Parece que foi há muito tempo. E
foi mesmo! Resta-nos a memória dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Seul e
Atlanta. Foi lá que obtivémos os melhores resultados da história olímpica
portuguesa: Carlos Lopes, medalha de ouro em 1984. Rosa Mota, medalha de ouro
em 1988. Fernanda Ribeiro, medalha de ouro em 1996.
Até hoje, e desde a primeira
participação em 1912 (Estocolmo), os atletas portugueses conquistaram um total
de 22 medalhas. Número muito pouco expressivo se, sobretudo, comparado com outros
países da nossa dimensão: Polónia (261), Países Baixos (246), Grécia (108),
Finlândia (299), Dinamarca (170) e Suécia (475), por exemplo. Mas, quando
comparados com as potências desportivas mundiais, os resultados são risíveis –
para não dizer mais: EUA (2297), Grã Bretanha (715), França (636) e a extinta
União Soviética (1010).
Este ano, em Londres, e apesar
de ainda não terem terminado, os Jogos Olímpicos indiciam, uma vez mais, resultados
pouco auspiciosos para os portugueses. A novela da atleta desaparecida, porque
supostamente grávida, é apenas mais um exemplo da forma pouco profissional como
este certame é encarado em Portugal.
Os vencedores, sejam eles quais
forem mas sobretudo os olímpicos, constróiem-se com planos de longo prazo e com
fortes políticas públicas desportivas. E, se não sabemos fazer, copiemos (não é
pecado!) os programas dos países campeões mundiais de medalhas.
E em Portugal o que se passa? Os
dirigentes nas Federações e no Comité Olímpico perpetuam-se independentemente
dos maus resultados obtidos, morrendo sempre solteira a (ir)responsabilidade.
Os governos sucedem-se na perspetiva facilitista de meros distribuidores de
subsídios ao invés de estrategas globais e definidores dos indicadores públicos
de sucesso desportivo.
Em Portugal, não há cultura
desportiva, porque na escola primária o desporto não é estimulado; porque as
famílias preferem ter os filhos dentro de casa a ver televisão ou jogar
computador; porque há décadas acabou o desporto escolar e o desporto
universitário é uma ficção.
Enfim, passam-se os anos e fica
tudo na mesma. A cada quatro anos armamo-nos em adeptos de sofá - de pantufas e
cervejinha na mão - na esperança que o fado nos traga aquela medalhita que
garantirá uns diretos televisivos no aeroporto da Portela e o orgulho pátrio
desta “nação valente e imortal”.
Sem comentários:
Enviar um comentário