terça-feira, 31 de março de 2009

FALTA CLARIDADE À FIGUEIRA!


O estado de anemia a que chegou a Figueira da Foz é um caso digno de registo. Aquela que foi, durante décadas, a “Rainha das Praias Portuguesas” há muito que perdeu o título e as honrarias. Mais grave, ainda, não se vislumbra luz no horizonte sombrio. E é pena!

A Figueira tem uma localização geográfica fantástica: ligada por auto-estrada ao eixo Lisboa-Porto (as duas maiores urbes nacionais); na proximidade de Coimbra (cidade jovem e universitária); a pouco mais de 30 minutos de Fátima (o maior centro religioso da Europa) e com acessos directos a Espanha (antecedentes turísticos fortes). Uma análise fria conduz-nos à inexorável conclusão que a localização estratégica tem sido desprezada na construção da cidade. Nada disto tem sido aproveitado para fazer da Figueira um pólo de referência regional ou nacional.

Por outro lado, a Figueira tem costa marítima. Esse património colectivo tão desprezado. Não nos basta ter recursos naturais, há que saber preservá-los e promovê-los. A Figueira manifestamente não tem sabido gerir a sua relação com o mar. Quanto às praias sem comentário…Quanto ao resto, veja-se o que se tem passado recentemente com Sines – o salto qualitativo – para perceber que ter um porto não basta. É preciso saber dinamizá-lo!

Com o advento das energias alternativas, a Figueira poderia aproveitar quer o tão seu clássico vento para potenciar projectos eólicos, quer a energia das ondas, que outros mais a norte anteciparam. Mas nada. Na Figueira “o mar enrola na areia” e pouco mais.

Mais, ainda, quando alguns quiseram deixar de ser “Coimbra B” instalando na Figueira a universidade esqueceram-se que tal faria sentido se os cursos fossem dedicados à biologia marítima, às industrias marítimas à gestão dos recursos marítimos…nunca por nunca ao Direito e à Gestão. Claro, que os pólos académicos trouxeram algo de novo, mas muito pouco face ao potencial se relacionados com os recursos e factores distintivos da cidade.

Tudo quanto se mencionou tem a ver com uma ideia de cidade, com um modelo de desenvolvimento. Falta à Figueira esse rumo, esse desígnio. Vive de coisas pequenas e efémeras. O corso carnavalesco e o S.João. Falta o resto.

Mas mesmo os detalhes ou pequenas coisas falham. Veja-se o subaproveitamento da belíssima marginal. Veja-se o estado deplorável de degradação e abandono a que chegaram os equipamentos desportivos colocados no areal.

É absolutamente incompreensível o estado catatónico da Figueira. Fechada sobre si mesma. Indiferente ao contexto privilegiado e a factores que, com outros actores, fariam dela um marco regional.

Hoje, a Figueira vale pelas visitas ao restaurante da Rosa Amélia: simpatia e qualidade ao mais alto nível. Mas tenho pena, pois os figueirenses mereciam mais!

1 comentário:

  1. Acrescento ao que muito bem foi dito o facto de o Porto da Figueira ter sido adquirido pelo Porto de Aveiro sen
    do este a administrá-lo e tudo com a complascência da presidência da Autarquia ,bem como com as hostes da oposição PS.

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