sexta-feira, 6 de julho de 2012

CANUDOS HÁ MUITOS...



Volta não volta as licenciaturas dos políticos passam a fazer as delícias da comunicação social portuguesa. Foi assim no passado recente e parece voltar a repetir-se a história. O mundo luso pára para opinar e fazer julgamentos. Todos têm opinião, mesmo os que (aparentemente) não têm a licenciatura. Aliás o que terá comentado Miguel Relvas sobre José Sócrates no passado recente?..

Mas o tema merece de fato este alarido todo? Não. É que este não é com certeza um exclusivo dos políticos, apenas são mais escrutinados e investigados. É um problema cultural do país. E isso sim é mais grave. Acresce, que se olharmos para o estado atual e para a urgência dos problemas que brotam como cogumelos – a taxa de desemprego galopante, a dívida pública, a crise social,... - o sentido de urgência justificaria que o tempo e a energia nacionais fossem aplicados de outra forma. Porém, obviamente, se olharmos do ponto de vista da ética republicana não deve fazer-se em privado o que se critica publicamente, nem fazer-se passar por aquilo que se não é. Há fatos e omissões que carecem obviamente de explicação.

Agora, gostaria de destacar duas perspetivas diferentes decorrentes deste assunto: a necessidade de qualificações dos políticos e a qualidade do ensino superior privado.

Comecemos pela segunda, em todos os casos tornados públicos, coincidência ou talvez não, estão envolvidas entidades de educação privadas. Ora, na verdade, a proliferação desmusarada de universidades privadas promovida pelos governos de Cavaco na década de noventa - sem qualquer controlo de qualidade - burlou a expetativa de muitos que não viram o mercado reconhecer-lhes o esforço, assim como deu azo a situações nublosas e pouco credíveis. Assim sendo, o problema maior e que ninguém discute está na exigível qualidade académica dos cursos de ensino superior e nos mecanismos de atribuição de alvarás para operar efetivamente dentro de padrões internacionais.

Ao mesmo tempo, já vi excelentes políticos – no sentido de quem serve exemplarmente a república e os cidadãos – sem qualquer “canudo”, assim como já vi delapidar o património coletivo a Professores Doutores! O título não faz as pessoas nem as respetivas qualificações para a função. Todavia, Portugal hoje precisa de outro tipo de políticos que jurem obediência ao mérito, à competência comprovada, à responsabilização e à liberdade mais profunda de pensamento. Mas esses escasseiam nos inadaptados e esclerosados partidos que vamos tendo...

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