quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

GERAÇÃO "C"...




A revista americana “Time” destaca como tema semanal a geração juvenil que está no centro das mudanças democráticas em curso no Médio Oriente e Norte de África. Caracteriza, aliás, metaforicamente o momento como de “Youthquake”: na verdade, o que se está a passar é absolutamente disruptivo, sobretudo porque assente numa geração com pouco ou nenhum envolvimento político, mas imensa capacidade de intervenção e mobilização cívica, assente no uso das tecnologias da informação.

Estes jovens começam a ficar conhecidos como a “Geração C”. “C” dos que estão sempre conectados, comunicando por computador, centrados em conteúdos, clicando numa comunidade. Estes são os “cês” desta nova geração que vai marcar o futuro, sobretudo o político e social.

Estamos a referir-nos a jovens essencialmente urbanos e suburbanos, não politizados, altamente consumidores e que até 2020 serão 40% da população nos Estados Unidos, na Europa e nos BRIC. Um exército poderoso, portanto!

Quem ainda não percebeu isto não compreendeu nada. Quem já entendeu e não reage, então...

Estes são os mesmo jovens que, uma vez mais via Facebook e influenciados pelo que está acontecer lá fora, decidiram convocar uma manifestação para a Avenida da Liberdade, para o início de Março, reclamando um conjunto de direitos sociais que lhes vêm sendo retirados. No FB já são umas dezenas de milhar!

Ao contrário do passado, hoje, não pode dizer-se nunca que os fenómenos não se repetem. A força mobilizadora das novas redes sociais é mesmo global. E, atenção, as causas não faltam!..

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

UM PAÍS NOVO!



Tenho o privilégio imenso de trabalhar numa das maiores empresas do Mundo, que contribui decisivamente para a inovação global e para melhorar o nosso país.
Há muitos exemplos de compromisso da Microsoft com uma cidadania activa. Destaco um: neste tempo de crise na educação, a Microsoft Portugal – num projecto inovador a nível mundial - decidiu apostar na formação dos Directores das Escolas, sujeitos-nucleares no âmbiente educativo.

Os professores não foram preparados para ser gestores, mas devem sê-lo, para tanto precisam adquirir novas competências, aptidões de liderança e novas práticas de gestão, onde as tecnologias podem fazer toda a diferença. Assim sendo uns milhares de professores vão adquirir novos “skills”, numa parceria em que o Ministério da Educação tira manifesta vantagem. Outros façam o mesmo!..

Fala-se muito – e há demasiado tempo! – da relação da escola com o mundo empresarial, pois bem este é um exemplo concreto de como as melhores práticas de gestão podem ser adaptadas ao quotidiano educativo, de como os protagonistas das empresas podem ser inspiradores de quem gere comunidades educativas. Uma escola moderna é também uma empresa.

Exigência, compromisso, avaliação, reconhecimento e mérito são conceitos muito caros e diariamente presentes na Microsoft, pelo que transpostos para a escola portuguesa ajudarão a fazer desta um espaço melhor e mais qualificado.

Um Portugal melhor precisa de mais exemplos destes. Já imaginaram se levássemos a vários domínios da administração pública, da saúde, da justiça programas orientados por aqueles princípios? Seria um país novo!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DEMOCRACIA VIRTUAL (II)



Obviamente, não são necessários 230 deputados para garantir as competências constitucionalmente previstas. Nem advogar que 180 são mais do que suficientes significa qualquer deriva anti-parlamentar.

O parlamento português ainda é demasiado opaco e ineficiente. Reduzir o número de deputados não é a panaceia para todos os males, mas pode ajudar a atingir outros níveis de produtividade e de reconhecimento externo.

Importa pois dar condições efectivas aos parlamentares para efectuarem trabalho político de maior proximidade nos respectivos círculos: espaços adequados e assessorias. Estes recursos seriam atribuídos na razão directa de um maior escrutínio público da actividade que desempenham. Uma vez em incumprimento com o compromisso eleitoral, além da penalização óbvia nas urnas, deveria garantir-se a perda imediata de algumas regalias.

Acresce, que os parlamentares deveriam ter outro nível de suporte técnico na produção legislativa e demais tarefas. Se muitos deles não estão minimamente preparados, pior ainda quando não têm de facto quem os apoie. Também as regras deveriam mudar: mais competência técnica, mais transparência nas contratações e mais recursos obviamente disponíveis.

Nos dias que correm, ter deputados info-excluídos – e são muitos!! – é mais ou menos o mesmo que analfabetos na Primeira República. Ora se é inadmissível que não usem das tecnologias da infornação e do conhecimento para comunicar, buscar inspiração, receber “feedback”...mais ainda se torna quando o próprio parlamento não tem uma estratégia assumida nesta área. Ainda pensam que ter um site da AR é suficiente para se dizerem na era da internet. Nada mais errado!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

DEMOCRACIA VIRTUAL (I)



O país mudou!

Cada cidadão passou a ter a oportunidade de eleger individualmente os candidatos a deputados que, na sua apreciação, melhor perfil cívico, político e profissional têm para o desempenho de funções legislativas. Vota-se em nomes, não em listas!

Os cidadãos-eleitores participam, aliás, em dois momentos fulcrais: primeiro, na escolha interna mas aberta dos pré-candidatos no partido com o qual mais se identificam; segundo, na eleição propriamente dita, através de círculos uninominais.

Os que desejam apresentar-se como candidatos têm, no mínimo, de - além de currículo capaz – expor uma visão para o mandato, uma declaração formal de incompatibilidades, uma lista com o património actualizada e a descrição de compromissos concretos que se propõem executar no mandato.

Acresce, que anualmente existem convenções locais onde os deputados apresentam obrigatoriamente o plano das acções executadas e ainda a executar.

Esta “contabilidade cívica” é essencial para aferir do grau de compromisso e de eficência dos deputados perante quem os elegeu. Existem rostos concretos a quem pedir responsabilidades!

Para tanto, os partidos abriram-se de facto. Os “Estados Gerais” ou as “Novas Fronteiras” não são epifenómenos, mas co-existem em permanência com os órgãos próprios dos partidos. Os cidadãos em geral são chamados em regime de permanência; e, por sua vez, os militantes tem algumas prerrogativas próprias desse facto.

Na semana em que a reforma do parlamento entrou, novamente, na ordem do dia, o cenário acima é – infelizmente – meramente virtual. Por aqui se afere a qualidade da nossa democracia...

(continua...)