Lisboa acolheu a XIX Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do espaço Ibero-Americano. Falou-se muito de Honduras, da ausência de Chavez e de outras pequenas coisas mais. Portugal, no seu todo, e que teve uma capacidade organizativa notável, acaba por retirar pouco deste momento.
Senão vejamos: o DN trazia, ontem, um especial sobre a Cimeira do qual retirei os seguintes números: a Espanha investiu, em 2008, no conjunto dos países ibero-americanos, o valor global de 1300 milhões de dólares. Portugal, por seu turno, apenas 2,5 milhões. Impressionante diferença! A Espanha, depois dos EUA, é o maior investidor externo no conjunto daqueles países; Portugal não tem expressão…
Estes dados devem dar que pensar. Sobretudo num momento de crise nacional e europeia, em que os indicadores demonstram que a América Latina crescerá no próximo ano em média 6%, talvez valesse a pena pensarmos em mudar de vida. Mudar de estratégia.
Portugal tem objectivamente a necessidade de crescer por via da internacionalização das empresas. Tal só é possível exportando mais. Ora, há poucos países com um potencial natural para absorverem o que criamos: os africanos de língua portuguesa e os da América Latina, com o Brasil inelutavelmente à cabeça, devem ser os prioritários.
Já não basta falarmos na comunhão de valores históricos, de patrimónios artísticos e de identidades. Já chega de citações de Fernando Pessoa e de Camões a propósito da importância da língua enquanto factor de unidade. Chega de prosápia e de discursos cheios de metáforas.
Tudo isso é verdade, mas este é o momento em que Portugal deve, definitivamente, observar a América Latina como o continente do futuro, como o parceiro natural e desejável. Para tanto, há que mudar a nossa filosofia diplomática: do rissol e do canapé para a “agressividade” comercial, para a criatividade na construção de parcerias, para, em suma, o pragmatismo diplomático que a circunstância obriga. É que o futuro é hoje!
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