quinta-feira, 14 de abril de 2011

FANTASIA EUROPEIA



Que a Europa andava moribunda nos últimos anos já todos o sentíamos. O distanciamento dos cidadãos face ao que é discutido e decidido em Bruxelas é crescente e os níveis assustadores de abstenção e desinteresse político-social gravíssimos.

Porém, agora, parece estar mesmo à beira do colapso. Há um conjunto de náufragos – com os países do Sul à cabeça – a quem ninguém parece querer atender. As reacções da Alemanha – com providências cautelares à mistura – e as ameaças dos finlandeses face à necessidade de conceder ajuda financeira a Portugal são a prova irrefutável de que a Europa como um todo é uma miragem. A União Europeia como consta dos tratados ainda não viu a luz do dia. Estamos, pois, a viver uma fantasia. Muito cara por sinal...

Sou dos que (apesar do chavão) se sente europeu em Portugal e português na Europa. Acredito profundamente na existência de uma cidadania europeia. Conheço a nossa história colectiva e aprendi com isso que os riscos inerentes à desagregação são incomensuravelmente superiores a algumas das desvantagens da União. Sinto mágoa na forma como a Europa nos está a (des)tratar e temor pelo futuro europeu.

Há muito que o Mundo se organiza em blocos económicos – lá vai o tempo que eram militares – e nesse particular um pequeno país como Portugal só tem sobrevivência garantida no seio da comunidade europeia. Fora dela somos coisas nenhuma.

Vivendo, hoje, fora de Portugal e da Europa posso testemunhar o encanto que a ideia europeia continua a gerar no imaginário da América Latina em geral e do Brasil em particular. E, sublinhe-se, não apenas por contraposição estratégica à influência dos EUA, mas sobretudo pela concepção humanista dos valores europeus.

Se há batalha geracional que vale a pena travar, em Portugal e na Europa, é o da reabilitação sonho europeu, enquanto espaço de inovação, de solidariedade social e de aprofundamento cívico. O resto são detalhes!

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