A França escolheu um novo presidente. De esquerda.
Assumidamente de esquerda. Sem equívocos. Isto significa que os franceses
optaram por uma mudança significativa, não apenas no estilo, mas no conteúdo
das políticas públicas.
A França foi – há demasiado tempo – um laboratório político
essencial para a construção de medidas de proteção social, defesa dos
trabalhadores e garantia de direitos. Um exemplo para muitos outros países.
Depois, veio o declínio. Da economia francesa e da política francesa. Há muito
que a França não influencia em nada.
Ora, neste momento de profunda crise europeia, a França pode
ter uma palavra muito relevante. Sobretudo para não deixar aprofundar o fosso
entre os do Sul e os outros. E, ainda, conter o desmando liberal-radical da
egoísta senhora Merkel.
Curioso – ou talvez não – na mesma semana, o Presidente dos
Estados Unidos assume uma medida histórica do ponto de vista dos direitos
civis: o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quem conhece
o conservadorismo (tantas vezes cínico e farisaico) dos americanos sabe o
impacto político deste anúncio.
Obama demonstra uma vez mais coragem e sentido estratégico. A
seis meses das eleições quer deixar bem clara a diferença ideológica entre os
democratas e os conservadores. O “casamento gay” é não apenas importante como
medida para o reconhecimento da igualdade nos direitos, mas tem um significado
político incontornável: tal como em França, hoje, nos EUA discutem-se posições
perante a economia e a sociedade com forte pendor ideológico. Obama percebeu
que vale a pena arriscar e ir mais fundo.
Este regressso à política ou ao sentido mais ideológico das
funções governativas é bom para o Mundo. Enquanto isso, em Portugal, nada de
novo...
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