quinta-feira, 17 de junho de 2010

DÉJÀ VU



A polémica gerada em torno do encerramento de algumas escolas no país é em tudo idêntica à que vivemos no passado recente por causa do fecho de maternidades. Um “déjà vu”, portanto. E isto sucede sobretudo porque o governo foi, uma vez mais, incapaz de comunicar e explicar o respectivo plano.

No meu entender, a questão central não é o encerramento em si, mas as razões que consubstanciam essa decisão. Vejamos então: são apenas motivos economicistas e orçamentais (o que já não seria pouco) ou há causas mais profundas (no caso das escolas de ordem pedagógica e no das maternidades de ordem clínica)?.. Em todo o caso, as razões pedagógicas são as mais relevantes no tema em apreço.

Fechar uma escola e transferir os alunos para outra mais distante e com iguais condições físicas e pedagógicas é um erro. Pior: injustificável. A mudança tem que trazer vantagens evidentes para os jovens: melhores condições de aprendizagem, melhores instalações, um ambiente multicultural e professores mais motivados por exemplo. Se estas foram as justificações do governo para tal decisão, logo, qualquer família sensata compreenderia a necessidade de mudança. Mas foram mesmo?..Não se percebeu.

Por outro lado, este tipo de decisões não podem ser “cegas” e tomadas por decreto do alto da “5 de Outubro”, isto é, sem atender casuisticamente a cada situação concreta. Há casos em que a escola é o único pólo vivo da aldeia ou vila ou em que a mudança dos alunos os distancia exageradamente das famílias sem vantagens pedagógicas. Não deve decidir-se sem olhar com ponderação para todos os factores.

Para situações complexas que geram forte impacto social como estas mandaria a prudência que se envolvesse na decisão o maior número de “stakeolders”: os municípios, os representantes dos pais e dos professores. Não o fazendo fica o decisor mais exposto...

É, claro, muito mais fácil, demagógico e populista estar contra este tipo de decisões e instrumentalizar as vontades populares. Aliás, recordemos as manifestações que então pediram a cabeça do Ministro Correia de Campos...e conseguiram. Vejamos o que acontece à da Ministra da Educação...

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