Dizer que nos últimos anos nada mudou no futebol português é cometer uma injustiça. Pior: é afirmar uma inverdade!
Os casos polémicos diminuíram drasticamente, as arbitragens sob suspeita e as relações perversas entre dirigentes e árbitros deixaram de ser notícia quotidiana, os casos de polícia recuperam factos de um passado, que se deseja longínquo. Os órgãos disciplinares agem autonomamente e de forma saudável e a justiça desportiva funciona como ente de normal recurso. Apesar da crise, os números demonstram que os espectadores aumentaram.
Por muito que alguns dirigentes (rostos do dito passado) teimem em discursos incendiários e adorem alimentar a exaltação dos ânimos, por muito que a falta de “fair-play” grasse ainda por alguns túneis de acesso, a verdade é que muito mudou.
Evidentemente que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”, pelo que acabar totalmente com práticas antigas levará tempo e mudar protagonistas mais ainda. Os problemas surgem, regra geral, não tanto por razões desportivas mas por motivos esdrúxulos…
Uma coisa é certa, os actuais responsáveis pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional propuseram-se três objectivos e, quase em final de mandato, todos estão cumpridos. Vejamos então: primeiro, dignificar o futebol nacional impondo regras de transparência na gestão e de verdade desportiva; segundo, dinamizar o calendário das provas de modo a dar maior competitividade ao futebol nacional e, terceiro, encarar o futebol como uma indústria associando-lhe regras modernas de gestão.
Ao abrigo deste espírito criou-se a “Taça da Liga”, adoptaram-se algumas medidas tecnológicas à organização do jogo, encontraram-se patrocinadores fortes para ambas as Ligas, deram-se os meios necessários para a disciplina desportiva actuar sem pressões ou constrangimentos, renovaram-se regulamentos e impuseram-se regras para o “fair-play financeiro” que protege atletas e clubes cumpridores.
Com certeza haverá insatisfeitos e revoltados. Há-os sempre. Não se pode agradar a todos. Fica a consciência tranquila de um novo (e irrefutável) ciclo que se abre e cujos resultados se verão a breve prazo.
Para o próximo mandato ficam três ideias força: a adopção crescente das novas tecnologias como ferramentas que garantam a verdade desportiva e minorem o erro humano, a revisão do enquadramento legal e fiscal que permita aos clubes e ao Estado fixarem receitas provenientes das apostas “on line” e aumentar consideravelmente o número de adeptos nos estádios.
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