sexta-feira, 5 de junho de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XVII


Passaram vinte anos sobre o massacre de Tiananmen. Desde então a China mudou muito. Passou a ter das mais elevadas taxas anuais de crescimento e assumiu-se inexoravelmente como uma potência. Apesar disso nem tudo se transformou: o regime político mantém-se fechado e o controlo sobre as liberdades individuais e colectivas muito apertado.

O governo chinês há muito que compreendeu o poder das novas tecnologias enquanto ferramentas de dinamização política e social: entenda-se de resistência e combate ao regime. Passados vinte anos o “status quo” chinês não quis correr o risco de novos episódios na – ironicamente identificada - Praça da Paz Celestial, pelo que toca a bloquear os acessos ao “Twitter”, ao “Bing” e ao “You Tube”, entre outras aplicações.

Tiananmen é palavra maldita no léxico do “Império do Meio”, pois se para uns representa chacina e massacre, para outros significa emancipação, libertação e resistência. O Governo chinês decidiu então apagar da história oficial esta data. Hoje, faz tudo para a apagar do imaginário colectivo chinês.

É curioso analisar como no Mundo a tecnologia assume diferentes usos e relevância em função dos propósitos a que se destina. Dito de outro modo: se em muitos países a democracia está a aprofundar-se com o uso das redes sociais e da internet, seja promovida pelos cidadãos seja pelos próprios governos; ao invés, noutros, as ditaduras fechadas sobre si mesmas inibem o acesso generalizado e livre às tecnologias da informação e do conhecimento e usam-nas oficialmente até de forma perversa.

Daqui resulta, em meu entender, uma conclusão: importa que a comunidade internacional passe a estar mais atenta a esta nova realidade – a sociedade da informação global – porquanto as violações dos direitos, liberdades e das garantias também ocorrem (e cada vez mais!) no dito mundo-virtual.

Não deixemos nós – homens e mulheres livres – apagar da memória o significado de Tiananmen. Usemos, pois, em força as redes sociais, a internet e as TIC!

Publicado no Jornal OJE

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