sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

PLANIFICAR É PRECISO!


A tragédia haitiana trouxe, lamentavelmente, para a ordem do dia diversas insuficiências globais e nacionais. Desde logo, a inexistência no Mundo de uma organização que tenha por objecto acudir (diria mesmo ajudar a prevenir) a catástrofes naturais, porquanto se percebem, nestes momentos as fraquezas das Nações Unidas e do seu modelo actual, ficando as vítimas na dependência do maior ou menor voluntarismo da dita comunidade internacional.


Por outro lado, e face ao recente semi-fracasso da Cimeira do Ambiente em Copenhaga, levantam-se as vozes científicas que estabelecem um nexo causal entre estes fenómenos e a forma irresponsável como o Homem tem gerido a sua relação com a natureza e com o tema ambiente em geral. Na dúvida, mais levar a sério os avisos sucessivos que a Terra nos tem dado e definitivamente encontrar uma política global de entendimento para a preservação ambiental e mitigação de riscos. Ora, os “senhores do Mundo” têm negligenciado este imperativo.

Finalmente, diz o povo com razão que “casa roubada, trancas na porta”, pois bem, mais vale tarde que nunca para se analisar em cada país o modelo de segurança e prevenção de riscos. Atentemos, então, no caso português.

Até agora não ouvi nenhuma opinião esclarecida que pudesse confirmar a existência de um plano estruturado para reagir em situações de crise desta natureza. Na verdade, estamos a tratar de matéria que afecta a segurança e soberania nacionais. Observe-se o caso haitiano: o país é, hoje, praticamente inexistente. Já não são apenas (como se fosse pouco!!) vidas perdidas e as consequências ao nível de saúde pública, além da ruína das estruturas que compõem um país, é o próprio Estado que pode ficar em causa.

Em Portugal, ficamos com prurido ao pensar em planificação. Aliás a nossa idiossincrasia desaconselha tal exercício, até porque sorrimos quando dizemos amiúde que somos imbatíveis na arte do improviso e que isso é uma mais-valia comparativa. Pois bem, pode até ser nalguns casos, mas na maioria não será decerto.

Há dias escutei com muita atenção um conhecido falar sobre como seria fatídico um episódio como o do Haiti caso ocorresse em Portugal. E, sublinho, não estamos imunes até porque há regiões reconhecidamente de elevado risco sísmico! Dizia, então, com detalhe, o tal especialista que Lisboa – onde está a maior massa populacional concentrada – ficaria totalmente isolada com o que isso pode significar em termos de perdas e danos humanos e materiais.

Confesso, fiquei apreensivo com o que ouvi e, realmente, decorridos todos estes dias desde a desgraça em Port-au-Prince ainda ninguém nos veio explicar que Câmaras Municipais, Escolas, Universidades, Hospitais e o restante país em geral estão preparados para evitar, reagir ou mitigar os riscos ou efeitos de uma situação análoga. E isto é factor de séria preocupação!

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