sexta-feira, 22 de abril de 2011

A LIGA DOS ÚLTIMOS

Por estes dias os partidos aprovaram as respectivas listas de candidatos à Assembleia da República. Gente que muda de distrito como quem muda de camisa, gente que preenche quotas anacrónicas, gente que entra sem saber como e outros que saem na mesma velocidade. Um clássico da nossa jovem democracia, portanto.

Como o tempo é de olhar para os bolsos e decidir em função de critérios que têm tudo menos de política, pois então deixemos prosseguir a banda(lheira) que consome a credibilidade do nosso sistema político.

Se atentarmos no caso de Coimbra – um exemplo que vale por todos – sabemos que há nas listas de todos os partidos candidatos cuja mais-valia para o exercício parlamentar é inquestionável. De igual modo, também os há de sinal contrário... Todavia, o voto popular não pode fazer essa distinção. Não podemos escolher os que consideramos melhor individualmente. Escolhemos uma lista fechada tanta vezes não em função da qualidade dos seus membros, mas da performance daquele que será candidato a chefe de governo. Ou seja, está tudo trocado.

O nosso modelo eleitoral é uma aberração, cuja decadente qualidade dos deputados – comparem-se as listas de hoje com as de há 15, 20 anos, para não falar de 30 anos! – contribuiu para o actual estado das coisas. A culpa não é só da economia, dos défices, da dívida. Não! A culpa é sobretudo de um sistema que não é verdadeiramente representativo e de um modelo de eleição ficcionado.

No meu caso, gostaria de ter no parlamento a defender os interesses nacionais e os de Coimbra por consequência, a Ana, o Mário, o Zé Manel, o outro Zé Manel, etc etc. Enfim, os que acho melhores e mais bem preparados. Mas não posso! A lei não deixa. A lei que é a vontade do povo, veja-se!..

Por isso, pode acontecer que um Zé Manel fique fora e outros tantos também. Mas como interessa a alguns que tudo continue na mesma...Apenas me vem à memória o Jorge  Palma: “Ó Portugal, Portugal, do que é que estás à espera?!..”

1 comentário:

  1. Apoiado. Deveríamos introduzir o projecto de lei eleitoral do tempo do Guterres. Voto no Partido e voto no candidato da lista. Mas é preciso cuidado para não criar um sistema como o brasileiro em que há lutas fratricidas, ou melhor entre os candidatos da mesma lista.

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