O Brasil tem no petróleo uma das suas riquezas atuais e um motivo de esperança assumida num futuro melhor. Enquanto os políticos discutem (e não se entendem) quanto à distribuição e afetação dos “royalties”, os derrames e desastres ecológicos sucedem-se. Pior: a ideia que fica é a de uma impotência absoluta face aos fatos. Ou seja, este exemplo serve apenas para demonstrar como o “país do pré-sal” tem no seu atual motivo de júbilo um elevadíssimo risco ambiental. E, “estão nem aí”...
Durante muito tempo, um pouco por todo o lado, a ecologia foi uma importante bandeira política. Sinal de modernidade. Criaram-se mesmo partidos com pendor ambientalista. Os anos passaram e “os verdes” até chegaram ao poder em relevantes países do mundo. Mas, e isso mudou alguma coisa?..
O que mudou mesmo foram as preocupações das pessoas. Hoje, a questão ambiental não aparece entre as prioridades dos cidadãos, ao invés do emprego, da saúde e da habitação, núcleo das inquietações individuais.
A Rio+20 – conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável –vai ter lugar, em Junho, no Rio de Janeiro. Já muito se fala da dita, sobretudo porque há meses que a capacidade hoteleira do Rio esgotou e se abrem ótimas perspetivas de negócios para os diversos setores, em especial o turístico. Quanto ao objeto que se lá vai tratar, a espaços ouvem-se uns rumores...
Mas se observarmos o que mudou desde a Conferência do Clima, também no Rio, em 1992, chegaremos a tristes e decepcionantes conclusões.
Os Estados, na voracidade dos dias globais em que a competitivade internacional impera, acabam por estar mais preocupados com os baixos custos produtivos e com o acesso ao capital do que propriamente com a sustentabilidade ambiental.
Produzem convenções juridicamente pomposas – que uns assinam e outros não, mas que raramente alguém respeita porque não há verdadeiros mecanismos de fiscalização e penalização - criaram mercados para comercializar carbono e outro tipo de inovações que ninguém entende, mas o saneamento básico continua por fazer, o tratamento e reciclagem dos resíduos é uma miragem e as reservas de água seguem maltratadas um pouco por todo o mundo.
Em suma, andamos literalmente a “cuspir na sopa”.