Há uns anos, ainda Manuel Machado era presidente da Câmara de Coimbra e o saudoso Nuno Viegas do Nascimento presidia à Fundação Bissaya Barreto, esteve em discussão a criação de um parque temático sobre a Europa em tudo idêntico ao inolvidável “Portugal dos Pequenitos”.
Como tantas outras coisas nesta cidade – triste fado o nosso - o projecto não passou do papel; porém teve a virtude de estimular a discussão, alargar o imaginário colectivo e de associar Coimbra ao projecto europeu. Lembrei-me da ideia (e da sua não execução) decorrida que está uma semana de campanha eleitoral para as eleições europeias.
A pequenez do debate transformou esta corrida para Bruxelas em algo morno e desinteressante, reflexo disso mesmo é a mais que previsível taxa de abstenção elevadíssima. O debate sobre a Europa ocorre apenas de cinco em cinco anos, aos soluços, e com imenso ruído de fundo.
Os cidadãos estão cada vez mais distantes da Europa, sendo que a Europa é cada vez mais influente no quotidiano dos cidadãos. Ora, há algo que não bate certo!
Insistir no erro de debater os problemas e as tricas nacionais em plena campanha para as Europeias apenas contribui para a confusão. Os candidatos perdem-se em acusações e troca de galhardetes absolutamente iníquas para o que é verdadeiramente relevante.
A verdade é que ninguém procura debater e explicar qual vai ser a agenda europeia para combater a crise nos próximos anos; a estratégia para o crescimento europeu; as medidas para o cumprimento da redução de CO2 na UE; o alargamento dos programas para o aprofundamento da cidadania europeia como o Erasmus etc, etc. Isso parece não interessar…
Basta perder (sim perder) uns minutos por dia para ver a cobertura jornalística da campanha para confirmar que o que está em causa é uma espécie de “primeiros 45 minutos” das legislativas: Manuela ataca Sócrates; Sócrates prova que está vivo e tem coragem nacional dando a cara; Vital defende o PM; Rangel quer fazer a partir da rua os debates quinzenais com Sócrates; Ilda promove manifestações e estimula greves; Portas (o do Bloco) é contra como sempre; Portas (o do PP) aproveita para bater no Ministro da Agricultura etc, etc. As agendas nacionais de cada um fazem da Europa uma insignificante nota de rodapé.
Esta é uma estratégia errada que nem o facto de termos Lisboa no ADN jurídico da União irá apagar. A Europa (a dos eurocratas, que não a dos cidadãos) agradece este alheamento.
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