quinta-feira, 17 de junho de 2010

JÁ NÃO HÁ MILAGRES



O presente texto é escrito exactamente após o empate com a Costa do Marfim. Esse facto dá-me a vantagem de já saber o resultado. Apesar de tudo, não pude ver o jogo, por isso mesmo não me pronunciarei sobre a performance desportiva. Não sei se jogaram bem ou mal, mas para o caso é irrelevante. Asseguro, todavia, que aquilo que aqui deixar registado já o tinha em mente antes mesmo de saber do malfadado empate.

Feito o esclarecimento inicial, entremos então no tema. Há que distinguir, desde logo, duas coisas: o que gostaríamos que sucedesse não coincide (infelizmente) com o que regra geral acontece.

Portugal tem alguns dos melhores jogadores do Mundo, mas não tem um colectivo forte. O total nem sempre é igual à soma das partes. Seria importante perceber por que motivo a performance de Ronaldo, Simão e Liedson (por exemplo) na selecção nunca é tão boa quanto a que têm nos clubes respectivos. Alguém na FPF já se fez essa pergunta?.. Creio que essa seria a questão-chave para muitas das nossas apreensões e para o “credo na boca” dos últimos anos. A segunda pergunta tem que ver com o modelo organizativo que a FPF afecta à selecção: é a preparação para as grandes provas feita adequadamente?.. A terceira pergunta assenta como uma luva no treinador: sem pré-juízos, será Carlos Queiróz o melhor treinador para a selecção?... Estas e outras questões deveriam ser, sem peias, levantadas, pois creio sinceramente que há muito se insistem nos mesmos modelos, nas mesmas pessoas e nas mesmas estratégias para os lados da FPF. E os resultados comecam a aparecer.

Acresce, que com Scolari – mérito absoluto e exclusivo dele! – o país envolveu-se e abraçou a selecção nacional. O movimento das bandeiras foi notável e a alegria contagiante um momento para recordar sempre. Hoje, o nosso povo (com excepção dos emigrantes lusos na África do Sul) está muito apartado dos 12. Aliás, logo na Covilhã se multiplicaram as críticas pelo distanciamento que Queiróz imprimiu!...

Curiosamente, hoje, muito mais do que no Europeu de 2004 e no Mundial de 2006, o país precisa como de “pão para a boca” dos bons resultados da selecção, da alegria contagiante do futebol e da unidade nacional reforçada para subir os baixos níveis de confiança e auto-estima. A crise não tem de ser uma inevitabilidade e muito menos arrastar-se aos campos de futebol.

De regresso à África do Sul apenas para dizer que não tenho grande “fezada” nesta selecção. Creio que não passaremos da segunda-fase. Já não há milagres!

Enfim: temo que para história fique apenas o desconfortável ruído das vuvuzelas e mais uma oportunidade perdida...

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