práticas lesivas do interesse pública vêm de longe, referindo-se o “Sermão do Toma” do Padre António Vieira…
Publicado no JORNAL OJE