quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

UMA MORTE ANUNCIADA


Um jornal de Coimbra noticiava os pedidos sucessivos do Provedor do Ambiente à Câmara de Coimbra para proceder ao controlo efetivo do ruído na Alta da cidade. Para quem leu ficou interessante perceber as visões contraditórias entre dois vereadores da maioria àcerca do mesmo problema e, acima de tudo, uma ausência total de estratégia do município para a histórica Alta da cidade.

A questão do barulho no centro histórico de Coimbra é apenas um dos muitos problemas daquela área urbana há muito deprezada pelos dirigentes da cidade. Insegurança, insalubridade, degradação urbana...são obviamente outros.

Coimbra tem o privilégio de ter um dos mais belos patrimónios históricos do país e não tem sabido cuidar dele. Desde candidaturas a Património Mundial que se arrastaram décadas até à ausência de uma visão estratégica para fixar população jovem naquele espaço tudo tem acontecido.

Não precisamos de ir muito longe na Europa – fiquemos pois pelos nossos vizinhos espanhóis – para experimentarmos a sensação magnífica de recuar no tempo em espaços urbanos plenos de vida que são os centros históricos das cidades. Os ”cascos antiguos” têm museus, casas de artesanato e idosos, mas também têm muitos jovens, bares e livrarias. Ou seja, o velho convive com o novo e a história com a modernidade.

Numa cidade universitária – que cada vez mais vive apenas e só disso!.. – acabar com a vida noturna, própria da juventude, na alta da cidade seria condenar definitivamente à morte a alta e os seus já poucos residentes.

Obviamente que o ruído deve ser controlado (e respeitada a lei), mas ao invés de multar apenas – como veio propor o Provedor - caberia ao Município ter um plano para apoiar e estimular jovens empreendedores a fixarem-se na alta com os seus negócios (dos bares até a oficinas de inovação), uma parceria com a Universidade para que determinados departamentos/projetos ali pudessem funcionar dia e noite, uma parceria com os empresários da construção civil da cidade para um consórcio imobiliário, etc etc.

À Alta já falta quase tudo. Tudo menos o passado, porém é de futuro que Coimbra precisa e, quer se goste ou não, o ruído naquela àrea da cidade ainda é sinal de vida!..

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