quinta-feira, 3 de novembro de 2011

OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS!


Faz parte da nossa memória o filme que deu título a este artigo, parodiando o impacto de uma garrafa de coca-cola – como se de uma oferta dos deuses se tratasse - junto de uma tribo, depois de lançada de um avião.

Pois bem, observando estes últimos dias na Grécia, com certeza, os deuses devem estar boquiabertos com as reações e inconstâncias dos que hoje governam aquele território. De repente, os gregos acordaram e acharam-se no direito de questionar “latu senso” o euro e a sua permanência na moeda única. Ora, se é inquestionável a legitimidade política do ato, o que dizer da oportunidade e da pertinência do comportamento?

Depois de decidir energicamente que haveria um referendo ao pacote de medidas da UE, o governo grego viu-se na contingência de recuar em absoluto perdendo a face e submentendo-se à (irritante) chantagem Merkel/Sarkozy. Se Atenas pensava tratar da politicazinha interna fazendo braço de ferro com Bruxelas, Berlim e Paris este não era decididamente o tempo. Mais, mesmo que – por absurdo – o referendo se fizesse e os bravos gregos votassem contra o pacote europeu, qual seria a alternativa? Continuariam como hoje – falidos – e, pior, “sem mais vidas para jogar”!

Se não acreditasse no projeto europeu - como denominador comum político, cultural e económico – diria agora: os gregos que se f....., fiquem lá no seu cantinho. Porém, a Europa existe (pelo menos a política, que não a económica como está visto) e só a respetiva sobrevivência como um todo permite a saída para a crise. A Grécia, gostemos ou não, faz parte dessa europa e por isso deve ser composto da solução. Qualquer outro pensamento levará Portugal para a mesma situação da Grécia, que apesar de tudo são distintas.

Fazendo a ponte com o atual momento de debate orçamental em Portugal, advogar que o PS (maior partido da oposição e responsável pelos últimos anos de governo) deve votar contra “tout court” é ver a árvore e esquecer a floresta. Tem de existir mais vida para além deste orçamento e a solução passará por acordos de governo e de regime. Nunca o PS pode ser a parte que os exclui, mas antes a que os provoca de forma séria e responsável. De outro modo, é como na Grécia, o país não se salva e afundamo-nos todos...socialistas incluídos.

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