Vivo num país – a 5ª potência do Mundo atual – onde a educação pública é má, a saúde pública desaconselhável e, mais ou menos, tudo o que é gerido a partir do Estado tem elevado grau de ineficiência e desconfiança. Mas, contexto atual, dá-me um bom termo de comparação com os serviços públicos portugueses.
A saúde pública portuguesa é (ainda) uma das melhores do
Mundo. A escola pública (onde fiz orgulhosamente toda a minha formação) é de
elevada qualidade. E outros serviços de natureza pública são, regra geral,
bons, apesar dos nossos queixumes.
Obviamente, que, segundo índices de racionalidade económica e
por critérios de eficiência na gestão, há muito a fazer em Portugal. Muito onde
se pode cortar e muito mais ainda onde se pode estimular para obter melhores
resultados.
Mas o atual governo não quer melhorar os serviços públicos.
Quer acabar com eles. Chamam-lhe eufemisticamente privatização, mas na verdade
é extermínio. O governo de direita liberal que comanda os destinos de Portugal
está numa cruzada incessante de desmantelamento de tudo o que é ou cheira a
serviço público. O erro está, desde logo, no preconceito. Fazem-no porque ser
de direita - vem nos livros - é ser contra a presença do Estado em qualquer
setor. E isso é mau.
O melhor exemplo de digno e relevante serviço público a que
assisti foi no passado domingo e prestado pela RTP. Acompanhou detalhadamente a
festa coimbrã com a vitória da Académica. Ninguém mais o faria. É serviço
público? É, porque a festa não é um exclusivo do Marquês de Pombal, nem da
Avenida dos Aliados. É também da Praça da República!
Querem poupar nas contas? Pois então não paguem fortunas ao
Futre, ao Baião e demais. Dêem oportunidade aos jovens jornalistas no
desemprego e aos muitos artistas desocupados que por bem menos demonstrarão
enormes capacidade, dons e atributos. Serviço público é também responder na
crise de forma diferente.