Volta não volta as licenciaturas dos políticos passam a fazer
as delícias da comunicação social portuguesa. Foi assim no passado recente e
parece voltar a repetir-se a história. O mundo luso pára para opinar e fazer
julgamentos. Todos têm opinião, mesmo os que (aparentemente) não têm a
licenciatura. Aliás o que terá comentado Miguel Relvas sobre José Sócrates no
passado recente?..
Mas o tema merece de fato este alarido todo? Não. É que este
não é com certeza um exclusivo dos políticos, apenas são mais escrutinados e
investigados. É um problema cultural do país. E isso sim é mais grave. Acresce,
que se olharmos para o estado atual e para a urgência dos problemas que brotam
como cogumelos – a taxa de desemprego galopante, a dívida pública, a crise
social,... - o sentido de urgência justificaria que o tempo e a energia
nacionais fossem aplicados de outra forma. Porém, obviamente, se olharmos do
ponto de vista da ética republicana não deve fazer-se em privado o que se
critica publicamente, nem fazer-se passar por aquilo que se não é. Há fatos e
omissões que carecem obviamente de explicação.
Agora, gostaria de destacar duas perspetivas diferentes
decorrentes deste assunto: a necessidade de qualificações dos políticos e a
qualidade do ensino superior privado.
Comecemos pela segunda, em todos os casos tornados públicos,
coincidência ou talvez não, estão envolvidas entidades de educação privadas.
Ora, na verdade, a proliferação desmusarada de universidades privadas promovida
pelos governos de Cavaco na década de noventa - sem qualquer controlo de
qualidade - burlou a expetativa de muitos que não viram o mercado
reconhecer-lhes o esforço, assim como deu azo a situações nublosas e pouco
credíveis. Assim sendo, o problema maior e que ninguém discute está na exigível
qualidade académica dos cursos de ensino superior e nos mecanismos de
atribuição de alvarás para operar efetivamente dentro de padrões
internacionais.
Ao mesmo tempo, já vi excelentes políticos – no sentido de
quem serve exemplarmente a república e os cidadãos – sem qualquer “canudo”,
assim como já vi delapidar o património coletivo a Professores Doutores! O
título não faz as pessoas nem as respetivas qualificações para a função.
Todavia, Portugal hoje precisa de outro tipo de políticos que jurem obediência
ao mérito, à competência comprovada, à responsabilização e à liberdade mais
profunda de pensamento. Mas esses escasseiam nos inadaptados e esclerosados
partidos que vamos tendo...
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