"Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável" (Séneca)
terça-feira, 4 de maio de 2010
A SÍNDROME DO BLOCO CENTRAL
É comum ouvir-se a designação “Bloco Central” para diabolizar convergências e coligações de interesses políticos em Portugal. A carga perversa é tamanha que quando se quer ser ofensivo fala-se no dito bloco. Sobretudo corre facilmente na boca de uma certa esquerda e de alguns fazedores de opinião...
Ora, a verdade é que a maioria dos portugueses se questionados em concreto sobre tal período da nossa história contemporânea dificilmente – aposto – saberão descrever o que houve de tão negativo.
Mas, enfim, serve isto para dizer que, em Portugal, incompreensivelmente se foge dos acordos políticos “como o diabo da cruz”!
Atente-se no facto (esdrúxulo, digo eu) de sermos o único país europeu com um governo minoritário. Os demais vivem com maiorias absolutas ou convivem com coligações governamentais ou parlamentares. Ora, acho que isto diz tudo sobre a nossa forma política (complexada e irresponsável) de encarar o interesse público.
Durante o final do consulado de Ferreira Leite usavam-se as diferenças insuperáveis de personalidade para justificar a impossibilidade de “casar” PS e PSD. Parece-me, salvo erro, desculpa de mau pagador. Afinal de contas, a situação de excepção do país deveria levar ao mais apurado sentido de estado. A verdade é que Passos Coelho intepretou bem essa necessidade. Resta saber se de forma táctica ou estratégica. Não são uma e a mesma coisa!
Depois de um encontro recente em São Bento, as análises surgiram só em torno do superficial: Sócrates e Passos Coelho jogam à política; um faz do outro um “Homem de Estado”, etc etc. Ora, infelizmente o tempo corre contra nós e por isso mesmo o relevante seria rapidamente perceber que apenas uma definição de um quadro de políticas comuns pode salvar o país. PS e PSD estão condenados a entender-se nos tempos vindouros, de outro modo será desastroso!
É pena não podermos falar noutros partidos, sobretudo à esquerda, mas a verdade é que sempre se colocam à margem do “arco da governabilidade”. Há quem prefira debater nas ruas e priviligie as greves à produtividade, pelo que não resta grande espaço para os que se põem de fora...num (estranho) instinto de sobrevivência.
Já é tempo de quem decide superar o estigma do “Bloco Central” – seja lá o que isso pode significar – e sentar-se à mesa com quem pode dar uma maioria para a governabilidade do país: única forma de executar o famigerado PEC.
De outro modo, o governo anuncia cortes na despesa pública às quintas e a oposição aprova mais custos no parlamento às sextas...Este não é seguramente o caminho.
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