sexta-feira, 8 de maio de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XIV


Diz-se que temos duas orelhas e uma boca, porque é mais relevante ouvir que falar. A verdade é que a tentação é, a mais das vezes, a inversa.

Nos dias que correm, o exercício de recolha de “feedback” é absolutamente determinante para o sucesso de qualquer estratégia corporativa, social ou política. É isso que apre(e)ndemos com a modernas técnicas de gestão da comunicação.

De tal modo, que, inicialmente, a internet surge como um repositório de informação na qual o utilizador apenas acede a conteúdos. O movimento é unidireccional. Tendencialmente, a Web foi evoluindo para a versão 2.0 em que a comunicação passa a ser bidireccional. O utilizador surge, também, como produtor de conteúdos e emissor de mensagens. Aumentou assim o poder dos internautas na razão directa do risco de quem não sabe ouvir.

Perante este cenário de comunicação global as tecnologias da informação e da comunicação passaram a desempenhar um papel relevantíssimo na nossa organização social e política, assim como na vida das empresas.

Definir e prosseguir uma estratégia de execução – nos Estados como nas empresas – com total alheamento dos destinatários das mesmas é um erro grave. Saber ouvir e reflectir nas reacções é tão importante quanto saber agir.

Não por acaso os políticos estão a aderir massivamente às redes sociais e a usar as mesmas ferramentas de comunicação que os cidadãos, porque sabem que é essencial estar próximo, compreender o “mood” e avaliar reacções.

Mas, note-se, a imersão tem de ser contínua e nunca oportunista em função de objectivos de curto prazo; a monitorização de “feedback” deve ser ampla integrando oportunidades, ameaças, fraquezas e potencialidades e a comunicação tem de ser genuína com base em respostas efectivas às reacções colhidas.

Dito isto, para ter sucesso não basta abrir conta no “facebook”, “twitter” ou “hi5”; despejar uns quantos vídeos no “you tube” e criar um fórum no respectivo site. É preciso muito mais do que isso: é essencial monitorizar em permanência, colher reacções e responder com seriedade.
No passado dia 25 de Abril, Santana Lopes apresentou-se aos lisboetas via net; Sócrates respondeu ao vivo aos internautas e Cavaco fez o elogio de D. Nuno Alvares Pereira na Web. Interessante e elucidativo.

Veremos, agora, quem saberá comunicar – que implica ouvir - com eficácia e sucesso.
Publicado no JORNAL OJE

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