domingo, 12 de abril de 2009

DEMOCRACIA DIGITAL XII

As novas tecnologias são incontornáveis ferramentas de “agit-prop”. Já lá vai o tempo em que cartazes e pendões anunciavam manifestações e eventos de cariz político. Hoje, até as convocatórias por sms começam a perder terreno para outros meios mais inovadores e fortemente impactantes, como sejam as redes sociais e o “micro-blogging” (twitter). Actualmente as demissões ministeriais reclamam-se pela internet!

Esta semana trouxe-nos dois exemplos interessantes em que vale a pena atentar: um na longínqua Moldávia e outro na vizinha Espanha.

Os estudantes moldavos usaram o “Twitter” para convocar uma manifestação à porta do Parlamento contra os comunistas que, num retrocesso, ganharam recentemente as eleições. Em pouco mais de 48 horas conseguiram juntar 10.000 manifestantes.

Através de “micro-blogging” foram afinando os detalhes, as palavras de ordem e a estratégia. Por via do “Youtube” foram colocando os vídeos com testemunhos e reivindicações, angariando assim apoiantes para a respectiva causa. As autoridades reconheceram já que a inovação política usando ferramentas da net tinha causado um impacto muito elevado.

A nova Ministra da Cultura espanhola, Ángeles Gonzales-Sinde, até aqui Presidente da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Espanha, é publicamente uma feroz adversária dos “downloads” feitos aos milhares através do P2P (peer-to-peer), que apelidou já de pirataria. Por isso mesmo defende “mão dura” legal. A respectiva indigitação está a causar uma convulsão em parte da comunidade de internautas espanhóis.

Ora, veja-se: mesmo antes de tomar posse, a novel Ministra conta já com um grupo no Facebook pedindo que se vá. Em pouco mais de 24 horas obteve 2.000 adesões. De igual modo, no Twitter foi criada a conta “,Sinde Pirate”, que em 24 horas juntou quase 200 seguidores.

Ambos os casos são impressionantes, porquanto demonstram a capacidade mobilizadora, o ecletismo, a eficácia e o poder destas ferramentas. Importa não esquecer que os influenciadores sociais e políticos usam, regra geral, estes meios, assim como os jornalistas, criando-se assim um caldo crítico cujo impacto começa agora a descobrir-se um pouco por todo o mundo.

PUBLICADO NO JORNAL OJE

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