sexta-feira, 20 de julho de 2012

QUERIDAS HEROÍNAS




Marissa Mayer tornou-se esta semana uma celebridade rara. Afinal de contas, é mulher, tem menos de 40 anos, assumiu a liderança da empresa de tecnologia Yahoo - ao que parece a primeira CEO mulher entre as 500 empresas de TI da Fortune - e, pasme-se, anunciou no primeiro dia da nova função que estava grávida!! Uma heroína, pois, dos tempos modernos.

Parece incrível que no ano da graça de 2012 consideremos como inusitados estes fatos relativos a uma mulher internacionalmente bem sucedida. Mais do que isso, é grave! Significa que há ainda um longo caminho a percorrer nas políticas públicas para o reconhecimento do papel social e económico da mulher, dentro das próprias empresas e na mentalidade coletiva.

É neste contexto que o FMI anunciou, esta semana também, um estudo que advoga a substituição do clássico abono de família - de duvidosa eficácia dos quase 30 euros/mês por filho - por incentivos às mães trabalhadoras como forma de gerar empregos no feminino, sobretudo nos países do sul da europa. Ora, tal medida no caso português é absolutamente inócua, porquanto Portugal já tem das maiores taxas de mulheres-mães-trabalhadoras da europa. Setenta por cento da população feminina portuguesa trabalha.

Recuperemos então o caso de Melissa Mayer, cujas exigências profissionais  e de dedicação de tempo à profissão são invulgarmente elevadas, para deixar algumas considerações. O sucesso dela depende do suporte familiar que com absoluta certeza terá, seja por um séquito de empregadas domésticas seja por pais ou sogros; assim como apenas uma empresa com vistas largas permitirá que muito tele-trabalho seja solução para a mãe-excutiva.

Conclusão, melhor andaria o FMI se viesse propor estímulos fiscais às empresas que adotem de modo rigoroso o tele-trabalho, assim como incentivos compensatórios para quem investe na melhoria da organização familiar (seja por contratação de domésticas seja por ocupação de idosos). Em qualquer um dos casos se geram, aqui sim, novos empregos além de não estagnarem a taxa  de natalidade, um dos mais graves problemas do mundo moderno para o qual ninguém olha!

Sem comentários:

Enviar um comentário