quinta-feira, 1 de março de 2012

E A CULPA É DO GALLO!?


Uma das mais recentes campanhas publicitárias do Azeite Gallo, no Brasil, está a ser alvo de queixas por alegado racismo. A marca decidiu salientar a importância do vidro escuro para preservação de determinadas qualidades e características do produto. Simples. Na base da reclamação, pasme-se, está o slogan “Nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança”. Como dizem por estas bandas: “me poupe”.

É um absurdo ver numa mera campanha publicitária que, por ser isso mesmo, recorre a efeitos linguísticos e de imagem especiais, um atentado racista. Neste caso a situação torna-se ainda mais ridícula quanto é sabida e reconhecida a associação no Brasil entre ricos e segurança e que a maior parte destes se veste de preto ou são mesmo de raça negra. Estavámos então perante estereótipos, apenas.

Acresce, que, no Brasil, o tema do racismo é ainda hoje uma questão mal resolvida e que muitas vezes serve (vezes demais, diria) para fazer ajustes com a história. Se a marca de azeite Gallo não fosse portuguesa teria havido semelhante reação? Fica a pergunta...

Por outro lado, o tema racismo responde e alimenta diversos interesses por estas bandas. Desde Organizações Não Governamentais que vivem por conta do erário público para tratar do tema até partidos políticos que fazem dessa bandeira um fantasma com intuito eleitoralista, vê-se de tudo.

O racismo existe. Seria impossível não existir numa sociedade onde a miscigenação cultural é tão evidente e, sobretudo, onde as desigualdades sociais são ainda tão gritantes. Porém estes problemas resolvem-se de outra forma que não acusando uma campanha publicitária inofensiva de um azeite português.

Finalmente, um dado relevante do Censos 2010: há mais pessoas declarando-se pretas e pardas. Este grupo subiu para 43,1% e 7,6%, respetivamente, na década de 2000, enquanto, no censo anterior, era 38,4% e 6,2% do total da população brasileira. Já a população branca representava, em 2010, 47,7% do total; a população amarela (oriental) 1,1% e, a indígena, 0,4%.

Arriscaria, assim, dizer que, hoje em dia, quando quase metade da população é negra ou parda o racismo é um fenómeno muito mais económico que cultural. E a culpa é do Gallo!?.. 

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