terça-feira, 9 de junho de 2009

TODAVIA HÁ SEMPRE UM MAS...

O PS perdeu as eleições europeias. O PSD e o BE foram os vencedores. O CDS/PP e o PCP resistem. Isto é factual. Os números são inequívocos.

Todavia, como em tudo na vida, há sempre um mas… É pura especulação e demagogia querer impor um nexo causal entre os resultados das europeias e o que nos trarão as legislativas.
Senão vejamos: os actos eleitorais têm natureza absolutamente distinta; os níveis absurdos de abstenção deste fim-de-semana não se repetirão, apesar de tendencialmente altos; os protagonistas não serão os mesmos; as motivações do eleitorado são outras; o acompanhamento mediático da campanha é radicalmente diferente; a história comprova que não há relação directa entre uma eleição e outra, etc etc

Há uma panóplia de argumentos que podem ser aduzidos para justificar que a derrota do PS nas europeias não significa igual decepção nas legislativas, assim como as vitórias do PSD e do BE não estão garantidas em Outubro próximo.

Apesar de tudo, no meu entender, há três grandes lições a tirar deste processo eleitoral.

Primeira lição: José Sócrates tem que rever inelutavelmente a estratégia governativa. Querer manter a mesma agenda, designadamente de grandes projectos de obras públicas sem atender às particulares dificuldades das PMEs, pode ser arriscado. Querer manter o mesmo estilo de comunicação – onde nem sempre se compreendem as motivações das medidas políticas – será de duvidosa eficácia. Escolher equipas governativas sem qualquer perfil político tem um elevado preço a pagar…

Segunda lição: há partidos que têm ambições governativas e por isso mesmo se exige que tenham uma postura responsável e líderes com perfil para o efeito – essa será a escolha entre Sócrates e Ferreira Leite – e outros partidos anti-sistémicos sem perspectiva de governar que assim tudo podem propor e dizer. É o famigerado voto útil. E, ele existirá em Outubro mais do que nunca!

Terceira lição: o desemprego elevado obrigaria a um imediato pacto político nacional consubstanciado num pacote de medidas em que todos os partidos se pudessem rever (demagogia, eleitoralismo, populismo e outras perversões à parte). O mesmo se diga para a justiça, educação e saúde. Caso seja impossível, então a grande questão da governabilidade e da estabilidade política impõem aos dois maiores partidos a responsabilidade de se entenderem sob pena do país cair no lamaçal da incerteza que em nada ajudará à difícil situação económica e social.

2 comentários:

  1. Tens razão! Há sempre um "mas".
    É pouco razoável não ler o contexto.
    Tal qual o "homem", também há que perceber o "acto eleitoral E a sua circunstância".

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  2. Concordo que haja sempre um mas... porém, no caso destas eleições, esse mas é mais pequenino. Apesar da abstenção, ela foi igual à das últimas europeias e nas últimas o PS venceu clara e inequivocamente.
    O mas destas eleições é o mas de milhares de cidadãos que por uma razão ou outra, e todas as razões de cumulam, deram um aviso sério a José Sócrates. Porventura o sinal mais evidente é a actual péssima equiva governativa, designadamente ao nível de alguns mMinistros, mas muito ao nível de vários Secretários de Estado.

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