"Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável" (Séneca)
sexta-feira, 8 de abril de 2011
ILUSÃO DA MUDANÇA
Há tiques políticos comuns a todos os países do Mundo. Alguns ainda mais frequentes entre comunidades que partilham elementos históricos e de identidade. Peguemos, pois, no caso de Portugal e do Brasil a propósito da reforma do sistema político. A mãe de todas as reformas, como dizem.
A receita é sempre a mesma: anunciam-se pomposamente comissões e estudos, cujas conclusões ou nunca vêem a luz do dia ou são elas próprias catalizadores de mais umas quantas renovadas “reuniões de sábios”. Enquanto isso a participação política vai-se reduzindo ao mínimo, o interesse dos cidadãos desaparecendo e a transparência da vida pública – por ausência de sindicância – prejudicada.
Portugal está, de novo, em vésperas eleitorais. Virá o relambório habitual: o sistema não aproxima eleitos e eleitores, importa mudar. Mudar, sobretudo, para deixar tudo na mesma. Tem sido assim, neste particular da reforma política (ou ausência dela), nos últimos 20 anos. Tem faltado coragem, sobretudo!
No Brasil, acabado de sair de eleições, começam a debater-se vantagens e desvantagens do atual modelo, que – curiosamente – é bem distinto do português e para o qual desejamos avançar: círculos uninominais. Por seu turno, há no Brasil quem advogue pela eleição em listas fechadas, a opção portuguesa cujas virtudes estão longe de ser vislumbradas...
Torna-se, então, interessante e oportuna a análise de uma pesquisa desta semana feita pelo DataSenado, no Brasil, da qual resulta, entre outros: 65% dos inquiridos defendem a não obrigatoriedade do voto; 58% a limitação dos mandatos a uma reeleição apenas de 4 anos; 83% a votação nominal no candidato a deputado/vereador contra 16% em lista de candidatos; 48% defendem financiamento privado das campanhas contra 32% de financiamento público e 15% modelo misto.
Estas respostas são sintomáticas de uma percepção popular, que as propostas legislativas não contemplam.
Enfim, as conclusões em Portugal não deveriam ser muito distintas das brasileiras. Mas e então?.. Lá como cá é para deixar estar tudo na mesma!..
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