Qual crise?.. Portugal – ou pelo menos uma parte dele –
continua a viver na abundância... Assim parece.
Figueira da Foz. A vetusta “Praia da Claridade” não se poderá
queixar apenas do vento, das baixas temperaturas para a época e da falta de
dinheiro. Deve, desde logo, queixar-se de si própria e da inabilidade dos seus
para fazer dela um sério e verdadeiro referencial turístico. E tanto que
precisa!
Chegado de um país (Brasil) onde a escassez de muita coisa
sempre foi genialmente superada pela simpatia e pela disponibilidade inata para
servir, constrange-me ver um dado Portugal a comportar-se com a mesma
arrogância e desinteligência de sempre.
Sinceramente não compreendo para que serviram rios de
dinheiro empatados ao longo destes anos em empresas municipais de turismo, em
ações de promoção em feiras internacionais e semanas de gastronomia local, nem
para onde foram milhões (supostamente) aplicados em formação e capacitação
profissional na restauração e hotelaria locais.
Afinal de contas, esta semana, testemunhei diversos
restaurantes, na Figueira da Foz, onde deixam de servir às dez da noite (!!),
outros que apenas vendem a “rainha sardinha” aos sábados e domingos ao almoço
e, regra geral, uma falta de profissionalismo e simpatia atrozes. Mais parece
um sacrifício ter de atender e servir os cada vez menos clientes deste canto à
beira-mar plantado. Coisa chata esta da época alta!
Por isso mesmo aquilo que poderia parecer uma provocação - o
título do presente artigo – não o é. Na verdade, o que se espera de um país que
está a viver dos mais difíceis momentos da sua história económica e social é
que aumente a produtividade, a eficiência e o profissionalismo como caminhos
únicos para a recuperação.
Todavia aquilo que, infelizmente, testemunhei, nos últimos
dias, foi a ausência de brio e de empenho de empresários e colaboradores num
setor estratégico para a região e país.
Quem dera fosse mentira, mas a crise existe mesmo! E a
leviandade também!..