"Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável" (Séneca)
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
CARTA ABERTA AO MINISTRO PAULO PORTAS
*Carta publicada no Diário As Beiras em 9 de Setembro de 2011
Distinto Ministro dos Negócios Estrangeiros,
Desejo lançar-lhe um desafio: irmos do “brain drain” para o “brain bank”. Passo a explicar.
Portugal vive atualmente um dos maiores fluxos de emigração desde as décadas de 50/60. Todavia, hoje, as saídas ocorrem por motivos diferentes e com perfis absolutamente distintos: quem sai é altamente qualificado e não busca sobretudo sobreviver; sai para conhecer mais e progredir profissionalmente.
Desde então o mundo também mudou. Acabaram as fronteiras e a tecnologia permite-nos continuar cá dentro vivendo lá fora. Até a saudade é um conceito em mutação mitigado por inovadoras formas de comunicação.
A presente crise, em Portugal, tem muitos contornos. Gostaria de destacar o que, sendo de algum modo intangível, considero o mais relevante no médio e longo prazo: o país está a perder capital humano. O que não é coisa pouca, sobretudo quando nos faltam reservas financeiras, riquezas naturais e minerais; este “brain drain” é absolutamente crítico.
No Brasil, onde me encontro, vejo chegar diariamente ondas de portugueses (entre os 25 e os 40 anos sobretudo) para desempenhar cargos de responsabilidade nos mais diversos setores de atividade. Rapidamente se impõem pelas competências profissionais associadas a qualidades humanas.
Basta navegarmos pelas redes sociais para observar que este fenómeno está a acontecer pelos “quatro cantos do Mundo”.
E então?.. Poderemos “assobiar para o lado” e continuar focados exclusivamente na vidinha ou, ao invés, compreender como pode uma ameaça transformar-se numa oportunidade.
Os portugueses são reconhecidos como “hard workers”, confiáveis e criativos. As competências para nos adaptarmos naturalmente ao contexto vêm de há muito. Não é coisa pouca numa economia do tempo.
Quando é sabido que a nossa diplomacia económica é frágil deveria aproveitar-se esta nova vaga de talento, geograficamente dispersa, para promover lá fora a imagem nacional: os nossos símbolos, marcas, inovações. “Embaixadores” da nova economia.
O MNE deveria institucionalizar esta rede de talentos nacionais, composta pelos novos emigrantes, para recolher contributos e boas práticas de inovação. E, acima de tudo, criar vínculos que permitam o regresso um dia, fortalecendo o país. Isto é “brain bank”: o objetivo.
Ainda estamos a tempo. Basta querer, Senhor Ministro!
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Perfeito !!!!! uma ideia óptima !!!
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